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14/08/2008

Pesquisa alerta: mesmo confiando no parceiro, use camisinha

Fernanda Marques


Ainda existe resistência para aceitar que, mesmo em relações estáveis, há o risco de contrair o HIV e, portanto, é necessário usar a camisinha sempre. Esta é uma das conclusões de um estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina e publicado recentemente na revista Cadernos de Saúde Pública, periódico da Fiocruz. A pesquisa consistiu em analisar dados relativos aos cerca de 23 mil usuários que, ao longo de um ano, procuraram os 14 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) em DST/Aids de Santa Catarina.


 Embora as campanhas promovidas em SC enfatizem o sexo seguro como proteção contra o HIV, muitas pessoas ainda se contaminam por confiar em parceiros de relações estáveis ou não

Embora as campanhas promovidas em SC enfatizem o sexo seguro como proteção contra o HIV, muitas pessoas ainda se contaminam por confiar em parceiros de relações estáveis ou não


“A proposta dos CTAs, implantados no Brasil a partir de 1988, é proporcionar ao usuário o aconselhamento, um campo de conhecimento estratégico de atenção à saúde e qualidade no diagnóstico”, explicam as autoras no artigo. “Não apenas é feito o diagnóstico, mas também mantém-se o anonimato e respeita-se a individualidade, possibilitando um levantamento epidemiológico e auxiliando na terapêutica, na prevenção das DST/Aids e na promoção da saúde”.


Em 2005, entre todos os indivíduos que procuraram os CTAs de Santa Catarina, independentemente do diagnóstico recebido ser positivo ou negativo, a maioria era mulher, casada ou amigada, tinha de 20 a 29 anos de idade, de 8 a 11 anos de escolaridade, estava em situação regular de emprego e havia procurado o serviço devido ao exame-pré-natal. Do total de indivíduos atendidos nos CTAs de Santa Catarina, 2% das mulheres e 5,6% dos homens foram diagnosticados como portadores do HIV. Estes percentuais são menores do que os verificados nos CTAs de Porto Alegre e do Rio de Janeiro, porém semelhantes aos encontrados nos CTAs de São Paulo.


Na pesquisa em Santa Catarina, “a exposição ao HIV mais relatada por ambos os sexos foi a relação sexual”, afirmam as pesquisadoras no artigo. No caso das mulheres, um maior risco de diagnóstico positivo para HIV foi observado entre mulheres sem nenhuma escolaridade, que usavam camisinha com parceiro fixo apenas eventualmente, que alegavam não usar o preservativo com parceiro fixo porque não tinham consciência ou porque o companheiro não aceitava usá-lo.


Em resumo, a pesquisa em Santa Catarina mostrou que o uso da camisinha com parceiro fixo estava aquém do esperado: a proporção de indivíduos que adotavam este comportamento preventivo não ultrapassava os 50% para ambos os sexos. “Embora as campanhas promovidas no estado enfatizem a prática do sexo seguro como fator de proteção contra o HIV, muitas pessoas ainda se contaminam por confiar em parceiros de relações estáveis ou não”, destacam as pesquisadoras no artigo. Segundo as autoras, além da importância de negociar com o parceiro a prática do sexo seguro, o fato de que a transmissão do HIV tem ocorrido, cada vez mais, entre indivíduos de menor escolaridade também precisa ser levado em conta na formulação de políticas preventivas de combate à Aids.

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