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11/09/2020

Pesquisa avalia resposta da saúde pública à Covid-19 em cinco países

Fiocruz Pernambuco


Um projeto internacional, integrado pela Fiocruz Pernambuco, está avaliando a resposta da saúde pública para Covid-19 no Brasil, Canadá, China, França e Mali. Os pesquisadores vão comparar os dados obtidos nos cinco países, para identificar os pontos fortes e fracos das medidas adotadas, incluindo os desafios enfrentados por profissionais e sistemas de saúde. O objetivo é reunir as lições aprendidas, com base em pesquisas interdisciplinares rigorosas, e disponibilizá-las para uso na tomada de decisões no campo da saúde.

Para alcançar essa meta, foi realizada uma ampla revisão documental e entrevista em profundidade, com gestores e profissionais do sistema público de saúde, em âmbito nacional e subnacional. Em Pernambuco, o foco da investigação se concentra no Hospital Oswaldo Cruz, porém serão ouvidos também gestores das secretarias municipais de Saúde de Jaboatão dos Guararapes e de Caruaru e da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES/PE). A equipe envolvida no projeto é formada por pesquisadoras da Fiocruz Pernambuco e da Universidade de Pernambuco (UPE), e estudantes vinculados à instituição: dois doutorandos (profissional e acadêmico), três mestrandos em Saúde Pública e duas residentes, do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva; além de uma pós-doc.

Desenvolvida em quatro eixos, a pesquisa vai observar inicialmente como o sistema de saúde de cada país se organizou diante da emergência. Pesquisadora da Fiocruz Pernambuco e coordenadora do estudo no Brasil, Sydia Oliveira explica que, a partir dessa observação e da análise comparativa dos dados, será possível desenvolver e compartilhar estratégias para melhor adaptar o desenho das intervenções em saúde a diferentes contextos e vulnerabilidades. Ela considera que são muitos os desafios para a implementação de medidas de controle rápido para a saúde pública. “No entanto, é absolutamente necessário que as intervenções sejam adaptadas aos contextos específicos das comunidades e de seus membros”, ressalta. 

A investigação busca saber também como os hospitais e profissionais enfrentaram a crise. Desde muito cedo, colocados no centro da resposta à Covid-19, os hospitais públicos em todo o mundo encararam fortes restrições financeiras, materiais e humanas. “É essencial compreender como esses níveis dos sistemas de saúde foram impactados e como encontrar recursos para lidar com a crise de saúde”, explica a coordenadora. “Nossos levantamentos permitirão fornecer análises sobre as estratégias de adaptação dos profissionais de saúde e a resiliência dos hospitais em cada sistema de saúde. Acima de tudo, queremos compartilhar lições operacionais úteis para os próprios profissionais de saúde”. 

Outra pergunta feita pela pesquisa é o que a ciência apresenta sobre resiliência do sistema, dos hospitais e profissionais. A busca é de fornecer caminhos de reflexão, com base no estado atual do conhecimento científico, a fim de permitir uma melhor compreensão de certas questões relacionadas com a pandemia Covid-19. Diante desta crise sem precedentes e da quantidade de informações disponíveis e publicadas diariamente sobre a Covid-19, os cientistas que integram esse grupo de pesquisa enfatizam a necessidade de mobilização para tornar o novo conhecimento científico produzido acessível ao maior número de pessoas possível. 

Por fim, no quarto eixo do estudo, serão analisadas quais lições podem ser tiradas desta experiência e como transferi-las. Atualmente, uma infinidade de projetos está em andamento para identificar as melhores formas de lidar com este novo "inimigo invisível". Além dessa profusão de projetos essenciais, há opiniões de especialistas misturadas a notícias falsas e desinformação, gerando um volume imenso de informações, às vezes contraditórias. “Nossos resultados ajudarão a determinar um método transparente e rigoroso para tirar lições de qualidade do projeto nos cinco países. As atividades de transferência permitirão não somente que os países se beneficiem das experiências uns dos outros, mas também se preparem para uma possível nova pandemia”, complementa Sydia. Nessa perspectiva, será realizado no próximo ano, em março ou abril, um workshop para o compartilhamento dos resultados da pesquisa e a formulação de políticas públicas, a partir das análises realizadas pelos diversos grupos de pesquisa envolvidos no projeto.

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