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13/06/2008

Presidente da Fiocruz assume Presidência da Federação Mundial de Saúde Pública

Informe Ensp


Missões internacionais e compromissos oficiais fazem parte do cotidiano do sanitarista Paulo Buss, que encerra seu segundo mandato como presidente da Fiocruz no fim de 2008. Nesses quase oito anos à frente da maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina, colecionou vários títulos e homenagens que sublinham uma trajetória positiva para a saúde pública brasileira. Recentemente, assumiu a Presidência da Federação Mundial de Saúde Pública, em Genebra. A Federação é a mais importante instituição de saúde pública do mundo, reunindo mais de 60 associações nacionais – como a Abrasco, do Brasil – e associações continentais e regionais, como as associações Européia e Americana de Saúde Pública, além das federações de escolas de saúde pública da Europa e da América Latina. Ainda em maio, Buss também participou da 61ª Assembléia da Organização Mundial da Saúde, na condição de chefe da delegação brasileira. Leia, a seguir, a entrevista exclusiva que Buss deu ao Informe Ensp sobre suas ações e sua eleição para a Presidência da Federação Mundial de Saúde Pública.


 Buss: A Fiocruz tem condições de liderar a cooperação internacional em saúde (Foto: Virginia Damas)

Buss: A Fiocruz tem condições de liderar a cooperação internacional em saúde (Foto: Virginia Damas)


O que significa para o senhor e para a Fiocruz assumir a Presidência da Federação Mundial de Saúde Pública?


Paulo Buss: É o reconhecimento da saúde pública brasileira, uma das mais pujantes do mundo, pois um de seus integrantes assume a mais importante associação mundial de saúde pública, que tem como membros mais de 70 associações nacionais e regionais – como a Européia e a Caribenha de Saúde Pública –, reunindo cerca de 200 mil sanitaristas associados. Tenho muito orgulho de assumir o cargo, é claro, mas também a noção de que terei muito trabalho, pois teremos um grande congresso mundial pela frente, a se realizar em maio de 2009, em Istambul, além de intensa atividade política no cenário global.


Quais serão suas prioridades à frente da Federação?


Buss: Falei, no meu discurso de posse, que a prioridade será agir de forma dinâmica como ator político na cena global, social e da saúde, o que incluirá: propugnar por uma distribuição de poder mais eqüitativa e por uma governança mais democrática no mundo; lutar pela superação das iniqüidades sociais e em saúde entre os países e no interior dos mesmos; defender a atenção primária em saúde e a afirmação política e técnica da saúde pública como campo conceitual e prática social; somar para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e para o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde; e, para isto, fortalecer o protagonismo global das organizações da sociedade civil, como a nossa Federação, e construir parcerias para alcançar estes objetivos.


Em relação à 61ª Assembléia da Organização Mundial da Saúde, na qual o senhor esteve na condição de chefe da delegação brasileira, como foi essa participação? Que pontos destacaria como mais importantes?


Buss: O principal momento para o Brasil na Assembléia Mundial da Saúde foi a eleição do nosso país para o Comitê Executivo, um colegiado de 34 países que recebe a delegação dos outros 191 para conduzir de forma política e administrativa a OMS. Tive a satisfação de ser indicado pelo ministro Temporão como representante do Brasil no Comitê, tendo o Francisco Campos como suplente. Foram muito importantes as discussões sobre saúde pública, inovação e propriedade intelectual, na qual o Brasil teve grande protagonismo, levando à OMS a assumir, pela primeira vez, que vai atuar defendendo o acesso a medicamentos e à pesquisa de drogas e outros insumos para doenças negligenciadas, não se curvando à Organização Mundial do Comércio ou à Organização Mundial da Propriedade Intelectual. Foram muitos outros temas, cujas decisões podem ser examinadas no site da OMS.


O senhor conseguiu dar muita visibilidade à Fiocruz internacionalmente. O que mudou nestes anos na Fiocruz, fruto dessas ações intergovernamentais e interinstitucionais?


Buss: A Fiocruz tem todas as condições de liderar a cooperação internacional em saúde do nosso país, pela sua credibilidade e pela dedicação dos seus servidores, que, de fato, acreditam na solidariedade internacional. Foi isto que fizemos: identificamos identidades com a política externa brasileira; priorizamos regiões (a África, principalmente os países de língua portuguesa, e a América do Sul) e temas (formação de recursos humanos e apoio às chamadas 'instituições estruturantes' do sistema de saúde: ministérios da Saúde, institutos nacionais de saúde, escolas de saúde pública e escolas técnicas). A adesão das nossas unidades e dos nossos servidores foi total e hoje eu diria que grande parte da política externa brasileira na área da saúde repousa sobre o nosso trabalho. Recentemente, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, pediu ao ministro Temporão que fosse criado um 'braço internacional da Fiocruz', e nós estudaremos para ver como poderemos tornar realidade a proposta.

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