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10/08/2006

Processo de acreditação reforça padrão da Fiocruz













Ana Limp/Fiocruz


Após dois anos do início do processo de acreditação internacional, a Fiocruz está otimista com os resultados. O médico Joaquim Moreira Nunes, assessor da Presidência para a área de Serviços de Referência, aposta que até o final de 2006 - quando os avaliadores do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), representante exclusiva da Joint Commission Internacional (JCI) no Brasil, farão uma avaliação in loco - as três unidades hospitalares da Fundação estarão enquadradas nas rígidas regras de qualidade internacional. Para o assessor, ao optar por um padrão de acreditação reconhecido no mundo inteiro, a Fiocruz consegue materializar sua excelência. Abaixo confira a entrevista de Joaquim Moreira Nunes.


Por que a Fiocruz optou pelo modelo internacional de acreditação?

Joaquim Moreira Nunes: A Fiocruz sempre pautou sua atuação no sentido de agregar as melhores tradições de qualidade em cada trabalho que realiza. Foi assim que optou pelo modelo de acreditação proposto pelo CBA, que já acumulava uma grande experiência em processos de acreditação na área de saúde pública, inclusive no Brasil, em locais como HemoRio, Instituto de Traumato-Ortopedia (Into) e Instituto Nacional do Câncer (Inca), de reconhecida competência no campo da saúde pública. Além de ser reconhecido mundialmente e contar com manuais de acreditação escritos e difundidos pelo CBA/Joint Commission International (JCI/CBA).


O que representa para a Fundação, uma instituição de reconhecida excelência, ter suas unidades acreditadas?

Moreira: Usando um modelo reconhecido no mundo inteiro, materializamos a nossa excelência através da certificação fornecida pela JCI.


Por ser uma instituição pública, a Fiocruz enfrentou algum tipo de obstáculo específico na implementação do processo de acreditação?

Moreira: Como o CBA acumulava grande experiência de atuação em órgãos públicos, foi possível para a Fiocruz superar eventuais entraves quanto a obstáculos externos e internos na implementação do processo de acreditação. No ambiente interno, utilizamos o método proposto pelo CBA, que enfoca o preparo da unidade para acreditação, com diagnósticos da realidade institucional, transformando não conformidades identificadas em conformidades, segundo os manuais da JCI.


A experiência com a acreditação internacional está influenciando de alguma forma a gestão administrativa da Fiocruz?

Moreira: Certamente os nossos profissionais nas unidades de assistência já começam a ver os benefícios do processo de acreditação nos próprios usuários. Ou seja, o usuário é o reflexo das ações de qualidade que perseguimos ao nos associarmos ao CBA. E a área de administração ou de gerenciamento deve puxar essa ampliação de qualidade; não existem procedimentos de atendimento do paciente sem a devida qualificação das atividades gerenciais-administrativas. O processo de acreditação contagia, por assim dizer, todas as práticas administrativas, levando à melhoria da qualidade dos processos de treinamento de pessoal, de compra de materiais, de manutenção de equipamentos, de informatização, entre vários outros exemplos.


Na Fiocruz e nas três unidades assistenciais, quem são os profissionais responsáveis pela coordenação direta da implementação do processo de acreditação? As equipes são formadas por quantos profissionais?

Moreira: Tivemos um processo participativo na implementação do processo de acreditação nas unidades da Fundação, o que é uma tradição vitoriosa da Fiocruz. Por meio desse processo participativo, foi tirado em grupo facilitador, que é formado por profissionais que ficaram com a tarefa de coordenar a motivação dos funcionários dessas unidades quanto à adesão às práticas de acreditação.


O grupo facilitador geralmente não ultrapassa a faixa de dez profissionais por unidade. Assim, temos seis pessoas no Instituto Fernandes Figueira (IFF), cinco no Instituto de Pesquisas Evandro Chagas (Ipec) e dez no Centro de Saúde Germano Sinval Faria (CSGSF).


Foi através dos grupos facilitadores que o processo de acreditação começou a ser implementado, através de distribuição de textos, agendamento de reuniões, implementação das ações propostas nos manuais do CBA, criação de grupos específicos de atividades relativas ao processo de acreditação e uma série de outras atividades.



Como se dá à integração da equipe da Fiocruz com o CBA?

Moreira: Durante todo o processo, as equipe de facilitadores trabalham associados ao CBA, trocando experiências e impressões e propondo uma agenda de atuação, centrada na idéia de que, antes de tudo, é preciso que os próprios profissionais das unidades acreditem nas ações que estão sendo implementadas, pois serão eles os agentes de transformação. Os profissionais do CSGSF trabalharam intensamente junto com o CBA na construção de uma manual próprio para atender às especificidades do CSGSF. Após três anos, foi desenvolvido de forma pioneira um manual de acreditação que já vem sendo usado com sucesso nessa unidade de atendimento da Fiocruz.



Como cada unidade se organizou para disseminar a cultura e as normas de acreditação internacional entre seus profissionais? Houve alguma ação especial ou campanha para motivar os funcionários a aderir ao processo?

Moreira: Houve uma espécie de "pré-adaptação" ao processo de acreditação. Inicialmente, cada unidade passou por uma avaliação externa, um diagnóstico, seguido de mais duas avaliações feitas por profissionais externos. Isso criou um clima de competição sadia entre os diferentes setores das unidades assistenciais da Fiocruz. Todos queriam estar o mais preparado possível para as ações propostas pelos manuais de acreditação. Isso fez com que progredíssemos muito no processo de preparo para a certificação internacional de acreditação.


Em cada unidade, quais setores, serviços e processos tiveram que mudar de forma mais significativa para se adequar às normas de qualidade internacional? Como funcionavam antes do processo e como passaram a funcionar com a implementação??

Moreira: Os setores gerenciais e administrativos sofreram os maiores impactos no processo de mudança, com a criação de ações de trabalho mais rápidas e ágeis para acompanhar as normas de qualidade internacional. A burocracia diminuiu e a automação dos processos foi incentivada, com o emprego de tecnologias de microinformática, processos de compras por pregão eletrônico, para ilustrar com alguns exemplos.


Quais as expectativas de cada unidade sobre a conquista da certificação? E em quanto tempo as unidades acreditam que poderão estar devidamente preparadas?

Moreira: A expectativa, de forma geral, é que todas as unidades assistenciais obtenham a certificação. Em função de suas especificidades, algumas unidades estão com processos mais adiantados, outras em processo de implementação das ações planejadas. Temos a estimativa de que, até o final de 2006, todas as unidades assistenciais tenham finalizado o processo de acreditação e que, a partir daí, recebamos as equipes da JCI para verificar in loco nosso processo de trabalho e atestar tudo que foi construído e cumprido para obtenção da certificação internacional.


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