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13/01/2016

Zika e microcefalia: notas oficiais para esclarecimento da população

Agência Fiocruz de Notícias (AFN)


Informações de todos os tipos tem circulado na Internet sobre os casos de zika e microcefalia. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde (MS) publicaram algumas notas para esclarecer a população sobre mitos que estavam sendo indevidamente compartilhados. Confira um resumo dessas notas e o que é realmente verdade: 

Crianças menores de 7 anos, idosos e vetores

MITO: Áudios circularam em grupos de Whatsapp mencionando a possibilidade e a existência de crianças menores de 7 anos e idosos com sintomas neurológicos decorrentes do vírus zika. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) esclareceu, em nota oficial (8/12), que essas informações não têm fundamentação científica. Até o momento, não há qualquer registro de crianças ou idosos apresentando sintomatologias neurológicas relacionadas ao vírus zika. É importante também esclarecer que, assim como outros vírus, a exemplo de varicela, enterovírus e herpes, o zika poderia causar, em pequeno percentual, complicações clínicas e neurológicas em adultos e crianças, sem distinção de idade. Quanto ao vetor, atualmente, não existem estudos científicos que apontem para o envolvimento de outras espécies de mosquitos além do Aedes aegypti na transmissão da doença no Brasil. Confira a nota na íntegra

Amamentação e transmissão sexual

MITO E VERDADE: Na página oficial do Facebook, frente a informações confusas que circularam nas redes sociais sobre a amamentação e o zika, a Fiocruz esclareceu (que, embora já se tenha identificado o vírus no leite materno, não houve, até o momento, nenhum relato de caso em que tenha havido a transmissão do vírus zika para o bebê pelo leite materno. A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, coordenada pela Fiocruz, afirma que, por conta de todos os benefícios que o leite materno traz ao recém-nascido, incluindo o aumento da imunidade, a amamentação deve ser encorajada e incentivada mesmo em áreas endêmicas para o vírus zika. Com relação à possiblidade de transmissão pelo sêmen, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (em inglês, Centers for Disease Control and Prevention - CDC), há apenas um caso relatado na literatura científica de transmissão do vírus zika por relação sexual. O uso do preservativo é recomendado para prevenção de todas as doenças sexualmente transmissíveis.

Fiocruz Pernambuco, síndrome de Guillain-Barré e zika 

MITO: O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz Pernambuco), unidade da Fundação no estado de Pernambuco, notificou (26/11), por meio de uma nota oficial, qual era sua real contribuição nas pesquisas que envolvem o vírus zika e sua relação com o síndrome de Guillain-Barré, devido a informações equivocadas veiculadas pela imprensa a respeito do tema. A unidade da Fundação, em 2014, não desenvolveu qualquer estudo e não realizou testes para identificação do vírus zika. No entanto, dentro de um projeto de pesquisa voltado para o estudo da dengue, os pesquisadores identificaram, por diagnóstico molecular, dez amostras positivas com material genético do vírus zika, em um universo de 224 casos suspeitos de dengue investigados laboratorialmente. A Fiocruz Pernambuco ressaltou que a identificação do tipo de comprometimento neurológico, seja Síndrome de Gulliian-Barré ou qualquer outra, não foi feita pelos pesquisadores da Fundação e sim por médicos neurologistas da rede assistencial de saúde. Leia a nota completa

Ministério da Saúde esclarece boatos em perguntas e respostas:

Os casos de microcefalia estão relacionados ao uso de vacinas vencidas?

MITO: O aumento de casos de microcefalia no país está associado ao vírus zika, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Não há registro na literatura médica nacional e internacional sobre  a associação do uso de vacinas com a microcefalia. Todas as vacinas ofertadas pelo Programa Nacional de Imuização (PNI) são seguras. O PNI é responsável pelo repasse, aos estados, dos imunobiológicos que fazem parte dos calendários de vacinação. Uma das ferramentas essenciais para o sucesso dos programas de imunização é a avaliação da qualidade dos imunobiológicos. O controle de qualidade das vacinas é realizado pelo laboratório produtor obedecendo a critérios padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Após aprovação em testes de controle do laboratório produtor, cada lote de vacina é submetido à análise no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) do Ministério da Saúde. Desde 1983, os lotes por amostragem de imunobiológicos adquiridos pelos programas oficiais de imunização vêm sendo analisados, garantindo sua segurança, potência e estabilidade, antes de serem utilizados na população. Leia mais aqui. Sobre o boato relacionado a vacina contra rubéola, saiba mais aqui.

Confira vídeo do diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, sobre o uso de vacinas na gestação: 

O aumento do número de casos de microcefalia está relacionado ao uso de mosquitos com bactéria?

MITO: Não é verdadeira a informação de relação entre a incidência do vírus zika com os mosquitos portadores da bactéria Wolbachia. Desde 2014, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolve o projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil que propõe o uso de uma bactéria naturalmente encontrada no meio ambiente, inclusive no pernilongo, chamada Wolbachia. Quando presente no Aedes Aegypti, a bactéria é capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito. A iniciativa, sem fins lucrativos, é uma abordagem inovadora para reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito de forma natural e autossustentável. A pesquisa é inédita no Brasil e na América Latina. O estudo já foi realizado, com sucesso, na Austrália, Vietnã e Indonésia – onde não existem relatos de aumento dos casos de microcefalia.

O vírus zika também pode causar Guillain-Barré? 

VERDADE: A síndrome de Guillain-Barré é uma reação, muito rara, a agentes infecciosos, como vírus e bactérias, e tem como sintomas a fraqueza muscular e a paralisia dos músculos. Vários vírus, assim como o zika, podem provocar a síndrome de Guillain-barré, que é uma doença rara. Assim como todas as possíveis consequências do zika, a ocorrência da Guillain-Barré relacionada ao vírus continua sendo investigada. Os sintomas começam pelas pernas, podendo, em seguida, irradiar para o tronco, braços e face. A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando  leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia dos membros. O principal risco provocado por esta síndrome é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios, devido a dificuldade para respirar. Nesse último caso, a síndrome pode levar à morte, caso não sejam adotadas as medidas de suporte respiratório.

Confira vídeo do diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, sobre a síndrome Guillain-Barré: 

O Ministério da Saúde mudou o parâmetro para identificar a microcefalia para esconder o número de casos? 

MITO: Todos os casos de crianças com microcefalia relacionada ao vírus zika serão investigados. A mudança para o parâmetro do perímetro cefálico igual ou menor de 32 centímetros segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é apoiada pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e tem suporte da equipe do Sistema Nacional de Informação sobre Agentes Teratogênicos (SIAT). Cabe esclarecer que o Ministério da Saúde adotou a medida de 33 cm inicialmente, que é totalmente normal para crianças que nascem após 37 semanas gestacionais, com o objetivo de compreender melhor a situação do aumento de casos de microcefalia. A partir da primeira triagem desses casos suspeitos, muitos dos diagnósticos realizados precocemente e preventivamente já foram descartados. Portanto, a nova medida visa a evitar que bebês sem a malformação sejam submetidos a uma série de exames desnecessários.

Confira vídeo do diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, sobre a mudança no perímetro cefálico: 

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