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29/05/2008

Pré-natal adequado ajuda a promover o uso racional de minerais e vitaminas

Fernanda Marques


Assistência pré-natal adequada é um dos principais fatores para a correta utilização de minerais, ácido fólico e outras vitaminas durante a gravidez. É o que destaca um artigo publicado no periódico científico Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. Os quatro autores, todos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal, entrevistaram 836 mulheres com o objetivo de estimar a prevalência do uso de minerais e vitaminas durante a gestação, além de avaliar o papel de fatores demográficos, sociais e obstétricos nesta utilização.


 Segundo os autores, as mulheres devem ser informadas da importância dos suplementos, especialmente a respeito da utilização precoce do ácido fólico

Segundo os autores, as mulheres devem ser informadas da importância dos suplementos, especialmente a respeito da utilização precoce do ácido fólico


A prevalência do uso de suplementos foi de 81,9% para ferro, 76,2% para multivitaminas e 55,4% para ácido fólico. Em geral, mulheres que utilizaram algum tipo de suplemento durante a gestação foram aquelas que tiveram um cuidado pré-natal adequado. No caso do ácido fólico (vitamina necessária para prevenir defeitos no tubo neural do feto), mulheres com pré-natal adequado apresentaram duas vezes mais chances de ingerir suplementos da substância durante a gravidez, se comparadas àquelas que iniciaram o pré-natal após os quatro meses de gestação ou compareceram a menos da metade das consultas médicas recomendadas. Os pesquisadores observaram também que o uso de ácido fólico era menos freqüente em mulheres solteiras e que não haviam planejado engravidar – provavelmente, porque esta substância deve começar a ser utilizada antes mesmo da fecundação, o que é incompatível com uma gravidez fora dos planos.


Os cientistas destacam no artigo que seus resultados apenas descrevem o uso de suplementos em qualquer momento da gestação, independentemente da dosagem e do período de utilização. Por isso, os autores não podem tirar conclusões acerca da proporção de mulheres que usou os suplementos de forma correta quanto ao tempo, à dose e à adesão ao tratamento. Contudo, a pesquisa feita em Portugal confirma que idade entre 20 e 34 anos, planejamento da gravidez e maior escolaridade estão associados a uma maior prevalência de uso de minerais e vitaminas.


Em relação a maior escolaridade, no estudo em Portugal, ela esteve associada ao uso de ferro e ácido fólico, mas não ao uso de multivitaminas. Estas, pelo contrário, eram utilizadas mais freqüentemente por mulheres com menor nível educacional. “Essa distribuição na prevalência de uso de suplementos fornece evidência de iniqüidade social, pois provavelmente reflete a habilidade de mulheres com melhor educação fazerem escolhas de saúde mais apropriadas: o uso de ácido fólico e ferro na gravidez é freqüentemente recomendado e tem efeitos benéficos reconhecidos, mas o mesmo não se aplica às multivitaminas, desnecessárias em muitas gestações”, dizem os pesquisadores no artigo.


O ácido fólico deve ser usado por todas as mulheres antes da fecundação. Contudo, para a utilização de ferro não há o mesmo consenso: os suplementos deste mineral deveriam ser administrados apenas a mulheres com anemia ou sob risco de desenvolver um quadro anêmico. O uso de suplementos de outros minerais e vitaminas é ainda mais questionado, exceto nos casos de mulheres de baixa renda, com dietas especiais ou em tratamento com determinados medicamentos. “Estratégias de saúde pública para garantir o uso correto de vitaminas e minerais durante a gestação devem incluir o incentivo ao planejamento da gravidez e ao reconhecimento materno da importância dos suplementos, especialmente a utilização precoce do ácido fólico”, concluem os pesquisadores.

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