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24/09/2008

Prevenção do câncer do útero e das doenças cardiovasculares encerram o Congresso de Epidemiologia

Edmilson Silva e Juana Portugal


O último dia do 8º Congresso Mundial de Epidemiologia e 7º Congresso Brasileiro de Epidemiologia (EPI 2008), que terminam nesta quarta-feira (24/9), tem como grande destaque a discussão sobre a prevenção do câncer de colo do útero, assunto ao qual serão dedicados cinco painéis e a aula magna no encerramento do evento, a ser proferida por Nubia Muñoz, renomada especialista colombiana que coordenou a pesquisa responsável pela descoberta do papiloma vírus humano (HPV).


 Os dois congressos reuniram especialistas de mais de 50 países durante quatro dias (Foto: Virginia Damas)

Os dois congressos reuniram especialistas de mais de 50 países durante quatro dias (Foto: Virginia Damas)


O estudo, desenvolvido ao longo de 25 anos em 30 países, resultou na confirmação do vírus como causa do câncer de colo do útero e outros tipos de câncer na criação das vacinas contra o vírus em 2006. Atualmente Muñoz supervisiona os ensaios clínicos com as vacinas. "A vacina já foi aprovada por órgãos internacionais e tem o potencial de prevenir até 70% dos casos de câncer genital, a segunda maior causa de morte entre as latinoamericanas", disse a cientista. Ela lembrou também que, em todo o mundo, o câncer de colo do útero é o mais freqüente entre as mulheres.


Outros destaques serão as metas de desenvolvimento para o milênio, o que é considerado um desafio para os epidemiologistas como Cesar Victora, professor gaúcho candidato à presidência da Associação Internacional de Epidemiologia (IEA, na sigla em inglês). Ele apresentará o texto Informal e iniqüidades em saúde – construindo estratégias de inclusão social, em que será abordado o trabalho de crianças e adolescentes, e a prevenção das doenças não-transmissíveis, tais como as cardiovasculares e a diabetes.


Os gaúchos que moram  nos bairros pobres de Porto Alegre têm menos uma década de expectativa média de vida em relação aos que moram  nos endereços mais nobres da capital gaúcha. Enquanto estes últimos podem viver 73,5 anos, aqueles só poderão chegar aos 63. Esse é um dos dados a serem apresentados pelo pesquisador Aloyzio Achutti, durante palestra no congresso. De acordo com Achutti, isso se deve aos determinantes sociais da saúde, lema ao qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Fiocruz têm se dedicado com afinco.


Achutti é o cardiologista que, juntamente com Eduardo Costa, atualmente na direção de Farmanguinhos, a fábrica de medicamentos da Fiocruz, incluiu o Brasil na rota dos grandes estudos populacionais, em 1978, ao constatar a prevalência de 16% de hipertensos entre 4.564 gaúchos com  idades entre 20 a 74 anos, pesquisados em quatro diferentes regiões do estado. Já naquela época, a pesquisa de Achutti e Costa constatou que os mais pobres sofriam mais, inclusive com as doenças cardiovasculares, derrubando um tabu, até então estabelecido, que dava conta de que doenças cardiovasculares eram coisa de rico.


As constatações desse estudo referendam o mais recente relatório sobre determinantes sociais da saúde, da OMS, coordenado por sir Michael Marmot e também apresentado no congresso de Porto Alegre, e que dá conta da existência desse tipo de disparidade em outras cidades. Em Glasgow, na Escócia, por exemplo, enquanto quem mora na área mais rica da cidade vive 82 anos, o que mora na área mais pobre, vive apenas 44 anos. O mesmo relatório faz esse tipo de comparação entre países: enquanto no Japão, a expectativa de vida é de 85 anos, na Guiné Bissau não chega a 40 anos, conforme informou o ministro da Saúde do país, Camilo Pereira, no primeiro dia do evento.


Os dois congressos reuniram especialistas de mais de 50 países durante quatro dias, nos quais foram apresentados e discutidos mais de seis mil comunicações cientificas. Os congressos Mundial e Brasileiro de Epidemiologia são promovidos, respectivamente, pela IEA e Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco).




Informações para a imprensa


Juana Portugal: (21) 9309-5066 - juana@fiocruz.br, juana.portugal@gmail.com

Edmilson Silva: (21) 9611-0074 - edmilson.oliveiradasilva@gmail.com

Sala de Imprensa do Centro de Eventos da Fiergs: (51) 3364-9805 / 9808


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