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30/03/2015

Pesquisa aborda impacto familiar de mortes violentas de jovens

Informe Ensp


“A morte de um jovem por homicídio é sempre um evento trágico e doloroso para a família, independente da trajetória de vida do jovem, despertando sentimentos de raiva, angústia e, principalmente, de inconformismo diante de uma morte considerada prematura, violenta e ‘fora do lugar’. As ressonâncias da perda atingem a dinâmica familiar, impactando os seus membros no âmbito físico, emocional, financeiro e social. A justiça, enquanto mecanismo regulador da convivência coletiva, falha em sua função”. O diagnóstico, apresentado por Daniella Harth da Costa, aluna de mestrado da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), resume os principais aspectos abordados em seu estudo, que teve como objetivo analisar como familiares de jovens vítimas de homicídio no Brasil lidam com o ocorrido. O trabalho de Daniella é um subprojeto de uma pesquisa que tem sido desenvolvida por pesquisadores do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/Ensp), intitulada Mortes Violentas de Jovens: um olhar compreensivo para uma tragédia humana e social

O objetivo do Claves é produzir uma análise sócio-epidemiológica da mortalidade por homicídio no país de jovens de 15 a 29 anos e aprofundar o olhar sobre dez municípios brasileiros, considerando a magnitude e a compreensão do problema, e combinando metodologia quantitativa e qualitativa. Em cada região brasileira, foi escolhido um município com elevadas taxas de homicídios e um outro com baixas taxas no período entre 1990 e 2010. Das dez cidades selecionadas pela pesquisa do Claves, quatro compuseram o campo de estudo da dissertação de Daniella: duas da região Nordeste (uma cidade da região metropolitana de Salvador e outra do semiárido do Estado de Pernambuco), uma da região Sudeste (cidade da região metropolitana de São Paulo) e outra da região Sul (cidade do Oeste do Paraná). Foram consideradas somente as cidades com mais de 100 mil habitantes, sendo excluídas as capitais. 

A pesquisadora selecionou como fontes para sua dissertação cinco familiares de jovens vítimas de homicídio, representantes de quatro famílias: três mães, um irmão e uma ex-companheira. Conforme observa Daniella, a impunidade nos casos de homicídio se apresenta como um dos principais fatores de revitimização dessas famílias no contexto brasileiro. Para a pesquisadora, a perda de um ente querido por homicídio não é uma tarefa fácil, mas parece se tornar mais simples quando a família pode contar com uma rede social de apoio composta por amigos, parentes e outros atores ou serviços da comunidade. “As famílias usam o apego à espiritualidade como modo de apaziguar a dor e dar sentido à perda”, comentou.   
 
Daniella Harth da Costa é formada em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (2013) e atua como psicóloga na equipe de desinstitucionalização da Coordenação de Saúde Mental do município de São Gonçalo/RJ. Sua dissertação tem como título Um olhar sistêmico sobre famílias de jovens vítimas de homicídio e foi orientada pela pesquisadora Kathie Njaine, da Ensp/Fiocruz.

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