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09/05/2011

Primeiro artigo da Série Lancet Brasil faz uma análise sobre a história da saúde brasileira


O primeiro artigo do professor Jairnilson Pain, do Instituto de Saúde Coletiva, em Salvador, analisa a história da saúde brasileira. De longe o mais importante desenvolvimento em termos de melhorar o acesso foi a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988. Além disso, o país tem um próspero sistema privado de saúde. Em consonância com o SUS, melhoramentos-chave em infra-estrutura têm sido feitos nas últimas décadas. Por exemplo, em 1970 apenas um terço das casas tinha água encanada; em 2007, essa taxa subiu para 93%.


Outros investimentos, como a conexão à rede de saneamento, mais casas com eletricidade e um melhor sistema de seguridade social conduziram a melhorias marcantes numa grande escala de indicadores brasileiros de saúde, incluindo expectativa de vida (agora 72 anos) e grande redução em mortalidade infantil. 


Índices de fumo (17%) estavam na metade do que eles estavam em 1989 (34%). Ainda, como em qualquer lugar no Brasil, a população está envelhecendo, e em 2020 é esperado que haja 68 adultos com idade acima de 60 anos para cada grupo de 100 crianças e adolescentes.


O país também está se tornando mais gordo, com níveis de obesidade elevando-se (quase metade dos homens nas capitais dos estados são relatados como em sobrepeso). Entre 40% e 50% dos brasileiros com mais de 40 anos de idade têm altos níveis de pressão arterial, e 6 milhões dos 191 milhões de habitantes do país são diabéticos. Ainda encorajador, a distância entre os mais ricos e os mais pobres do país estão diminuindo. 


Alguns dos fatores que tem tido relatos de grande sucesso para o Brasil, incluindo avanços no controle do tabaco, e o maior sistema de livre distribuição de drogas para HIV/AIDS, são discutidos nos artigos seguintes.


Cerca de um quarto dos brasileiros têm alguma forma de seguro privado de saúde, com dois terços dessas políticas concentradas região na relativamente mais rica: Sudeste. O setor privado no Brasil é bem amparado pelo governo, e frequentemente provê serviços contratados pelo SUS.


Os autores da Série ainda estão preocupados que os custos associados com os subsídios ao setor privado minem os esforços ao atendimento universal de saúde via SUS. Como nos Estados Unidos, o Brasil tem um sistema que encoraja um intenso uso de diagnósticos e procedimentos terapêuticos, quando em muitos casos eles não são apropriados. Os autores acreditam que vontade política é a única maneira de trazer o setor privado de saúde de volta sob restrições gerenciáveis.


Apesar dessas limitações, o SUS tem agido para aperfeiçoar vastamente o acesso à emergência e atenção primária, atingir cobertura universal de vacinação e atenção pré-natal, e investir amplamente na expansão de recursos humanos e tecnologia, incluindo esforço centrais para atender as principais necessidades farmacêuticas do país. Os serviços de atenção em saúde cresceram 174% de 1981 a 2008. No entanto, a proporção da população que consultou um médico em 2008 foi 68%, abaixo dos 80% ou mais verificadas em muitos países de alta renda. E a cada 1.9 leitos hospitalares públicos por 1000, o Brasil tem menos leitos per-cápita que qualquer outro país da OCDE, com exceção do México. Então, ainda há muito trabalho a ser feito.


Os autores concluem: “ultimamente, para superar os desafios que o sistema de saúde do Brasil encara, uma revisão da estrutura financeira e uma revisão das relações público-privadas serão necessárias. Portanto, o maior desafio a ser encarado pelo SUS é político.”


Para ler o artigo 1, acesse: http://press.thelancet.com/brazilpor1.pdf



Publicado em 9/5/2011.

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