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30/07/2013

Pesquisa traça perfil epidemiológico de mortes provocadas por armas brancas


Uma pesquisa traçou, pela primeira vez, a tendência e o perfil epidemiológico das mortes provocadas por agressões feitas com armas consideradas brancas. Os resultados foram classificados segundo gênero, faixa etária e local de ocorrência, em Pernambuco. De acordo com o estudo, que teve como base dados de 2000 a 2010 disponíveis no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus) e referências demográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as armas brancas provocaram 11% do total de mortes por agressão no estado, ficando atrás das armas de fogo (81%). Todas as outras causas somadas representaram 8%.

No período da pesquisa, as armas brancas provocaram 11% do total de óbitos por agressões no estado.

 

Os resultados do trabalho apontam a necessidade de ações de combate a violência. A região de saúde da capital, que engloba os municípios da área metropolitana e o arquipélago de Fernando de Noronha, apresentou o menor coeficiente médio de mortalidade por arma branca do período, com 6,9 mortes de homens e 0,8 de mulheres por cem mil habitantes. Os maiores índices de agressões com arma branca foram registrados na região de Palmares (Zona da Mata Sul), atingindo 22,9 dos homens e 1,9 de mulheres por cem mil habitantes. O estudo foi desenvolvido por Renata Fernandez, aluna da residência multiprofissional em saúde coletiva da Fiocruz Pernambuco.

No período da pesquisa, as armas brancas provocaram 11% do total de óbitos por agressões no estado, ficando atrás apenas das armas de fogo (81%). Todas as outras causas somadas representaram 8% do total. “Os níveis dessa forma de violência tendem a crescer no estado. Podemos pensar que se nada for feito, podem chegar aos índices que têm hoje as armas de fogo”, alerta a autora. Sua ideia inicial foi disponibilizar material para outras pesquisas, devido à escassez de literatura sobre o assunto. O quadro revelado pelo estudo mostra a necessidade de ações intersetoriais para que seja realizado um efetivo combate dessa violência. “Deve-se enfatizar as ações com jovens do interior do estado, onde se tem o maior números de casos”, afirma Renata.

A região de saúde da capital, que engloba os municípios da região metropolitana e o arquipélago de Fernando de Noronha, apresentou o menor coeficiente médio de mortalidade por arma branca do período, com 6,9 óbitos do sexo masculino e 0,8 do feminino por cem mil habitantes. Enquanto isso, a região de Palmares (Zona da Mata Sul) foi a que obteve os maiores índices, tanto no masculino (22,9), como no feminino (1,9).

A região de Afogados da Ingazeira (Sertão do Pajeú) se destacou por ser a única onde a maior parte dos óbitos ocorreram em hospitais e não na via pública. “Isso suscita a discussão: a gente não sabe se é porque o serviço de urgência/emergência dessa região está melhor estruturado ou se há problema no registro da causa básica do óbito em via pública. Pode ser um problema de notificação”, diz a orientadora Giselle Campozana. “O fato chama a atenção para que se façam outros estudos nessa área e para a Secretaria de Saúde se debruçar sobre os dados a fim de tentar descobrir o porquê”. A qualidade dos registros do SIM/Datasus depende da forma como a declaração de óbito (DO) é preenchida pelo legista. Muitos dos casos são classificados como causa mal definida, prejudicando a análise. “É a crítica que a gente faz ao Sistema de Informações: as incompletudes das variáveis”, reclama Gisele, lembrando que geralmente a informação sobre escolaridade não é preenchida, o que inviabiliza uma avaliação do nível sócio econômico das vítimas.

A única região de saúde que apresentou uma queda significativa da mortalidade no sexo masculino foi Salgueiro (Sertão Central), com decréscimo de 0,64 óbitos ano a ano. Goiana (Zona da Mata Norte) apresentou tendência de aumento no masculino (0,59) e de redução no feminino (-0,17). A região que apresentou crescimento no feminino foi Arcoverde (Sertão do Moxotó) (0,098). “A pesquisa proporciona várias visões da questão da violência, o que permite aprofundar o tema a partir das discussões geradas e de novos estudos”, acredita Renata. Além de preparar a publicação de um artigo, a residente apresentará sua monografia à equipe de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Estado, visando colaborar com o planejamento de ações preventivas.

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