Agência Fiocruz de Notícias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu, por meio de um decreto, a Ordem Nacional do Mérito Científico a dois pesquisadores da Fiocruz: André Furtado, da Fiocruz Pernambuco, e Léa Camillo Coura, do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec). Furtado recebeu a honraria por suas contribuições prestadas à ciência e tecnologia brasileira na área das ciências biológicas e Léa por seus estudos em doenças parasitárias. Os dois integram o grupo de 69 personalidades admitidas à classe de comendador, junto com cientistas de outras instituições como USP, UFRJ e UFPE. O Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) também foi agraciado. A entrega das insígnias e dos diplomas referentes à admissão será feita em ato solene presidido pelo presidente da República ou pelo ministro da C&T, em data a ser definida.

André Furtado é especialista no controle de vetores de doenças (Aedes aegypti, Aedes albopictus, Culex quinquefasciatus e triatomíneos), atuando principalmente na área de filariose bancroftiana e dengue. Começou sua carreira como professor da UFPE, onde ministrou, até 1988, as disciplinas genética e evolução, entomologia e fisiologia de insetos no atual Departamento de Genética da instituição. Desde 1986 é pesquisador da Fiocruz Pernambuco, do qual foi diretor entre 1987 e 1993. Furtado tem doutorado em biologia da reprodução e em ciências, pós-doutorado em biologia molecular e já orientou mais de 100 estudantes em programas de iniciação científica e 16 trabalhos de conclusão de mestrado e doutorado. Entre as suas contribuições para a ciência está o estudo da fisiologia e controle hormonal da reprodução dos triatomíneos, vetores da doença de Chagas.

O pesquisador tem mais de 60 artigos publicados em revistas nacionais e internacionais. Já recebeu diversos prêmios desde a graduação. Os mais recentes foram a Medalha Marechal Trompowsky, concedida pelo Instituto do Magistério do Exército, e o Mérito Científico, oferecido pela Academia Pernambucana de Ciências, ambos em 2004. Em 2003, Furtado foi agraciado como o cientista internacional do ano pelo International Biographical Centre, de Cambridge, na Inglaterra. No ano anterior, havia sido homenageado pelo Espaço Ciência, quando nomeou a premiação concedida numa feira de ciências (Prêmio André Furtado).

Léa Coura, que é médica infectologista, voltada ao estudo das doenças parasitárias, recebeu no início deste ano o título de primeira patronesse da história do Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Nascida no Estado do Rio de Janeiro, ingressou para a Faculdade Nacional de Medicina, atual Faculdade de Medicina da UFRJ, em 1952, concluindo o curso em 1957 como a primeira colocada de sua turma.

A médica foi contemplada em 1963 com uma bolsa de estudos da Fundação da Casa Brasil na Grã-Bretanha, para fazer estudos em nível de mestrado na The London School of Hygiene and Tropical Medicine. Em 1971, fez concurso de livre-docência, obtendo o título com distinção em todas a provas recebendo os títulos de doutor e docente-livre em clínica de doenças infecciosas e parasitárias pela UFRJ.

Ela participou, a convite, de vários congressos nacionais e internacionais relacionados à medicina tropical, parasitologia e saúde pública. Foi convidada ainda pela OMS para participar de simpósio sobre parasitoses intestinais realizado em diversos países. Léa foi consultora ad hoc do Ministério da Saúde para assuntos relacionados a parasitoses intestinais. Foi indicada, pela Reitoria da UFRJ, em 1978, para o curso superior de guerra, da Escola Superior de Guerra, onde teve a oportunidade de aprofundar a análise dos principais problemas nacionais.

Na área do ensino, é professora-emérita da Faculdade de Medicina da UFRJ, no curso de pós-graduação em doenças infecciosas e parasitárias da UFRJ. Léa támbém é professora convidada do curso de pós-graduação em biologia parasitária da Fiocruz, professora responsável pelos cursos de pós-graduação em medicina tropical da Fiocruz e do curso de pós-graduação em pesquisa clínica em doenças infecciosas do Ipec.

Foi uma das criadoras do Programa de Orientação Psico-Pedagógica Profissional (Poppe) destinado a recepcionar os alunos ingressos na Faculdade de Medicina da UFRJ. O programa serviu de modelo para outras instituições. Foi a única mulher sócio-fundadora da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical em 1975.

Foi editora da revista da Sociedade, redatora da revista da Sociedade Brasileira de Microbiologia, editora-associada das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, entre outras revistas científicas. Ela foi a primeira mulher a ser membro-titular da Academia Nacional de Medicina, com posse em 1985, e também a primeira a ser indicada  membro honorário da Academia Brasileira de Medicina Militar.

Recebeu o Prêmio Gerhard Domagh, pelo melhor trabalho publicado na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, no ano de 1970. Lea também recebeu da Fiocruz a medalha Hortênsia Húrpia de Holanda pelos trabalhos em favor da educação. Em 2005 recebeu o título de pesquisador-emérito da CNPq, por sua dedicação ao estudo e pesquisa de doenças infecciosas e parasitárias.

A Ordem Nacional do Mérito Científico foi instituída em 1993 por decreto do presidente da República e destina-se a premiar personalidades nacionais e estrangeiras que se destacam na área científica e tecnológica. O presidente da República é o Grão-Mestre da Ordem e o ministro da C&T, o Chanceler. A Ordem tem um Conselho composto pelos ministros da C&T, das Relações Exteriores, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Educação. A Fiocruz recebeu a Medalha do Mérito Científico em 2006, por trabalhos de relevância no campo da C&T. O decreto que concedeu a honraria este ano pode ser conferido aqui.