Início do conteúdo

04/06/2018

Pesquisadora da Fiocruz recebe Prêmio Christophe Mérieux 2018

Antonio Fuchs e Juana Portugal (INI/Fiocruz)


A pesquisadora chefe do Laboratório de Doenças Febris Agudas do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz), Patrícia Brasil, foi a vencedora do Prêmio Científico Christophe Mérieux 2018, oferecido pela Fondation Christophe et Rodolphe Mérieux e pelo Institut de France. A premiação reconhece a trajetória acadêmica da cientista e a relevância de seu projeto A história natural da infecção por zika durante a gestação. A solenidade de entrega do prêmio, outorgado exclusivamente a pesquisadores que atuam na área de doenças infecciosas em países em desenvolvimento, ocorreu no dia 30 de maio, sob a “Coupole do Palais de L’Institut de France”, em Paris, e contou com as presenças da presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade Lima, e da diretora do INI/Fiocruz, Valdiléa Veloso. É a primeira vez que um cientista brasileiro é escolhido para receber a honraria, desde 2007 quando a premiação científica anual foi instituída para apoiar a pesquisa de doenças infecciosas em países em desenvolvimento. Patrícia é também a segunda sul-americana e a quarta mulher a receber o prêmio.

"Foi uma honra estar presente na sessão solene de premiação da pesquisadora Patricia Brasil, a primeira pesquisadora brasileira a receber o Prêmio Científico Christophe Mérieux 2018 e quarta mulher a que este é concedido. O prêmio também é um grande reconhecimento do trabalho de pesquisa em zika que a Fiocruz está conduzindo, com coordenação de Patrícia, em ação conjugada com outras instituições", afirmou a presidente da Fiocruz, Nísia Lima Trindade. "A premiação de Patrícia também serve como incentivo a jovens pesquisadores e mulheres, assim como favorece a captação de recursos externos e a possibilidade de respostas a partir da pesquisa científica e clínica em ações para o [Sistema Único de Saúde] SUS e para o fortalecimento da vigilância em saúde". 

Para concorrer ao prêmio, os candidatos enviaram para a comissão julgadora um dossiê contendo seu currículo como pesquisador líder de grupo, a descrição de suas realizações anteriores, o projeto de pesquisa, os estudos em andamento, a lista das dez publicações científicas mais relevantes, razões que justificassem a candidatura, além de duas cartas de recomendação de instituições externas. Cada candidatura foi avaliada por um júri formado pelo secretário permanente da Academia Francesa de Ciências, especialistas membros da academia e de instituições externas. Conheça os pesquisadores premiados anteriormente clicando aqui.

Sobre a pesquisadora

Patrícia Brasil estudou Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro antes de fazer a residência médica em Doenças Infecciosas e Parasitárias no Hospital do Servidores do Estado do Rio de Janeiro e doutorado em Biologia Parasitária no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Em 1992 foi para Paris, através do Programa de Cooperação em Aids entre Brasil e França, para ser treinada no Diagnóstico de Doenças Oportunistas e Micológicas em HIV, e trabalhou durante um ano no Laboratório de Parasitologia et Micologia do Hospital Saint Louis. Em Paris seguiu também o curso de Patologia e Imunologia Parasitária, correspondente ao mestrado, na Université Paris VI.

De volta ao Rio de Janeiro, reiniciou a sua carreira como infectologista do Instituto Estadual de Infectologia de São Sebastião, Rio de Janeiro (1993-2004). Em 2006, ingressou na Fiocruz como pesquisadora em Saúde Pública no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), onde desenvolveu o Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas (DFA), e coordena uma equipe de especialistas, em projetos financiados por agências internacionais e brasileiras, com foco em Medicina Tropical, na Vigilância de Doenças Febris Agudas Emergentes e Re-emergentes e no desenvolvimento de protocolos clínicos e treinamento de profissionais da saúde.

Sua principal área de pesquisa nos últimos nove anos tem sido doenças febris agudas (DFA), com a maioria dos estudos centrados em dengue e malária até 2015, quando foi identificada uma epidemia de uma nova doença exantemática, posteriormente identificada como a infecção pelo vírus zika. Ao mesmo tempo, uma coorte prospectiva para a vigilância da dengue em pares de mães e bebês, estabelecida desde 2012 em Manguinhos, uma comunidade carente do Rio de Janeiro com cerca de 30 mil habitantes, teve o seu estudo adaptado para possibilitar também o rastreamento da infecção pelo vírus zika, devido à hipótese de associação entre o surto de zika e o surto de microcefalia no nordeste, no final de 2015. Esta coorte permitiu iniciar um estudo prospectivo de arboviroses, cuidadosamente conduzido nessa população, dando origem à principal linha de pesquisa à que se dedica na atualidade.

*Com informações da Fondation Mérieux

Voltar ao topo Voltar