Agência Fiocruz de Notícias

A transmissão da filariose no Alto da Bondade e Alto da Conquista, dois bairros de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, será acompanhada de perto por pesquisadores do Serviço de Referência Nacional em Filariose (SRNF) do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco. O estudo ocorrerá durante o tratamento em massa da população, que será realizado de abril de 2007 a 2009, pelo Programa Municipal de Controle e Eliminação da Filariose da Secretaria de Saúde de Olinda, com a qual o SRNF tem parceria. Um grande mutirão para identificar casos de filariose teve início na última segunda-feira (15/01), nas duas comunidades.

Dois grupos serão acompanhados. Um formado por adultos, chamado sentinela, no qual o diagnóstico da presença do verme causador da filariose (microfilária) no sangue já foi confirmado, e outro por crianças de 5 a 14 anos. O primeiro terá o nível de infecção do parasita no sangue avaliado a cada ano para ver se a microfilária está desaparecendo da circulação do indivíduo.

Com as crianças será feito um inquérito específico em seis escolas das duas comunidades com o objetivo de descobrir qual a prevalência da doença entre esse público. Durante o trabalho, que conta com a parceria da Secretaria de Educação do município, a equipe do SRNF também pretende validar as atuais técnicas utilizadas para o diagnóstico da filariose.

“As crianças são um termômetro indicativo da quebra de transmissão da doença em áreas endêmicas. Elas podem estar infectadas e, por apresentar baixa densidade de vermes no sangue, vão passar despercebidas pelas técnicas parasitológicas de diagnóstico da doença. Assim, precisamos validar as outras ferramentas”, comentou Abraham Rocha, chefe do SNRF. Ele informou que também é preciso descobrir se a dietilcarbamazina (DEC) é mais eficaz nas crianças que nos adultos.

Ao longo do tratamento, grupos de crianças positivas receberão sucessivas avaliações clínicas e laboratoriais e serão comparadas com um grupo negativo. O projeto já foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do CPqAM.

Para a pesquisa de busca de casos positivos da doença, 18 técnicos em enfermagem, participaram, de 10 a 12 deste mês, no CPqAM, de um curso de atualização em filariose bancroftiana, onde, além de aula teórica sobre a filariose, também estão se capacitando para realizar o exame da gota espessa (o popular fura-dedo). O trabalho conta com contam com a colaboração de vários profissionais do SRNF da Fiocruz do Recife e da Secretaria de Saúde de Olinda. O estudo tem como objetivo maior subsidiar o município para um enfrentamento mais adequado no combate a filariose, principalmente nas áreas consideradas endêmicas.

* Colaborou: Rita Vasconcelos