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10/04/2008

Pesquisa busca aprimorar diagnóstico de doença periodontal

Informe Ensp


Desenvolver um método clínico de diagnóstico da doença periodontal, definido como "escore clínico de infecção periodontal", a partir da caracterização microbiológica periodontal com sonda genômica de DNA, é o objetivo de uma pesquisa desenvolvida por Mario Vettore, cirurgião-dentista e pesquisador visitante da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. Com apoio do Programa de Incentivo à Pesquisa e Gestão (Inovar), o estudo vai analisar informações relativas a 200 pacientes em duas instituições universitárias. “As instituições foram selecionadas para a pesquisa em virtude de fazerem exames clínicos periodontais de uma maneira padronizada e por empregarem a mesma técnica microbiológica para detecção de espécies bacterianas orais”, afirma.


 A periondontite causa a reabsorção do osso que está ao redor das raízes 

A periondontite causa a reabsorção do osso que está ao redor das raízes 


O periodonto é o conjunto de tecidos – gengiva, osso alveolar e fibras que ligam a raiz ao osso – responsável pelo suporte e sustentação dos dentes. A doença periodontal ou periondontite é uma doença infecto-inflamatória que afeta os tecidos periodontais, causando a reabsorção do osso que está ao redor das raízes e resultando em mobilidade ou, em último caso, perda dos dentes. A doença periodontal, considerada um dos maiores problemas da odontologia em saúde pública, atinge uma grande parcela da população.


Nos consultórios dentários, os procedimentos de exame e diagnóstico da doença periodontal têm diferentes objetivos, como explica Vettore: “Eles são utilizados para avaliação de risco do paciente para início e progressão da doença. Além disso, servem para detectar a doença em seus estágios iniciais. Os exames periodontais também são usados para classificarmos as pessoas em grupos com patologias periodontais homogêneas”. Segundo o pesquisador, na prática clínica, o exame periodontal, que é baseado em diferentes parâmetros clínicos, visa estabelecer o diagnóstico do paciente, o planejamento do tratamento a ser executado e a terapia de suporte, que é o monitoramento do paciente após a terapia periodontal.


Falta de uma medida padrão prejudica a pesquisa e a prática clínica


De acordo com Vettore, a Academia Americana de Periodontia sugere que a periodontite crônica seja classificada como ‘leve a moderada’ ou ‘grave’, dependendo de algumas medidas clínicas. “O problema”, diz o pesquisador, “é que não há um consenso no meio acadêmico no que diz respeito ao número de dentes ou sítios acometidos para que o paciente seja diagnosticado com doença periodontal e, além disso, os critérios estabelecidos pela Academia Americana de Periodontia não consideram as características microbiológicas da infecção periodontal”.


Na área da pesquisa descritiva e analítica em periodontia, por sua vez, numerosos índices periodontais foram desenvolvidos. Todos eles, no entanto, apresentam limitações principalmente no que diz respeito à avaliação do estado periodontal. “Em pesquisas, apesar de a avaliação na maioria dos estudos ser feita pelo exame periodontal completo, que compreende o exame das medidas clínicas periodontais convencionais em seis sítios por dente em todos os elementos dentários presentes, não há um consenso na definição de caso de doença periodontal”, comenta o pesquisador, destacando: “Isso, além de potencializar a ocorrência de erros de classificação, não permite comparações adequadas entre diferentes estudos”.


Novo método se baseia na análise de bactérias orais


Para Vettore, o estabelecimento do estado periodontal baseado em parâmetros que não consideram a extensão da inflamação e infecção dos tecidos periodontais no momento do exame pode refletir apenas um histórico da doença ou até mesmo induzir a erros de diagnósticos. “Áreas resultantes de recessões gengivais por trauma de escovação poderiam ser diagnosticadas como doentes, apesar de não apresentarem infecção bacteriana”, exemplifica. Ele destaca que medidas clínicas confiáveis para determinar a doença periodontal devem estar associadas a patógenos periodontais específicos, não devendo estar relacionadas a espécies benéficas, normalmente encontradas em sítios inativos e com saúde periodontal.


O estudo identificará, em pacientes com e sem doença periodontal crônica, quais os parâmetros clínicos periodontais que se correlacionam com 39 diferentes espécies bacterianas orais agregadas em sete complexos, permitindo o desenvolvimento de um método clínico de diagnóstico da doença periodontal por indivíduo. “Numa última etapa, o objetivo é validar o novo método, utilizando o teste genético por sonda de DNA como padrão-ouro”, conclui o pesquisador.

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