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07/08/2020

Programação da Agenda Jovem Fiocruz celebra Dia Internacional da Juventude

Nathalia Mendonça, estagiária sob supervisão de Luiza Gomes (Cooperação Social da Fiocruz)


Teve início (4/8) o ciclo temático de debates intitulado Juventudes no Brasil: Diálogos Emergentes para o Campo da Saúde, transmitido ao vivo pelo canal do YouTube da Agenda Jovem Fiocruz. Marcada pela interdisciplinaridade, a programação online reúne ativistas, pesquisadores de dentro e fora da instituição, representações do poder legislativo, organismos internacionais, universidades e coordenadores de projetos para a discussão sobre temas relacionados à saúde da juventude brasileira. 

Na mesa de abertura do evento, participaram a vice-presidente de Educação Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), Cristiani Machado (que representou a presidente da instituição, Nísia Trindade Lima); o coordenador da Cooperação Social da Fiocruz, Leonídio Santos; o oficial do Programa Humanitário Juventude e HIV, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Caio Oliveira; e o presidente do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), Rafael Davi. A mediação foi realizada por Inês Fernandes, assessora da Presidência da Fundação Oswaldo Cruz.

Em sua fala, Cristiani Machado destacou o papel da Fiocruz como instituição de ciência e tecnologia em saúde, frisando as contribuições dadas ao campo das políticas públicas e dos direitos sociais - em interface com a grande área da saúde – ao longo dos anos. Sobre a parceria com o Fundo de População das Nações Unidas, ela destacou a cooperação formalizada em 2019, que compreende projetos tanto na área de juventude, direitos reprodutivos e saúde da mulher. 

Cristiani lembrou que, além de agosto ser um mês simbólico pelo Dia Internacional da Juventude, a programação de encontros da Agenda Jovem ocorre na sequência da comemoração do aniversário de 30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – transcorrida no dia 13 de julho deste ano. Segundo ela, um marco fundamental na sociedade brasileira. “Os jovens vivem de forma muito contundente as expressões das desigualdades estruturais da sociedade. No caso da América Latina e do Brasil, isso é muito evidente e se expressa na renda, a partir dos marcadores de raça, de gênero, e também nas possibilidades de escolha, nas oportunidades que se abrem ou não para esses jovens”, ilustrou. 

Leonídio Santos, coordenador da Cooperação Social da Fiocruz – órgão da presidência que realiza o suporte institucional da Agenda Jovem – destacou a concepção de “jovem” enquanto sujeito de direito. “A partir da Agenda, a Fiocruz busca estimular os diálogos entre os campos das juventudes e saúde não só em uma perspectiva de construção de conhecimento mas também da ação política”, afirmou. 

Representando o Fundo de População das Nações Unidas, Caio Oliveira destacou que o mundo abriga hoje a maior geração de jovens da história e afirma que as políticas públicas precisam levar em conta essa realidade, compreendendo a juventude como impulsionadora de desenvolvimento social. “Para que esse jovem alcance o seu pleno potencial é necessário implementar um conjunto de ações políticas, orçamentárias e estratégicas que de fato vão entregar respostas às vulnerabilidades específicas da juventude”, explicou. Ele também destacou o trabalho do Observatório da Juventude - uma iniciativa recente do UNFPA  que conta com a parceria da Agenda Jovem Fiocruz e que vem trabalhando indicadores sobre o tema das juventudes e suas vulnerabilidades.

A histórica relação da juventude com mobilização política foi objeto da fala de Rafael Davi, presidente do Conselho Nacional da Juventude. Segundo ele, nos últimos 10 a 15 anos o Brasil teve a menor quantidade de jovens filiados a partidos políticos. “Diante desse cenário, o Conjuve e outras organizações se perguntam: como trazer jovens pra discutir e construir as políticas de juventude?”, indagou. Davi também informou que, em março de 2020, o conselho criou o Comitê de Crise, onde entidades contribuíram conjuntamente na compreensão de panoramas sobre o aspecto da saúde e atuação política. 

Painéis temáticos

Na segunda parte do encontro, foram apresentados três painéis: Juventudes e Saúde na América Latina (José Roberto Luna, especialista técnico em adolescentes e jovens no campo da saúde sexual e reprosutiva pela UNFPA/ Nova Iorque), Juventudes e Covid-19 (Andre Vieira, analista de pesquisa e avaliação da Fundação Roberto Marinho) e Pesquisas sobre juventudes e saúde: um olhar a partir da Fiocruz (Simone Monteiro, do Grupo de Trabalho (GT) de pesquisa Agenda Jovem pelo Instituto Oswaldo Cruz, IOC/Fiocruz). 

De acordo com Andre Vieira, doutorando em sociologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e representante da Fundação Roberto Marinho, a pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus foi realizada com objetivo de levantar a percepção de jovens de diferentes regiões e realidades sociais sobre a pandemia e seus efeitos. Foram mais de 33 mil entrevistas com jovens do Brasil, em diferentes territórios, trazendo aspectos relacionados à inclusão produtiva, educação, saúde e bem estar. Nelas, grupos de jovens pesquisadores colaboraram ativamente. 

De acordo com a pesquisa do UNFPA Juventudes e Saúde na América Latina y el Caribe, a região é a mais desigual do mundo e é onde vivem aproximadamente 165 milhões de jovens. José Roberto Luna, apresentou o panorama La situación de las juventudes e afirmou que “a saúde é um elemento político que está totalmente relacionado a uma série de áreas que se cruzam, como desigualdades, oportunidades, empregabilidade e outros”. O levantamento de dados mostrou informações e porcentagens sobre educação, saúde sexual e reprodutiva, empregabilidade, pobreza, questões étnico-raciais e de gênero, violência e outros fatores de análise. 

André Sobrinho, mediador do debate e coordenador da Agenda Jovem, reafirmou, nesse contexto, a importância da abertura de novos espaços para que os jovens possam colocar seu protagonismo e de fato influenciar as instituições.

O jovem nos estudos da Fiocruz

Simone Monteiro, representando o GT de pesquisa da Agenda Jovem, apresentou o trabalho Estado do Conhecimento da Produção Científica da Fiocruz sobre Juventude e Saúde. O levantamento buscou mapear características da produção científica na Fiocruz acerca de temas como adolescência e juventude durante o período de 2006 a 2016 – intervalo de tempo marcado por mudanças na política de juventude. A pesquisa é um esforço coletivo de pesquisadores que trabalham com o tema a partir de diferentes Unidades da Fundação Oswaldo Cruz. 

Foram classificados 495 documentos, onde os temas mais estudados foram agravos transmissíveis e não transmissíveis; sexualidade e reprodução; violência e acidente; políticas públicas; nutrição; drogas; deficiência; e hospitalização. A pesquisa estará disponível na área da Cooperação Social no Portal Fiocruz.

A mediação dos próximos encontros do Ciclo Temático contará com participação de diretores das unidades da Fiocruz no Brasil. Nos dois últimos dias de debate (1 e 3 de setembro), jovens pesquisadores bolsistas contemplados no Programa Fiocruz de Fomento à inovação (Inova Fiocruz) apresentarão dados e impressões dos estudos que realizaram.
Os encontros virtuais se estendem até o dia 3 de setembro. Todos os debates realizados estarão disponíveis no canal da Agenda Jovem no YouTube.

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