Um relato potente e comovente sobre trajetórias femininas que cruzaram com os caminhos do vírus zika e da microcefalia. Assim é o documentário Toda forma de ser [1], uma realização do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), com o apoio da VideoSaúde da Fiocruz. A obra passa a integrar o catálogo do selo Fiocruz Vídeo e estreia na Plataforma de Filmes VideoSaúde Fiocruz [2] no final deste mês em que se celebrou o Dia Internacional da Mulher.
Histórias de mulheres, de várias idades, atravessam a narrativa, compondo um painel e uma abordagem do tema instigantes. O zika vírus e seus danos e agravos, como a microcefalia, trouxeram uma série de novos arranjos para milhares de famílias brasileiras, lançando desafios para os campos da saúde coletiva e o SUS. Mulheres e mães emergiram como atores potentes neste estado de coisas. Em Toda forma de ser, dirigido por Raul Lansky, o cotidiano de amor infinito, lutas e alegrias atravessa um tocante olhar sobre a vida de três famílias.
Da tese às telas
A obra é mais uma tese defendida na Fiocruz que se torna conteúdo audiovisual. Segundo a pesquisadora Berenice Freitas Diniz, da Fiocruz Minas, o trabalho intitulado Estudo de acompanhamento de um grupo de mães de crianças com microcefalia em Minas Gerais: da mobilização, organização, às reivindicações de direitos no contexto de zika [3], foi uma tese de doutorado que teve como objetivo acompanhar um grupo de mulheres mães de crianças com microcefalia, em Minas Gerais, em 2018 e 2019.
“A tese buscou compreender como saúde e direitos humanos se conectavam em tempos de zika. Também buscou identificar redes de solidariedade acionadas e construídas por essas mulheres para a garantia de cuidados à saúde e direitos e, compreender as percepções das participantes do grupo sobre a sua constituição, o vírus zika e suas conexões com direitos humanos”, relembra Berenice.
O trabalho, de acordo com a pesquisadora, desenvolveu ações de advocacy na perspectiva de dar visibilidade dessas mulheres e seus filhos. E assim mostrou a toda a sociedade, mas especialmente ao poder público, como se dá o acesso aos serviços de saúde, a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), as dificuldades vivenciadas para o cuidado integral às crianças com microcefalia, o acesso aos direitos sociais, o espaço urbano e a acessibilidade e, também mostrar a alegria que existe em toda forma se ser.
“Desde o início desse projeto, todos nós fomos afetados pelas necessidades advindas dessas mulheres/crianças, desse grupo e de suas famílias. O trabalho nos mostrou, mais do que nunca, que um Estado de Proteção Social deve ser para cuidar e proteger a vida de todas as pessoas, mas principalmente das mais vulneráveis”, completa. O estudo está inserido no conjunto de projetos de pesquisa e extensão do Grupo de Pesquisa Saúde, Educação e Cidadania da Fiocruz Minas. A autora, Berenice de FreitasDiniz, foi orientada por Zélia Profeta e Rose Carmo e a tese defendida em 2021.
Para a equipe da VideoSaúde, que se envolveu na pós-produção da obra, discutindo com a equipe questões de narrativa, de conteúdo e de finalização técnica do filme, contar com mais um título sobre tema tão central na saúde coletiva é de extrema importância, agregando mais uma produção de qualidade tanto ao acervo da VideoSaúde e do selo Fiocruz Vídeo, quanto à Plataforma de Filmes VideoSaúde Fiocruz. É mais um projeto de pesquisa que ganha maior capilaridade e visibilidade por meio de produção audiovisual, um dos objetos da missão da VideoSaúde e do selo Fiocruz Vídeo.