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14/01/2016

Perguntas e respostas: o zika e a síndrome de Guillain-Barré

Agência Fiocruz de Notícias (AFN)


O vírus zika também pode causar a síndrome de Guillain-Barré?

Sim. A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) pode ser consequência de várias causas (infecções virais diversas, infecções bacterianas, vacinações, cirurgias, anestesias, traumas, etc.). Aproximadamente 2/3 dos pacientes descrevem alguma infecção prévia (respiratória ou gastrointestinal) que antecede o início do quadro neurológico. Esta Síndrome não é uma enfermidade nova, sendo conhecida pela medicina desde 1916, quando foi descrita por Guillain, Barré e Strohl em dois soldados franceses na 1ª Guerra Mundial.

O que é a síndrome de Guillain-Barré?

A SGB é uma condição neurológica de natureza autoimune na qual o nosso organismo produz, de forma anormal, anticorpos que atacam o envoltório natural dos nervos periféricos (a chamada bainha de mielina). Isso faz com que o impulso nervoso seja transmitido de forma extremamente lenta através destes nervos. Essa lentificação na condução dos impulsos nervosos é a causa dos sintomas apresentados pelos pacientes. Acredita-se que algum fator prévio, seja traumático ou infeccioso, produza uma desregulação imunológica que faz com que o organismo monte uma reação cruzada entre partes do agente causador inicial (bactérias, vírus, etc.) e o sistema nervoso. O sistema imune passa então a atacar os nervos como se estivesse atacando o agente que iniciou a reação imunológica.

Quais são os sintomas da síndrome de Guillain-Barré?

A SGB pode acometer qualquer faixa etária e sua incidência é de 1 a 2 casos para cada 100 mil habitantes por ano. A doença tem início agudo (em horas ou dias) e se caracteriza por uma fraqueza muscular ascendente (começando nas pernas e subindo para os braços). Esta fraqueza é variável, podendo se caracterizar por uma leve incapacidade de movimentação ou até a completa e total paralisia dos membros, da face, da musculatura da deglutição, da fonação e dos músculos respiratórios. Em 10 a 30% dos casos haverá paralisia respiratória fazendo com que o paciente necessite de ventilação artificial.

Embora o quadro motor (de fraqueza muscular) predomine, são frequentes as dormências e formigamentos nas mãos e nos pés. Na fase aguda os pacientes podem também se queixar de dores nas costas e nos membros. Em 70% dos indivíduos pode haver alterações na pressão arterial e no ritmo cardíaco o que pode, se não tratadas, levar à morte súbita. A SGB, portanto, pode ser considerada uma emergência neurológica que exige internação hospitalar e tratamento em unidade de terapia intensiva uma vez confirmada. A doença evolui com piora progressiva em 2 a 4 semanas, passando então a um período variável de estabilização e de melhora progressiva ao longo de meses. 

Quanto tempo após a infecção pelo vírus zika, ou por qualquer outro vírus, podem aparecer os primeiros sintomas da síndrome de Guillain-Barré?

Em geral, a doença se manifesta de 2 a 4 semanas depois, mas em certos casos chegou a aparecer em até 12 semanas.

Crianças e adultos apresentam os mesmos sintomas durante a síndrome de Guillain-Barré?

Sim, mas as crianças evoluem melhor que os adultos. A doença tem curso mais benigno e a recuperação é mais rápida.

Qual é o tratamento?

O tratamento na fase aguda é baseado na infusão de altas doses de gamaglobulina endovenosa ou através de um método de filtração do sangue chamado plasmaferese. Na fase de recuperação a fisioterapia é fundamental.

Quanto tempo podem durar os sintomas?

Os pacientes podem piorar continuamente por períodos que variam de 2 a 4 semanas e depois o quadro torna-se estável.

A pessoa que apresentar a Síndrome de Guillain-Barré pode ter sequelas permanentes?

Sim, em 15% dos casos há alguma sequela persistente.

A síndrome de Guillain-Barré pode ser transmitida?

Não. A SGB não é uma doença transmissível ou contagiosa de pessoa a pessoa, mas sim uma manifestação autoimune.

Alguma faixa etária estaria mais suscetível a desenvolver essa síndrome?

Os adultos em geral.

A síndrome de Guillain-Barré aparentemente associada ao vírus zika tem se apresentado da mesma maneira que quando associada a outros vírus?

Até onde se sabe tem o mesmo perfil geral dos outros casos de SGB, no entanto mais estudos são necessários. Estamos numa fase muito inicial de pesquisas e avaliações.

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