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09/04/2008

Pesquisa no Recife avaliará eficácia de vacina contra a raiva

Rita Vasconcelos


Há quase uma década, Recife não notifica um caso de raiva humana. A melhora na cobertura vacinal de cães e gatos, que no final dos anos 80 passou a ser semestral, e a oferta gratuita de vacina anti-rábica pela rede pública de saúde às pessoas que sofrem ataque desses animais foram fatores decisivos para a obtenção desses resultados. Para avaliar como as pessoas vacinadas têm respondido à imunização, os pacientes que procuram as unidades de saúde do Recife estão sendo convidados a participar, por dois anos e meio, de um estudo que está sendo desenvolvido pela equipe de pesquisadores do Departamento de Virologia e Terapia Experimental (Lavite) da Fiocruz Pernambuco. A pesquisa também vai traçar o perfil epidemiológico (idade, sexo, local de residência etc) dos voluntários.


 Os pesquisadores esperam conseguir a adesão de 350 voluntários (Foto: Rita Vasconcelos) 

Os pesquisadores esperam conseguir a adesão de 350 voluntários (Foto: Rita Vasconcelos) 


O recrutamento está sendo feito na Policlínica Lessa de Andrade, no bairro da Madalena, na capital pernambucana. A Prefeitura do Recife cedeu um espaço, ao lado da sala de vacinação, onde os pesquisadores colhem as informações e as amostras de sangue dos voluntários. O objetivo é conseguir a adesão de 350 pessoas.


Para poder participar é necessário que o paciente atenda a alguns requisitos como ter recebido indicação médica para receber a vacina, idade entre 10 e 65 anos e residir em Recife, Olinda, Camaragibe ou Jaboatão dos Guararapes. Os casos que recebem indicação do soro anti-rábico não são aceitos. A cada seis meses serão colhidas amostras de sangue na residência ou local de trabalho. Após as coletas o material será enviado para o Lavite, onde será iniciada a parte laboratorial do estudo. Esta consiste na separação e congelamento das células de defesa do sangue dos pacientes, para posterior verificação de qual porção do vírus está respondendo com maior intensidade, reproduzindo, deste modo, in vitro, o que ocorreria no corpo do paciente. A coordenação científica do estudo é de Ernesto Marques, pesquisador do Lavite.


A vacina anti-rábica, desde a sua criação por Louis Pasteur em 1884, vem sendo aprimorada ao longo dos anos. A busca é por obter melhor eficácia, segurança e diminuir o número de doses aplicadas nos pacientes. No Brasil, até o final da década de 1980, uma pessoa com risco de contrair a raiva chegava a receber até 42 doses da vacina, que é injetável. Hoje, o máximo de doses aplicadas são cinco.


Atualmente, a vacina anti-rábica está na sua terceira geração, que surgiu em 1967, a partir do cultivo de diversos tipos células. No Brasil, esse tipo de vacina foi adotada pelo Programa Nacional de Controle da Raiva, do Ministério da Saúde, em 2002, sendo oferecida no Recife a partir de 2004. A recente adoção justifica a importância de se avaliar a resposta do sistema imunológico da população.

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