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18/04/2008

Países de língua portuguesa comprometidos com enfrentamento conjunto da Aids

Catarina Chagas e Fernanda Marques


Que a Rede de Cooperação em HIV/Aids da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) possibilite, de fato, intercâmbio de informações e experiências para o enfrentamento da epidemia: esta é uma das principais recomendações que compõem a Carta do Rio, documento que coroa o encerramento do 2º Congresso da CPLP sobre DST/Aids, no Rio de Janeiro. A carta destaca, ainda, a importância de ações conjuntas entre os países para o acesso universal a prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV/Aids e das co-infecções, além de mecanismos para fortalecer a educação sexual e reprodutiva, a pesquisa, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias e o combate ao preconceito. O encerramento do evento também foi marcado pelo lançamento da Rede da Sociedade Civil das Pessoas que Vivem, Convivem ou Trabalham com HIV/Aids (Rede+PLP), que reuniu ativistas dispostos a promover debates cada vez mais participativos e democráticos.


 A representante de Angola na CPLP, Jovelina Imperial (1ª à esquerda), lê a <EM>Carta do Rio</EM>

A representante de Angola na CPLP, Jovelina Imperial (1ª à esquerda), lê a Carta do Rio


A última mesa do Congresso, antes da cerimônia de encerramento, enfocou as oportunidades de cooperação técnica em ações de controle das DST/Aids no âmbito da CPLP. Participaram o presidente da Fiocruz, Paulo Marchiori Buss; o coordenador do Centro Internacional de Cooperação Técnica do PN-DST/Aids, Carlos Passarelli; o representante da Opas/OMS no Brasil, Diego Victoria; o diretor de pesquisa do Instituto da Saúde e da Pesquisa Médica da França (Inserm), Bernard Larouzé; e o secretário-executivo da CPLP, embaixador Luís de Matos Monteiro da Fonseca.


Presidente de honra do evento, Buss destacou que cada vez mais é notória a impossibilidade de se fazer pesquisa sozinho. O conhecimento é gerado de forma compartilhada e é imprescindível que a ciência se revitalize e incorpore ingredientes novos, como o conhecimento popular. Ele também ressaltou a necessidade de traduzir o conhecimento científico em práticas que melhorem os serviços de saúde. Nesta perspectiva, defendeu a cooperação técnica estendida a um maior número de países como reforço para o enfrentamento do HIV/Aids.


No entanto, segundo Passarelli, está ultrapassado o modelo de cooperação bilateral em que um país é doador e outro é receptor. Atualmente, a tendência é uma discussão multilateral onde todos, em algum momento, são doadores e receptores. "É preciso incentivar este trabalho em rede", afirmou. O coordenador também enfatizou que o desenvolvimento da ciência e a elaboração de políticas têm que ser realizados de forma mais próxima e sinérgica, de modo a viabilizar a aplicação do conhecimento. "Não basta apenas disponibilizar mais recursos para o combate ao HIV/Aids se houver lacunas para a execução destes recursos", disse Passarelli, explicando a importância de compartilhar responsabilidades e investir também em gestão.


De acordo com Victoria, o Brasil tem muito a contribuir no estabelecimento de parcerias com os países de língua portuguesa, sobretudo na consolidação de sistemas únicos de saúde e no fortalecimento da gestão democrática e participativa destes sistemas. Como prioridades de ação no âmbito da CPLP, apontou a implementação de estratégias de atenção primária, programa de saúde da família, formação de recursos humanos e desenvolvimento de sistemas de informação em saúde.


Larouzé lançou a proposta de uma cooperação técnica triangular entre França, Brasil e os países africanos de língua portuguesa. A cooperação teria como foco as oportunidades de treinamento e os temas incluiriam a interação do HIV com o organismo hospedeiro, a biologia estrutural e genética do vírus, os aspectos clínicos e fisiopatológicos, as hepatites B e C e as questões de saúde pública e das ciências humanas e sociais.


Já o embaixador Luís de Matos Monteiro da Fonseca ressaltou a importância da prevenção por meio da educação, dadas as conseqüências que a Aids pode trazer para os países em desenvolvimento. "A Aids não é um problema apenas da área da saúde, mas uma questão que afeta o próprio desenvolvimento das nações, já que afeta principalmente o segmento mais produtivo da população – a juventude", afirmou.


Outro aspecto enfatizado pelo embaixador foi a importância das iniciativas populares, como ONGs, no enfrentamento da epidemia da Aids. Nesse contexto, a mesa abriu espaço para a cerimônia de encerramento, na qual tiveram voz lideranças comunitárias de diferentes países que participaram do congresso.


Os representantes, que lançaram a Rede+PLP, militam sobretudo pelo acesso universal a prevenção, métodos diagnósticos e medicamentos, dando ênfase aos grupos mais vulneráveis, como mulheres e crianças. “Queremos aumentar a representatividade das pessoas vivendo com Aids no processo da organização e desenvolvimento do programas de ações no âmbito do HIV/Aids”, declararam em carta apresentada na noite desta quinta-feira (17/4). Também na cerimônia de encerramento foi anunciada a cidade onde será promovido o 3º Congresso da CPLP sobre DST/Aids: em 2010, a sede do evento será em Lisboa.


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