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28/10/2009

Peru adere ao Programa Ibero-Americano de Banco de Leite Humano

Igor Cruz


Após a adesão da Colômbia ao Programa Ibero-Americano de Bancos de Leite Humano (Programa Iber-BLH) no ano passado, agora foi a vez de o governo peruano aderir ao acordo de cooperação, do qual já fazem parte Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Espanha e Colômbia. Inspirado no modelo da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (Rede BLH), o programa ibero-americano tem o objetivo de reduzir a mortalidade infantil e melhorar a qualidade da atenção neonatal e já atua em 22 países do continente e da Europa. A Rede Ibero-Americana e Brasileira de Banco de Leite Humano é uma iniciativa do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).


 

 A expectativa do programa é seguir os passos da rede brasileira que, no ano passado, atendeu a mais de 157 mil recém-nascidos prematuros e de baixo peso

A expectativa do programa é seguir os passos da rede brasileira que, no ano passado, atendeu a mais de 157 mil recém-nascidos prematuros e de baixo peso


A oportunidade para formalizar o acordo partiu de uma demanda peruana em reunião realizada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) sobre alimentação da criança no primeiro ano de vida. A adesão do Peru ao programa ocorrerá primeiramente no modelo de cooperação bilateral, em que o Brasil dará todo o suporte. Para o secretário-executivo do programa e coordenador da Rede BLH, João Aprígio Guerra, esta é a forma mais usada para atender a demanda de um país, sendo uma ação específica de curto prazo, com início, meio e fim.


O coordenador ainda explica que, além da perspectiva biomédica do modelo bilateral, o programa trabalha com uma perspectiva multilateral de cooperação, no qual os temas são tratados com um enfoque múltiplo, com o intuito de considerar o interesse comum de todos os países. “No modelo bilateral, um país atende a uma necessidade específica do outro, como por exemplo, a instalação de um banco de leite em um hospital. Já no multilateral, a perspectiva aborda toda a questão do conhecimento, da informação, da comunicação etc”, explica Guerra.


A expectativa do programa é seguir os passos da rede brasileira que, no ano passado, atendeu a mais de 157 mil recém-nascidos prematuros e de baixo peso. Para Guerra, talvez as 8 mil crianças beneficiadas na América Latina e no Caribe, no mesmo período, representem um avanço maior do que as atendidas no Brasil. “Apesar deste número reduzido, devemos considerar o tamanho do Brasil, o tamanho da população brasileira e, principalmente, o acesso ao sistema de saúde, que é melhor do que nos outros países”, pondera o coordenador. Ainda de acordo com ele, um dos objetivos do programa é criar um centro de referência em doação de leite humano em cada país, que assine o convênio de cooperação.


Segundo Guerra, o ponto-chave para o sucesso do programa é a militância dos profissionais. O governo espanhol, por exemplo, segue o modelo brasileiro de banco de leite humano e tem apresentado resultados excelentes, como a melhora no padrão de aleitamento materno nas crianças e a diminuição do tempo na UTI (unidade de terapia intensiva) neonatal. Além disso, a Espanha doou, recentemente, a quantia de 20 mil euros para o programa ibero-americano.


Nos acordos de cooperação de bancos de leite humano, o Brasil oferece transferência de tecnologia de baixo custo; assistência técnica nos projetos de instalação e formulação do banco; treinamento de recursos humanos; subsídios para criação de uma política pública nesta área; e a construção de um sistema de informação que garanta a definição de indicadores. “Temos a preocupação de dar total assistência não só no momento da instalação do banco, mas também nos próximos passos do projeto, como por exemplo, capacitação e atualização de pessoal".


Publicado em 28/10/2009.

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