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17/03/2008

Parceria promove ensino, pesquisa e colaboração técnica na Etiópia


Uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, por meio do Laboratório de Avaliação de Situações Endêmicas Regionais (Laser), e a Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, tem resultado em ações concretas nas áreas de ensino, pesquisa e colaboração técnica na Etiópia. A cooperação também envolve a Universidade de Jimma, na Etiópia, e inclui a implementação na África de um programa de mestrado, um curso a distância e um instituto internacional em monitoramento e avaliação, além de fomentar a transferência de tecnologia entre os três parceiros envolvidos.


 Profissionais que participam das ações na Etiópia

Profissionais que participam das ações na Etiópia


Essa cooperação internacional é fruto de um memorando de entendimento assinado pelo presidente da Fiocruz, Paulo Buss, e pelo decano da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Tulane. De acordo com Elizabeth Moreira, coordenadora do Laser e designada pelo presidente da Fiocruz para encabeçar a parceria, trata-se de uma cooperação ampla que acomoda vários interesses das instituições envolvidas.


“Essa cooperação tem sido muito bem sucedida. Ela vem acompanhada de uma importância estratégica muito grande porque a Etiópia é a sede da União Africana e, assim, as questões podem ser ampliadas e discutidas em todo âmbito africano. Outro ponto é que eles têm um interesse enorme de cooperação com o Brasil, pois nos identificam como país modelo na área da saúde. Além do desejo de adquirirem conhecimento e experiência com o nosso sistema de saúde, querem investir na formação de recursos humanos”, diz Elizabeth. A Etiópia é, no mundo, o país com a menor proporção de médicos em relação ao número de habitantes. Dos 180 médicos formados em 2006 na Etiópia, apenas 15 permaneceram no país. “É de interesse para o governo etíope desenvolver colaboração com a Ensp no sentido de pensar e formar um profissional de saúde pública com conhecimentos e habilidades médicas para resolver os problemas básicos de emergência e assistência à gravidez no país”, afirma a coordenadora.


O memorando de entendimento com a Universidade de Tulane é de cinco anos e tem vigência até 2009. As atividades de ensino e cooperação técnica que fazem parte do acordo compreendem a participação dos pesquisadores do Laser não só na docência, mas também na elaboração e implementação do primeiro mestrado em monitoramento e avaliação na Etiópia. O curso é uma adaptação do mestrado desenvolvido pela Ensp, hoje em processo de seleção da terceira turma e financiado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O material escrito já foi traduzido para o inglês e os exercícios estão em fase de adaptação, pois algumas questões culturais devem ser consideradas e o perfil de saúde africano é diferente do encontrado no Brasil. “Temos que fazer essas adaptações para que se problematize e se reflita a partir da prática no contexto específico africano”, explica Elizabeth.


Projeto prevê trajetória educacional em monitoramento e avaliação


Outra atividade na área de ensino foi a capacitação de 15 professores da Universidade de Jimma com objetivo de subsidiar possíveis orientadores para os alunos do novo mestrado. Além disso, houve treinamento para 25 coordenadores regionais de Oromia, a maior regional de saúde do país, e realização de duas oficinas com os cerca de 30 alunos do mestrado, visando potencializar a análise de dados das dissertações que estão em fase de finalização.


Agora, as partes estão trabalhando com foco em um programa para capacitação em monitoramento e avaliação a distância, em português, inglês e francês, voltado aos países africanos. “Não é um curso, é um programa. O objetivo é criar uma trajetória educacional em monitoramento e avaliação. Nossa carta de intenção foi aceita e passamos para a segunda fase do processo de seleção. Essa será uma experiência muito interessante porque teremos a oportunidade de cobrir a África inteira e viabilizar a formação em monitoramento e avaliação em menor tempo”, diz Elizabeth. Foi criada na Etiópia uma série de institutos internacionais de avaliação. De caráter modulado, eles permitirão a formação gradativa de quadros para nível central. A realização dos institutos envolve uma parceria mais ampla que inclui pesquisadores das universidades de Montreal e Harvard e diretores de monitoramento e avaliação de várias instituições internacionais, como Banco Mundial, Fundo Global, Organização Mundial da Saúde e Centros para Controle de Doença dos Estados Unidos.


Elizabeth revela, ainda, que há um estudo sobre avaliação dos sistemas de referenciamento do Programa Nacional de DST/Aids da Etiópia. “Queremos compreender quais são as redes de trabalho que viabilizam o sistema de referenciamento, pois o sistema formal é frágil. Por exemplo: toda a parte de transporte fica por conta do paciente. Dessa forma, vamos avaliar esse sistema abordando, inclusive, as redes de apoio comunitário, já que o governo tem interesse em ampliá-la em vez de criar algo paralelo”.

 

Fonte: Informe Ensp

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