21/06/2024
Júlio Pedrosa (Fiocruz Amazônia)
A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biologia da Interação Patógeno-Hospedeiro (PPGBIO-Interação), da Fiocruz Amazônia, Kemily Nunes da Silva Moya, ganhou o primeiro lugar do Prêmio de Fotografia – Ciência e Arte – edição 2023, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na categoria Imagens Produzidas por Instrumentos Especiais. A foto ganhadora, intitulada A complexa teia fúngica que assombra os ovos da dengue, foi realizada em um microscópio eletrônico de varredura do Centro Multiusuário para Análise de Fenômenos Biomédicos da Universidade do Estado do Amazonas. O equipamento é capaz de produzir imagens de alta resolução da superfície de uma amostra. A entrega do prêmio será feita durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontecerá de 7 a 13 de julho, em Belém (PA).
Reprodução da fotografia premiada.
Kemily foi contemplada com passagens e diárias, para a viagem, e R$ 15 mil como premiação. “Quando soube que tinha sido premiada, fiquei paralisada porque não estava acreditando que isso estava acontecendo. Após um tempo a ficha caiu e fiquei extremamente alegre, emocionada e um sentimento de gratidão com a minha pesquisa tomou conta de mim”, comemora Kemily, que integra, desde 2019, grupo de pesquisa responsável por desenvolver estudos sobre o controle biológico do vetor Aedes aegypti, utilizando diferentes fungos da região amazônica. O trabalho conta com a orientação da pesquisadora da Fiocruz Amazônia, Priscila Ferreira de Aquino, coordenadora do PPGBIO-Interação.
“Com os bons resultados obtidos, surgiu a necessidade de verificar o comportamento desses fungos através da Microscopia eletrônica de varredura e firmamos uma parceria com os tecnólogos do CMABio-UEA Jessica Araújo e Jander Matos, para obtenção das micrografias e o pós-processamento das imagens, respectivamente”, conta Kemily. A imagem, colorida artificialmente, mostra a complexa teia microscópica produzida por fungos em ovos do mosquito da dengue.
Priscila Aquino destaca a importância da parceria entre a Fiocruz Amazônia e o CMABio-UEA para a evolução das pesquisas e a obtenção do prêmio. “A imagem foi obtida em parceria junto ao CMABio da UEA, que vem contribuindo com os projetos que vêm sendo desenvolvido pelo grupo e usando a microscopia eletrônica, nos ajudando assim a entender um pouco mais sobre a atuação dos fungos sobre os ovos de Aedes”, afirma Aquino.
Feita pela pesquisadora Kemily Moya, a imagem, colorida artificialmente, mostra a complexa teia microscópica produzida por fungos em ovos do mosquito da dengue (foto: Fiocruz Amazônia)
Segundo ela, o CMABio vem auxiliando em outros trabalhos de alunos do Mestrado e Doutorado do PPGBIO-Interação que seguem a mesma temática de seu grupo de estudos. “Essa é uma parceria muito frutífera que já temos há cerca de quatro anos e que vem auxiliando bastante em nossos trabalhos com relação à parte de microscopia”, salienta. Para a pesquisadora, a premiação é uma conquista importante tanto pelo aspecto inovador da pesquisa da Kemily, que busca compreender a atividade ovicida contra o Aedes, propondo algumas descobertas através de proteínas, quanto pelo reconhecimento nacional. “O prêmio nos deixou muito felizes por ser uma forma de divulgação científica de um trabalho que vem sendo desenvolvido no Norte do País, e dentro do Programa PPGBIO-Interação, na Fiocruz Amazônia”, frisou.
Prêmio
Em sua 13ª edição, o Prêmio de Fotografia – Ciência e Arte do CNPq recebeu 432 inscrições e agraciou seis trabalhos em duas categorias – Imagens Produzidas por Câmeras Fotográficas e Imagens Produzidas por Instrumentos Especiais (como microscópios e telescópios). Os critérios de avaliação incluíram impacto visual, originalidade, técnica, relevância para a pesquisa e contribuição para a divulgação científica. Na categoria I, o primeiro prêmio foi para a imagem de formigas construindo um pequeno império na Amazônia. Lançado em 2011, o prêmio tem como principal finalidade incentivar a popularização e a divulgação científica no Brasil. Das 432 inscrições, 249 foram pré-selecionadas, sendo 172 na Categoria I (câmeras fotográficas) e 77 na Categoria II (instrumentos especiais).
A recomendação dos trabalhos foi realizada por uma Comissão Julgadora designada pela Diretoria de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação (DCOI) do CNPq e composta por representantes da comunidade científica e tecnológica, bolsistas Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq. As propostas selecionadas foram analisadas por essa comissão, considerando os critérios definidos no item 5.4. do Edital: a) impacto visual; b) originalidade; c) domínio da técnica e estética; d) relevância da imagem para a pesquisa; e e) contribuição para a popularização e divulgação científica e tecnológica.
A ação é realizada pela Coordenação de Execução e Difusão de Prêmios Nacionais e Internacionais em CT&I, vinculada à Coordenação-Geral de Promoção à Inovação e ao Transbordamento do Conhecimento em CT&I do CNPq. Na categoria II - Imagens Produzidas por Instrumentos Especiais, as imagens podem ser feitas por meio de equipamentos ópticos, eletrônicos e eletromagnéticos, tais como lupa, microscópio, microscópio eletrônico, telescópio, imagem de satélite, raios-x, ultrassom, ressonância magnética, endoscópio, colposcópio, PET Scan e tomografia computadorizada.
PPGBIO-Interação
O programa de Pós-Graduação em Biologia da Interação Patógeno-Hospedeiro (PPGBIO-Interação) tem como objetivo a formação de profissionais em nível de mestrado e doutorado na área de Ciências Biológicas III, visando contribuir com o incremento da produção científica regional, ampliar a investigação em subcampos de conhecimento na área de saúde e impactar na redução de agravos de importância sanitária que persistem na região amazônica.
O curso tem como missão formar e capacitar recursos humanos na pós-graduação para o Sistema de Ciência e Tecnologia que atuem no enfrentamento de doenças infecciosas e outros agravos de saúde de importância na Amazônia, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico regional; visando formar profissionais com capacidade de desenvolver pesquisas de alta qualidade acadêmica e científica, que atuem na investigação das interações biológicas, ecológicas e fisiopatológicas das endemias de alta relevância no cenário amazônico.
O Programa possui uma única área de concentração, Biologia da Interação Patógeno Hospedeiro, que englobam duas linhas de pesquisa: Eco-epidemiologia das Doenças Transmissíveis e Bioquímica, Biologia Celular e Molecular de Patógenos e seus Vetores.
Conheça os vencedores do Prêmio de Fotografia Ciência e Arte do CNPq:
Categoria I - Imagens Produzidas por Câmeras Fotográficas
Paulo Sergio Mendes Pacheco Junior: “O Início de um Império no Coração da Floresta Amazônica”;
Marcelo Rodrigues Vilarta: “Forrageamento em vida livre”;
Nilmar Lage: “Sim Sinhô, fotoetnografia da Comunidade Quilombola do Ausente”.
Categoria II - Imagens Produzidas por Instrumentos Especiais
Kemily Nunes da Silva Moya: “A complexa teia fúngica que assombra os ovos da dengue”;
Débora Ferreira Barreto Vieira: “Mpox vírus”;
Ana Lúcia Silva Gomes: “Entre escamas e mistérios: a saga do verme aquático”.