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06/01/2012

Pesquisa indica alta prevalência de excesso de peso em adultos de PE

Danielle Monteiro


A obesidade acomete uma parcela significativa da população mundial e tem crescido rápido e progressivamente nas últimas décadas. O excesso de peso predispõe o indivíduo a uma série de problemas de saúde, entre eles, as doenças cardio e cerebrovasculares, principais causas de morte de adultos no mundo. Diante desse cenário, pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Recife e do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira realizaram estudo que avalia a magnitude do excesso de peso e fatores associados na população adulta de Pernambuco. A pesquisa foi publicada na edição de dezembro dos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.


 Os dados também indicam aumento de sobrepeso conforme a progressão da idade no grupo feminino, principalmente após os 40 anos

Os dados também indicam aumento de sobrepeso conforme a progressão da idade no grupo feminino, principalmente após os 40 anos





Os resultados do estudo, realizado com 1.580 adultos de ambos os sexos na faixa etária de 25 a 59 anos, apontam prevalência de excedente de peso de 51,1%, sendo que o baixo peso foi constatado em menos de 3% da população. O excesso de peso foi determinado pelo índice de massa corporal igual ou superior a 25kg/m². Entre as mulheres, observou-se que quanto menor o grau de escolaridade (até quatro anos de estudo), maior o índice de excesso de peso. Os dados também indicam aumento de sobrepeso conforme a progressão da idade no grupo feminino, principalmente após os 40 anos. Os estudiosos atribuem a associação positiva entre idade e excesso de peso à taxa metabólica basal, que fisiologicamente acompanha o processo de envelhecimento, e à redução natural da prática de atividades físicas.


A idade da primeira gestação é outro fator também associado ao sobrepeso. Mulheres que tiveram filhos antes dos 18 anos apresentaram maior índice de excedente de peso em comparação com as que tiveram primeira gestação com idade superior. “Maior excesso de peso entre as mulheres com idade prematura ao primeiro parto poderia ser explicado pela ativação precoce dos hormônios relacionados ao ciclo reprodutivo, propiciando assim um aumento da concentração de gordura corporal”, alegam os estudiosos.


Com relação aos homens, o estudo aponta maior prevalência de excesso de peso em indivíduos residentes de áreas urbanas comparado aos que vivem em regiões rurais. Fatores alimentares e nível de atividade física explicam essa diferença, segundo os pesquisadores. “Considerando se tratar de área rural, pressupõe-se um maior gasto energético, representado pelo tipo de trabalho desenvolvido e pelos deslocamentos percorridos, além de um menor acesso a alimentos industrializados, que comumente têm elevada densidade calórica”, esclarecem. Ainda no grupo masculino, foi constatado que quanto maior a renda familiar per capita, maior a razão de prevalência de sobrepeso.


Os homens, ao contrário das mulheres, apresentam maior prevalência de excesso de peso na medida em que aumenta o grau de escolaridade. “A relação direta entre o excesso de peso e o nível de escolaridade entre as mulheres e a relação inversa entre os homens pode representar a tendência de maiores cuidados com o controle do peso corporal apenas nas mulheres, em função dos níveis crescentes de educação formal”, atentam os estudiosos.


O estudo também mostra maior prevalência de sobrepeso em homens e mulheres ex-fumantes em relação ao grupo de indivíduos fumantes e não fumantes, o que, de acordo com os pesquisadores, pode ser explicado pela ação da nicotina, que induz à supressão do apetite e aumenta a atividade adrenérgica, provocando, consequentemente, a redução do peso corporal. Segundo os estudiosos, a significativa prevalência de excesso de peso revelada pelo estudo, além de confirmar os níveis epidêmicos que o problema tem assumido em todo o mundo, inclusive em regiões menos desenvolvidas do país, indicam fatores de influência distintos associados ao sobrepeso. “A constatação de que vários fatores foram associados ao excesso de peso apontam para a necessidade de ações intersetoriais articuladas e estruturação de macropolíticas sociais para o controle da doença. Prioridades de intervenção devem ser dirigidas aos subgrupos onde os problemas nutricionais foram mais frequentes”, concluem.


Publicado em 5/1/2012.

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