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28/03/2013

Pnud vai lançar edital para construção de espaços de saúde no Haiti

Rebert Lima


A Fiocruz é responsável pela construção de quatro Espaços de Educação e Informação em Saúde (EEIS) no Haiti, que serão lugares de coleta, processamento e análise da situação epidemiológica dos departamentos do país, com cobertura de todo o território haitiano. Além de se instituírem enquanto polos de formação com duas salas de aula e laboratório de informática, os dados coletados serão enviados ao departamento central por meio de um sistema de informação online. Três arquitetas da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Ildary Machado, Luciene Landeira e Luisa Pessoa (coordenadora), se reuniram com representantes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com a finalidade de preparar a documentação para dar início ao processo licitatório da construção. A arquiteta e coordenadora da construção dos EEIS no Haiti, Luisa Pessoa, esclareceu o resultado do encontro e adiantou quais serão os próximos passos.



Qual o objetivo central da reunião entre os arquitetos e representantes do Pnud?

 

Luisa Pessoa:
O objetivo da reunião foi compatibilizar a área técnica do projeto (arquitetas) com a jurídica do Pnud e o texto em francês do termo de referência preparado pela Fiocruz, que irá regular a contratação da empresa haitiana para a execução de obras para a construção dos EEIS dos departamentos de Gonaives e Hinche.


Qual o próximo passo para começar a construção dos EEIS?


Luisa: O Pnud vai preparar o edital e, depois, publicá-lo junto com o termo de referência para dar início ao processo licitatório. A previsão é de 30 dias para a divulgação, esperando propostas das empresas ao final deste período, depois análise das propostas e contratação da empresa vencedora. Em princípio, as obras devem iniciar em meados de abril.


A partir da contratação da empresa, em quanto tempo os EEIS ficarão prontos?


Luisa: Nosso cronograma prevê 180 dias corridos para a cidade de Gonaives e 150 dias para a cidade de Hinche, que ficam nos departamentos de Artibonite e Centro, respectivamente.


Quais as maiores dificuldades da operacionalização e coordenação do projeto?


Luisa: Bem, estamos todos aprendendo. Nunca havíamos elaborado projetos para construção de edificações em outros países. Sempre trabalhamos no Brasil. Acho que uma das dificuldades será o próprio processo construtivo no Haiti, onde a maior parte dos materiais de construção é importada, como tinta, fios, tomadas, ferro, cimento. Acredito que apenas as telhas metálicas e os blocos de concreto sejam fabricados no país, pois visitamos algumas fábricas destes materiais. O fator de facilitação é que nós estamos construindo com um sistema construtivo bem comum no Haiti, em bloco de concreto, reforçado com vergalhões de ferro   na vertical e horizontal para criar uma construção antissísmica.


Há dois arquitetos haitianos, que se graduaram no Brasil, trabalhando na construção dos EEIS, in loco. Qual a importância desses profissionais no projeto?

 

Luisa: Roubens e Thamar estão fazendo um ótimo trabalho. Eles identificaram empresas para construção, correram atrás dos títulos de propriedade dos terrenos, sem os quais não poderíamos construir, ajudaram nos projetos executivos, fizeram as perspectivas, que ajudaram a dar visibilidade aos projetos. Sem eles nosso trabalho seria mais lento.


Embora o Haiti seja um país com grande histórico de terremotos, construções antissísmicas não são tão comuns no país. Considera que os haitianos conseguirão fazer a manutenção do prédio?


Luisa: Parece que o último grande terremoto havia ocorrido há 100 anos, daí que, no geral, as construções no Haiti, ao longo do século 20, não levaram o fator antissísmico como de grande relevância. Após o terremoto de 2010, a questão antissísmica passa a ser de extrema relevância. A questão da manutenção, não só dos EEIS, mas principalmente dos hospitais e laboratórios que o Brasil está construindo, é uma de nossas preocupações e, por conta disto, vamos realizar um curso de gestão de recursos físicos e tecnológicos em saúde. Na realidade, será um curso de aperfeiçoamento que ajudará na sustentabilidade do Parque Tecnológico de Saúde que o Brasil está construindo no Haiti. Será um curso semipresencial, com 248 horas, onde contaremos com a ajuda de arquitetos e engenheiros do Ministério da Saúde e de Cuba para os momentos presenciais no Haiti.


Publicado em 28/3/2013.

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