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07/07/2009

Parasito de tomate pode conferir proteção parcial contra doença de Chagas

Fernanda Marques


A família dos tripanossomatídeos engloba, entre outros, o gênero Trypanosoma, que contém a espécie T. cruzi, parasito causador da doença de Chagas, e o gênero Phytomonas, que contém a espécie P. serpens 15T, parasito isolado do tomate (fruto). Em experimentos com camundongos, pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, observaram que o P. serpens 15T pode conferir aos animais uma proteção, pelo menos parcial, contra a infecção pelo T. cruzi. Este é um dos cerca de 300 trabalhos que serão apresentados durante o Simpósio Internacional Comemorativo do Centenário da Descoberta da Doença de Chagas, que acontece de 8 a 10 de julho no Hotel Sofitel, em Copacabana, no Rio de Janeiro.


 A espécie <EM>P. serpens</EM> 15T foi isolada do tomate (fruto) 

 A espécie P. serpens 15T foi isolada do tomate (fruto) 





Em um primeiro estudo, camundongos foram imunizados, por via oral, com o parasito do tomate e, posteriormente, infectados com T. cruzi. Verificou-se, então, um aumento da sobrevida dos animais imunizados e infectados, quando comparados ao grupo infectado e não imunizado. Em outro estudo, os pesquisadores trabalharam com uma proteína específica do P. serpens 15T, denominada GAPDH, que participa de uma via de obtenção de energia muito importante para o parasita do tomate. Desta vez, os camundongos foram imunizados com injeções da GAPDH e, depois, infectados com o T. cruzi. Os resultados, ainda preliminares, indicaram que os animais imunizados com a proteína do parasito do tomate ficavam parcialmente protegidos contra o T. cruzi, isto é, apresentavam uma menor parasitemia (ou um menor nível de T. cruzi no sangue), em comparação aos camundongos não imunizados.



No momento, os pesquisadores da UEL estão investigando melhor a GAPDH e outras duas proteínas do P. serpens 15T: eles querem caracterizar os genes que codificam essas proteínas, bem como sua expressão, com o objetivo de entender melhor a biologia desse parasito do tomate e avaliar seu papel na resposta antigênica cruzada com o T. cruzi. “O desenvolvimento de estratégias alternativas para tratamento ou imunização contra a infecção por T. cruzi sempre foi e continua sendo o nosso objetivo. Já imaginou você comer um tomate infectado com Phytomonas e ficar imunizado contra a doença de Chagas?”, propõe a pesquisadora Sueli Ogatta, uma das autoras do trabalho. Contudo, ela destaca que os resultados ainda são iniciais e que, até o desenvolvimento de tal vacina contra a doença de Chagas, ainda falta um longo e demorado caminho a se percorrer.


Publicado em 07/07/2009.

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