27/11/2019
José Gadelha (Fiocruz Rondônia)
Em recente estudo, desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz Rondônia, em parceria com o Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), foi descoberta, em Rondônia, nova espécie de flebotomíneos, insetos popularmente conhecidos como “mosquito-palha” e de grande importância para a saúde pública. A nova espécie de mosquito-palha foi nomeada como Pintomyia fiocruzi, em homenagem à Fiocruz, que completará 120 anos de existência em 2020.
A descrição da nova espécie de flebotomíneos para Rondônia foi realizada com base nas características morfológicas das amostras de insetos coletados (Foto: Fiocruz Rondônia)
A nova descrição aumenta para 136 o número de espécies de flebotomíneos, já registradas no estado e demonstra a diversidade desses insetos na região, sendo importante referencial para novos estudos. Algumas espécies de flebotomíneos são vetores de protozoários que causam a leishmaniose, doença negligenciada que atinge cerca de mil casos anuais, em Rondônia, conforme dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/Ministério da Saúde).
O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Antônio Marques Pereira Junior, Jansen Fernandes de Medeiros e Genimar Rebouças Julião, do Laboratório de Entomologia da Fiocruz Rondônia. Da Fiocruz Amazônia, participaram os pesquisadores Felipe Arley Costa Pessoa e Eric Fabrício Marialva dos Santos, que integram o Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis da Amazônia. A descrição da nova espécie de flebotomíneos para Rondônia foi realizada com base nas características morfológicas das amostras de insetos coletados. Para isso, foram utilizados três indivíduos do sexo masculino, coletados em localidades diferentes, sendo um indivíduo coletado no Parque Estadual de Guajará-Mirim, entre os municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré, e outros dois na Floresta Nacional do Jamari, no município de Itapuã do Oeste.
Apesar de pertencer ao grupo de insetos que participam da transmissão da leishmaniose, não é possível afirmar que a nova espécie de mosquito-palha tem relação com a transmissão da doença, pois ainda serão necessários novos estudos, “a grande contribuição da descoberta está no fato de poder demonstrar, por meio de um trabalho minucioso, a diversidade de insetos existentes na Amazônia e, desta forma, podermos contribuir para o registro da nossa biodiversidade”, explica o pesquisador Antonio Marques Pereira Junior.
O artigo denominado Estudo de flebotomíneos (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) no Parque Estadual Guajará-Mirim, próximo à fronteira Brasil-Bolívia, com a descrição de Pintomyia fiocruzi, uma nova espécie de flebotomíneos foi publicado na revista periódica Zootaxa. O artigo é uma continuidade de outro trabalho desenvolvido pelo grupo de pesquisadores do Laboratório de Entomologia da Fiocruz Rondônia, que resultou no registro de quatro novas ocorrências de espécies de flebotomíneos no estado. O estudo pode ser acessado aqui.