11/11/2013
As pesquisadoras do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) Viviane Veiga e Aline Alves ganharam o Prêmio Emerald 2013 de incentivo à pesquisa, que é realizado em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). As pesquisadoras apresentaram o projeto Novas Estratégias comunicativas como fator de qualidade na interação de surdos em ferramentas de recuperação da informação e receberam o Prêmio na categoria Ciência da Informação.
O Prêmio Emerald tem como o objetivo estimular o acesso e o uso do Portal de Periódicos, e promover a pesquisa nas áreas de Ciência da Informação e Administração e Gestão, e é fruto de parceria entre a Capes e a Emerald Group Publishing Limited. O Prêmio é direcionado a projetos que conciliem a disseminação do conhecimento com o desenvolvimento social aplicado à realidade brasileira e premia pesquisadores vinculados a instituições usuárias do Portal de Periódicos.
O projeto surgiu de pesquisas que Aline e Viviane já vêm desenvolvendo desde 2012. “Estamos trabalhando em um projeto sobre usabilidade e acessibilidade a surdos, e durante essa pesquisa, que foi parte da dissertação de mestrado da Aline, fizemos testes com pessoas portadoras de deficiência auditiva da Fiocruz e percebemos a dificuldade deles em trabalhar, obter e recuperar informações dentro de uma base de dados. Com isso, surgiu a ideia de criarmos essa proposta. Pesquisamos vários aplicativos e sistemas que pudessem auxiliar a pessoa surda a recuperar informações”, explica Viviane Veiga, que é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) e bibliotecária da Biblioteca de Saúde da Mulher e da Criança, da Fiocruz. Com o projeto, as pesquisadoras viram uma oportunidade de apresentar o trabalho que já estavam desenvolvendo para o Portal de Periódicos da Capes.
Uma das observações retiradas enquanto o projeto ia sendo desenvolvido foi que a pessoa portadora de deficiência auditiva, ao contrário do que se pensa, por não ouvir, tem dificuldades em ler o texto. “A pessoa surda tem dificuldade de leitura seja em português ou em qualquer outra língua”, explica Viviane. “No caso brasileiro, eles não compreendem o que estão lendo, porque aprenderam pela Língua Brasileira de Sinais – a Libras, que é uma comunicação por meio de gestos. Com isso, eles entram no sistema e não conseguem pesquisar quase nada”, observa a bibliotecária.
As pesquisadoras realizaram, então, um teste utilizando a intranet da Fiocruz, e constataram que as pessoas com surdez tiveram muita dificuldade para compreender o sistema, daí a proposta para trabalhar com a recuperação de informações dentro de uma base de dados. “Nossa ideia é criar diálogos dentro da base de dados, para que eles possam ter a interação. Na verdade, é uma tradução para um português simples, um tradução de Libras para um formato escrito para que eles possam compreender o que está sendo disponibilizado naquela base de dados”, afirma Viviane.
A bibliotecária espera que, superando a falta de recursos, o projeto seja colocado em prática em breve e, vê com otimismo a possibilidade de exportá-lo a outros países: “Nesta semana, Aline estará participando de um congresso na Espanha que discutirá a usabilidade e a acessibilidade, e levará um projeto nosso para apresentar lá”, afirma Viviane.
O congresso é o DSAI 2013 – Software Development and Technologies for Enhancing Accessibility and Fighting Info-exclusion, realizado em Vigo, na Espanha, de 13 a 15/11. Aline Alves apresentará o projeto Web Scripts and Mediation Dialogs as a Quality Factor in the Interaction of the Deaf, que também teve a participação de Simone Bacellar Leal Ferreira, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Ingrid Teixeira Monteiro e Alberto Barbosa Raposo, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e Denis Silva da Silveira, da Universidade Federal de Permanbuco (UFPE), e visa a ajudar pessoas surdas, independemente do país, a acessar informação de bases de dados em qualquer lugar do mundo.
Além das pesquisadoras do Icict, também receberá o Prêmio Emerald, Miriam Borchardt, professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), agraciada na categoria Administração e Gestão, com o projeto A servitização como gerador de vantagem competitiva para as empresas do Sul do Brasil. Manuela Eugênio Maia, professora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB); Kleber Figueiredo, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e, Beatriz Morgan, professora da Universidade de Brasília (UnB) receberão menções honrosas.
A entrega da premiação será na quarta-feira (13/11), em Brasília, na sede da Capes, e contará com a presença do presidente da Coordenação, Jorge Almeida Guimarães, representantes do Ministério da Educação e da Emerald, além de diretores de bibliotecas de instituições públicas e privadas do país.
