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04/02/2013

Pesquisadores e caiçaras se unem para garantir saúde e sustentabilidade ambiental

Marina Lemle


Paraíso recôndito no litoral sul fluminense, a Praia do Sono, em Paraty, recebe no verão um número de turistas muito superior ao de seus moradores. Apesar de o turismo ser a principal atividade econômica da comunidade caiçara, não há infraestrutura de saneamento, captação de água e destinação de resíduos sólidos. Cerca de 20% do esgoto é lançado a céu aberto, em valas negras ou no rio. As condições precárias das fossas, a presença de resíduos sólidos no entorno das casas, o abastecimento de água por poço ou nascente e o elevado índice pluviométrico na região ampliam a exposição humana à contaminação. Devido aos efeitos climáticos, às pressões decorrentes da especulação fundiária e imobiliária e à falta de políticas públicas em educação, saneamento, saúde e soberania alimentar, a Praia do Sono é considerada um território de vulnerabilidade socioambiental.


 O projeto tem como objetivo implantar ações estruturais e estruturantes de saneamento ecológico, com a instalação e o monitoramento ambiental de protótipos de tratamento biológico e reuso de esgoto sanitário, constituído de módulos ecossanitários

O projeto tem como objetivo implantar ações estruturais e estruturantes de saneamento ecológico, com a instalação e o monitoramento ambiental de protótipos de tratamento biológico e reuso de esgoto sanitário, constituído de módulos ecossanitários





Para melhorar as condições de vida e saúde dos habitantes, empoderá-los e promover a sustentabilidade socioambiental, a Fiocruz, por meio de uma articulação entre a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) e o Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris), ambos da Fiocruz, desenvolvem o projeto Territórios Sustentáveis e Saudáveis: Implantação de Sistema de Tratamento de Esgoto na Comunidade Caiçara da Praia do Sono. O projeto tem como objetivo implantar ações estruturais e estruturantes de saneamento ecológico, com a instalação e o monitoramento ambiental de protótipos de tratamento biológico e reuso de esgoto sanitário, constituído de módulos ecossanitários - tanques sépticos, filtros anaeróbios, valas de filtração, zonas de raízes, círculo de bananeiras/árvores visando a melhoria da qualidade das águas da sub-bacia do Rio da Barra.


O projeto é uma pesquisa-ação que prevê o envolvimento dos atores locais e se integra à implantação da Agenda Comunidades Saudáveis nas comunidades tradicionais do Mosaico da Bocaina, no contexto da Agenda 21. Em oficinas de planejamento participativo com as comunidades da região, foram definidos três desafios prioritários: a ação territorial focal, para organizar o sistema de coleta, tratamento e destino de resíduos domiciliares; a ação multiplicadora transversal, para desenvolver processo de educação em saúde com representantes da comunidade, priorizando os temas uso abusivo de álcool e outras drogas e educação sexual; e a ação territorial transversal, para analisar a situação de saúde e desenvolvimento sustentável nas comunidades do Mosaico e desenhar um modo de atenção à saúde integrada naquelas pertencentes ao município de Paraty.

 

Por uma parceria entre professores-pesquisadores e moradores o projeto pretende levar à construção do conhecimento técnico associado aos saberes populares, valorizando a cultura local. Participam da iniciativa o engenheiro sanitário Alexandre Pessoa; a especialista em direito ambiental Andréia Setti; a agrônoma Anna Cecília de Avelar Cortines; o médico Edmundo Gallo; o biólogo Eduardo Godoy Aires de Souza; o professor José Paulo Vicente da Silva; o engenheiro químico Odir Clécio da Cruz Roque; o engenheiro civil e ambiental Plácido Flaviano Curvo Netto; e o engenheiro civil e mestre em saúde pública Tatsuo Carlos Shubo.


Publicado em 1º/2/2013.

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