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24/04/2009

Presidente da Abrasco fala sobre o Congresso Mundial de Saúde Pública, que acontece até sexta (1º/4)

Informe Ensp


Delegações de 72 países estarão reunidas na Turquia, entre os dias 27 de abril e 1 de maio, para o 12º Congresso Mundial de Saúde Pública, organizado pela Federação Mundial de Associações de Saúde Pública (WFPHA, na sigla em inglês), presidida pelo brasileiro Paulo Buss, ex-presidente da Fiocruz. O Congresso abordará os desafios e oportunidades para as organizações de saúde pública em todo o mundo e será uma ocasião para se colocar em conjunto os diversos profissionais e disciplinas relacionados à saúde pública em nível nacional e internacional, bem como partilhar as mais recentes ideias e experiências em saúde pública, educação, investigação e práticas. A seguir, o presidente da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), José da Rocha Carvalheiro, fala sobre suas perspectivas para mais um congresso internacional.


 José da Rocha Carvalheiro, presidente da Abrasco (Foto: Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz) 

José da Rocha Carvalheiro, presidente da Abrasco (Foto: Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz) 


Qual a importância para a comunidade científica da realização do 12º Congresso Mundial de Saúde Pública (CMSP)? Isso demonstra que os países entendem que a saúde pública vem ganhando cada vez mais força nos debates internacionais?

José da Rocha Carvalheiro:
Esse fórum internacional é reflexo do esforço e energia das delegações de 72 países membros da Federação Mundial de Associações de Saúde Publica, em seu compromisso com a Saúde dos povos, a redução das iniquidades sociais, intra e entre países. Estamos todos cientes das enormes dificuldades em manter a Saúde Coletiva no centro da agenda política. No âmbito nacional, com o advento do Programa de Aceleração do Crescimento, vimos, em conjunto com movimentos sociais em defesa da saúde - o Fórum da Reforma Sanitária, em particular -, reiterando nossos princípios e valores: Saúde é a força motora e a condição maior para o desenvolvimento humano. A comemoração dos 20 anos de nossa Constituição há poucos meses, recoloca na ordem do dia o papel do Estado na garantia do direito dos brasileiros à Saúde e à Seguridade Social. No âmbito internacional, a crise econômica mundial agrava e aprofunda as desigualdades sociais, produzindo impacto sem precedentes sobre a saúde e a qualidade de vida. Esse é o contexto diverso e complexo em que o Congresso Mundial de Saúde Publica se realiza.


Quais os principais temas de debate do congresso, e quais você destacaria como os mais relevantes para a saúde pública brasileira?

Carvalheiro:
A complexidade do contexto social, político e econômico está intimammente associada ao tema central 'Making a Difference in Global Public Health: Education, Research, and Practice'. Temas correlatos que incluem as agendas internacionais relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), aos desafios da Atenção Básica em Saúde, às complexas interações entre Saúde e Desenvolvimento Humano, aos desafios dos Determinantes Sociais da Saúde, que convidam e instigam em todos a premência do debate. O risco, hoje muito evidente, de que não sejam honrados os compromissos expressos nos ODM reacende e sublinha o conteúdo da Declaração do Rio, aprovada no último Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, (Abrascão 2006) realizado em conjunto com a 11ª edição do Congresso Mundial de Saúde Publica.


Falamos de um congresso com que previsão de público? A Abrasco tem informações sobre a participação brasileira nesse congresso?

Carvalheiro:
Entre estadistas, lideranças políticas de organismos nacionais e internacionais, profissionais, pesquisadores e professores, seremos mais de 1.200 participantes nessa 12ª edição do CMSP. A programação científica, composta do conjunto dos trabalhos aprovados, totaliza 400 exposições orais distribuídas em mais de 80 painéis e mesas, além de cerca de 700 apresentações em formato de pôsteres. A presença brasileira representa aproximadamente 20% das exposições orais e uma terça parte das apresentações de pôsteres. Esse cenário expressa a energia e a qualidade dos trabalhos e experiências da comunidade de Saúde Coletiva Brasileira. Traduz nosso empenho em compartilhar e fomentar o debate e a análise crítica do que produzimos e defendemos em nosso campo junto à comunidade internacional.


O que representa ter um brasileiro, ex-presidente da Fiocruz, Paulo Buss, como presidente da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública (WFPHA), organizadora do evento?

Carvalheiro:
Em meados de 2002, a Abrasco filiou-se à Federação Mundial de Associações de Saúde Pública (WFPHA). Ao longo de 2006, a Abrasco defendeu a candidatura do Dr. Paulo Buss (ex-secretário executivo da Abrasco e então presidente da Fundação Oswaldo Cruz) ao cargo máximo daquele organismo internacional. Em agosto desse ano, no Rio de Janeiro, no VIII Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão 2006) - em conjunto com o 11º Congresso Mundial de Saúde Publica -, na Assembleia Geral, Paulo Buss foi eleito por unanimidade presidente da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública (2008-2010). O resultado dessa eleição é o reconhecimento da trajetória lúcida e comprometida de nossa comunidade e de que Paulo Buss a representa com garra, liderança e espírito solidário. É a demonstração inequívoca de crédito e validação do que vimos defendendo - Saúde é direito de todos e dever do Estado. A presença desse brasileiro na arena internacional nos confere energia, e nos desafia a manter aceso o debate e nossa atuação em defesa da qualidade de vida e saúde dos povos.


12º Congresso Mundial de Saúde Pública: www.worldpublichealth2009.org



Publicado em 24/4/2009.

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