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18/10/2017

Oficinas temáticas debatem as demandas das mulheres negras

Luiza Gomes (Cooperação Social Fiocruz) e Kath Lousada (Campus Fiocruz Mata Atlântica)


Promovido pela parceria entre a Agenda Jovem Fiocruz e o Hub das Pretas, o primeiro encontro temático Saúde, racismo e gênero: Mulheres jovens presentes! ampliou o debate acerca de temáticas apontadas como essenciais de atenção e solução frente às demandas da jovem mulher negra. Quatro oficinas em formato de roda de conversa ocorreram na Tenda da Ciência, no campus Fiocruz Manguinhos, no último dia 6: Violência, Gênero e Raça; Comunicação e Informação em Saúde; Saúde Sexual e Reprodutiva; SUS, Vigilância Popular e Participação em Saúde.

A inclusão do público jovem na formulação de campanhas e políticas públicas foi pauta das rodas de conversa (Foto: Peter Ilicciev - CCS/Fiocruz)

 

Em consonância a uma postura institucional que visa ao diálogo, as rodas de conversa problematizaram os assuntos em questão e apresentaram proposições de resolutividade. No encontro sobre Violência, Gênero e Raça, a mediação foi feita por Helen N'zinga. Junto às jovens, participaram Marcos Nascimento do Programa de Pós-graduação da Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), e Roseli Rocha, assistente social do mesmo instituto.

O grupo que se reuniu para debater Comunicação e Informação em Saúde contou com a presença de Marcia Lisboa e Marina Maria, ambas do Laboratório de Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), com a facilitadora Raphaela Yves, assistente social e mediadora do projeto Hub das Pretas pela ONG Fase. “A nossa oficina foi proposta para a gente entender como a Fiocruz se comunica e a gente também demandou outras coisas. A gente acabou conduzindo a oficina e as três participantes que estavam lá tiveram uma resposta muito positiva, de escuta e de conduzir também o volume de coisas que a gente estava falando”, ponderou uma das participantes.

A atitude participativa e a inclusão do público jovem nos debates e formulações de campanhas e políticas públicas foram pontos de consenso em todas as rodas de conversa, assim como o “racismo institucional ser a espinha dorsal para as questões que envolvem a mulher negra nos sistemas de saúde”. Em SUS, Vigilância Popular e Participação em Saúde estiveram presentes Bianca Borges, do Laboratório de Informações e Registro em Saúde da Escola Politécnica Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Isabela Santos, pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e Marina Ribeiro, cientista social e coordenadora de projetos do Ibase e coordenadora do projeto Hub das Pretas.

Na quarta roda de conversa, a temática Saúde Sexual e Reprodutiva trouxe para pauta a formação dos profissionais, “para que eles entendam os jovens e suas particularidades, sem julgamentos”, questões sobre parto e a demanda por debates sobre o aborto com as mulheres negras das periferias. O grupo também se propôs a pensar no SUS como algo essencial. “Se já está ruim desta forma, imagina sem o SUS? As mídias conservadoras transmitem uma visão negativa do SUS, mostram somente filas lotadas. Com isso, querem indicar para o povo uma única solução que é o processo de sucateamento e privatização dos postos de saúde. Isto significa precarizar cada vez mais os nossos corpos e as nossas vidas”, argumentam as jovens junto a Silvana Granado, do Grupo de Pesquisa Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente do Departamento de Epidemiologia da Ensp/Fiocruz, Josias Freitas, do Laboratório de Pesquisa Clínica em HIV/AIDS do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz).

Para a mediadora deste grupo, Rachel Barros, socióloga e educadora popular da ONG Fase e coordenadora do projeto Hub das Pretas, “quando os segmentos da sociedade dialogam, vemos o quanto precisamos construir ações mais conjuntas para enfrentar desafios tão importantes e elementares como o acesso digno à saúde. Debater com as juventudes o racismo, o machismo e outras formas de violações que atingem as jovens negras foi um momento ímpar, mas que não deve encerrar em si mesmo”, declarou. E enfatizou que os debates e propostas trazidas pelo encontro “devem animar o setor saúde a ouvir mais as demandas das juventudes, e incentivar os jovens a exigirem o cumprimento dos seus direitos”.

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