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22/06/2009

Prevalência de obesidade é alta entre moradores de Salvador

Edmilson Silva


Literalmente, os baianos não estão bem na fita: é alta a prevalência de sobrepeso, obesidade e excesso de gordura abdmonial na população adulta de Salvador, revela estudo feito por pesquisadores da Escola de Nutrição e do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). Eles constaram 25,8% de prevalência de sobrepeso, 12,8% de obesidade e 28,1% de gordura abdominal entre os soteropolitanos. Este primeiro estudo de base populacional realizado com a população da capital baiana foi publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, periódico científico da Fiocruz.


 Mais de 26% das mulheres de Salvador estavam acima do peso ideal (Tela de Fernando Botero) 

Mais de 26% das mulheres de Salvador estavam acima do peso ideal (Tela de Fernando Botero) 


Os pesquisadores observaram, tanto entre os homens (42,3%) quanto entre as mulheres (47,2%), que a realização de três ou menos refeições por dia elevou a prevalência do excesso de peso e da concentração de gordura abdominal, quando comparada à prevalência destes eventos entre aqueles que faziam mais de três refeições ao dia, conforme recomendado pelos nutricionistas. “A redução do número de refeições ao dia conduz o indivíduo a fazer alta ingestão de alimentos e, consequentemente, é elevada a concentração calórica por refeição”, diz Lucivalda Oliveira, professora da Escola de Nutrição da UFBA, uma das autoras do artigo.


O estudo demonstrou também que, à medida que aumentava a idade, crescia a prevalência de excesso de peso e concentração de gordura abdominal. Identificou-se, ainda, que 37,6% das mulheres e 27,3% dos homens já tinham adotado algum tipo de dieta ao longo de suas vidas. Mulheres que adotavam algum tipo de dieta apresentavam mais excesso de peso e gordura abdominal do que aquelas que não se submetiam a nenhum tipo de restrição alimentar.



A obesidade integra o conjunto das doenças crônicas não-transmissíveis (DNCT), que abarca, ainda, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, infarto do miocárdio e alguns tipos de câncer. No estudo, foram avaliados 570 adultos, moradores de 200 domicílios de três áreas da capital baiana. A concentração de gordura abdominal, em especial a gordura visceral, é apontada como importante fator de predisposição de risco para as DNCT, particularmente para doenças cardiovasculares e diabetes, segundo os autores.


De acordo com os especialistas, a obesidade resulta de uma rede complexa de fatores ligados ao campo genético, ao estilo de vida e ao ambiente que se associam e interagem entre si. Os autores ressaltam que, embora a influência genética seja reconhecida como fator de risco para a obesidade, particularmente a obesidade abdominal, os fatores de risco do meio ambiente e do estilo de vida são os mais expressivos para a ocorrência do sobrepeso e da obesidade em todo o mundo.


As medidas de controle e prevenção dos riscos modificáveis para a população estudada estão situadas, segundo os pesquisadores, na esfera da adoção de um estilo de vida e de uma alimentação saudáveis. Estas ações são reconhecidas como estratégias capazes de reduzir a expressiva parcela das mortes prematuras e o impacto negativo na qualidade de vida dos indivíduos.


Ao separar o grupo avaliado por gênero, os pesquisadores constataram uma prevalência de sobrepeso maior entre as baianas do que entre os baianos: 26,3% contra 25%, respectivamente. Quando avaliaram a obesidade, essa tendência se manteve: 15,1% para as mulheres e 8,4% para os homens. No final das contas, 41,4% delas e 33,4% deles sofriam de excesso de peso. Identificou-se, ainda, que 35,7% das mulheres e 12,9% dos homens tinham excesso de gordura abdominal, segundo o indicador circunferência de cintura maior que 80 centímetros para elas e que 94 centímetros para eles. O percentual feminino foi 2,7 vezes mais elevado.


A prevalência de obesidade identificada entre mulheres (15,1%) e homens (8,4%) da capital baiana, em 2001, foi mais elevada do que a verificada pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2002-2003 para as mulheres (11,7%) e homens (6,7%) do Nordeste brasileiro. A ocorrência de obesidade para as mulheres de Salvador foi similar à encontrada entre as moradoras da região Sul. No entranto, a prevalência desse problema de saúde foi maior entre os homens do Sul (10,1%) do que entre os soteropolitanos.


O estudo baiano também constatou prevalências mais elevadas da prática do tabagismo e do consumo de álcool entre os homens, com taxas de, respectivamente, 38,2% e 80,4%. No grupo das mulheres, 52,8% referiram usar álcool, enquanto 26,4% disseram ser fumantes. No que se refere às condições relacionadas ao estilo de vida, a ausência de atividade física ou de atividade de intensidade leve no esporte e lazer foi referida por 65,5% das mulheres e por 41,8% dos homens.


Para ler o artigo publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública, clique aqui.


Publicado em 19/06/2009.

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