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14/11/2007

Produto tóxico pode não estar tão longe das crianças quanto se imagina

Fernanda Marques


Um estudo piloto feito em Porto Alegre buscou padronizar um questionário para verificar fatores de risco relacionados à ocorrência de eventos tóxicos na infância. Os resultados indicam que esses eventos estão associados à distração do adulto e ao não cumprimento à risca do que dizem os rótulos de produtos químicos: manter fora do alcance das crianças. A pesquisa é um dos trabalhos selecionados para apresentação no 15º Congresso Brasileiro de Toxicologia.


“Muitas vezes, esses produtos não são guardados tão longe das crianças como deveriam”, adverte a toxicologista Carla Luiza Job Ramos, chefe do Núcleo de Prevenção e Educação do Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS). “Crianças pequenas são muito curiosas e levam tudo à boca. Os adultos não podem subestimar a capacidade delas de encontrar e mexer em produtos que não estejam muito bem armazenados”.


Nesse estudo piloto, do tipo caso-controle, Carla entrevistou 18 cuidadores, mães ou responsáveis de crianças com idade inferior a 5 anos levadas às emergências hospitalares devido à ingestão acidental de produtos como medicamentos, inseticidas e plantas. As famílias pertenciam, em sua maioria, à classe social C. Até fevereiro de 2008 a pesquisadora apresentará sua dissertação de mestrado, que envolve a análise de 50 entrevistas.


Por enquanto, os resultados apontam que a ocorrência de eventos tóxicos na infância, a princípio, não está tão associada à falta de conhecimento dos adultos sobre as situações potencialmente perigosas que existem nos domicílios. Os descuidos cotidianos, acreditar que os produtos estavam bem armazenados, apesar da acessibilidade dos mesmos, e a curiosidade inerente das crianças conferem, conseqüentemente, maior vulnerabilidade. “Essas questões comportamentais não podem ser negligenciadas”, recomenda Carla.

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