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24/01/2008

Outros parasitos no alvo da proteômica

Catarina Chagas e Fernanda Marques


Outro protozoário alvo de estudo de proteômica na Fiocruz é o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. Por meio das novas tecnologias, a equipe do parasitologista Octavio Fernandes, coordenador do Laboratório de Epidemiologia Molecular de Doenças Infecciosas do IOC, busca biomarcadores para diferenciar os três tipos de T. cruzi. Os pesquisadores já têm pistas de que proteínas são expressas de forma similar ou distinta em cada um dos três grandes grupos do parasito. “O próximo passo é confirmar esses marcadores”, indica a bioquímica Cátia Lacerda Sodré, pesquisadora visitante do laboratório. “No futuro, eles podem servir não só para o desenvolvimento de novos kits de diagnóstico, como para marcadores evolutivos de doença e alvos para drogas com menos efeitos colaterais e capazes de tratar um número maior de pacientes”.


Também voltado ao estudo do T. cruzi, um projeto do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR), unidade da Fiocruz em Belo Horizonte, investiga o proteoma do parasito para descobrir alterações bioquímicas e mecanismos moleculares que o tornam resistente ao benzonidazol, medicamento utilizado no tratamento da infecção. A comparação de proteínas expressas por cepas de T. cruzi sensíveis ou não à droga poderá contribuir para o entendimento da resistência do protozoário a medicamentos e para o desenvolvimento de novos alvos terapêuticos contra a doença de Chagas.


Liderado pelos pesquisadores Álvaro José Romanha, diretor do CPqRR, e Guilherme Corrêa Oliveira, o grupo também usa a proteômica no estudo de mecanismos de resistência a drogas em outro parasito de grande interesse para saúde pública no Brasil: o Schistosoma mansoni, agente etiológico da esquistossomose. “Nesse caso, fazemos a análise proteômica de populações de S. mansoni tratadas in vitro e in vivo com praziquantel, a única droga utilizada no tratamento da doença causada por todas as espécies de Schistosoma”, relata a bioquímica Rosiane da Silva Pereira, pesquisadora visitante do Laboratório de Parasitologia Celular e Molecular. “Pouco se conhece sobre o modo de ação desta droga e existem relatos de resistência ao tratamento”.


Até doenças sexualmente transmissíveis têm sido estudadas sob o olhar da proteômica. Equipe do Laboratório de Biologia Molecular e Doenças Endêmicas do IOC, chefiado pela geneticista Constança Britto, estuda o protozoário Trichomonas vaginalis, agente etiológico da DST conhecida como tricomoníase urogenital humana. Em projeto coordenado pelo microbiologista José Batista de Jesus, o grupo descreveu pela primeira vez no mundo o mapa protéico do parasito.


Ao estudo, soma-se a comparação das proteínas produzidas por cepas de alta e baixa virulência, bem como o estudo do efeito do ferro, essencial ao T. vaginalis, sobre o proteoma do parasito. “Esse trabalho permitirá identificar proteínas do T. vaginalis envolvidas na sua patogenicidade e sobrevivência, facilitando a compreensão do efeito de drogas ou variações do ambiente sobre a regulação de proteínas do parasito”, aponta o pesquisador.

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