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12/03/2007

Projeto amplia estratégias de promoção da saúde pelo Brasil


Um novo convênio, assinado recentemente, entre a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) da Fiocruz e a Associação Canadense de Saúde Pública (CPHA), desta vez com a inclusão da Associação Brasileira de Pós- Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), ampliará as ações de promoção da saúde em seis núcleos regionais brasileiros. Firmado há oito anos e voltado para as estratégias de promoção da saúde, o primeiro acordo consolidou uma série de ações no Complexo de Manguinhos e do programa Dlis Manguinhos, junto com a estratégia de reorientação na gestão e na prestação de serviços no Centro de Saúde da Escola. O objetivo, agora, é ir além do convênio anterior.


Coordenado pela pesquisadora do Departamento de Ciências Sociais da Ensp, Regina Bodstein, o projeto Ações Intersetoriais para a Saúde: Promoção da Saúde como Estratégia para o Desenvolvimento Local Sustentável, usará as experiências e aprendizados adquiridos no primeiro convênio entre a Ensp e a CPHA para expandir os conceitos e práticas de promoção da saúde como parte da estratégia nacional de redução das iniqüidades sociais e a expansão da cidadania com desenvolvimento local sustentável. É sobre esse novo projeto que trata a entrevista abaixo, feita pelo Informe Ensp com a pesquisadora Regina Bodstein.


 A pesquisadora Regina Bodstein

A pesquisadora Regina Bodstein


Como começou essa parceria com a Associação Canadense de Saúde Pública (CPHA), que agora em 2007 dá início a um novo projeto em promoção da saúde?


Regina Bodstein: O convênio com o Canadá começou quando o presidente da Fiocruz, Paulo Buss, era diretor da Ensp, em 1999. Esse foi um convênio encaminhado por Buss e o chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Fundação, José Roberto Ferreira. Chamado de Promoção da Saúde em Ação, o projeto contava com financiamento da Canadian International Development Agency (Cida), junto com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), e buscava aumentar a capacidade do CSEGSF/Ensp em planejar, implementar e avaliar as estratégias para promoção da saúde; fortalecer a incorporação de teorias, estratégias de promoção em saúde nos programas de pesquisa e de pós-graduação em saúde pública da Escola; e disseminar conceitos e resultados dos projetos de promoção em saúde nas redes nacionais e internacionais de saúde pública. Esse primeiro convênio durou três anos e meio. Foi muito bem sucedido permitindo, desta forma, a negociação de um novo convenio.


O foco principal deste primeiro convênio foi a comunidade de Manguinhos?


Regina: Exatamente. O foco foi a região de Manguinhos. O projeto buscava qualificar as ações sociais já desenvolvidas em termos de promoção da saúde pelo Centro de Saúde da Ensp e pelo projeto Universidade Aberta nas comunidades vizinhas à Fiocruz. Com a mobilização da comunidade, criou-se o programa de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (Dlis-Manguinhos). Na época o Centro de Saúde estava discutindo a inclusão da perspectiva da promoção da saúde e o resultado principal do primeiro convenio foi a incorporação da promoção da saúde na Ensp, nas linhas de pesquisa e na valorização de estratégias e ações participativas e intersetoriais principalmente pelo Centro de Saúde. Desta forma conseguimos consolidar a relação com a comunidade, que já era antiga, mas que ganhou um novo impulso com tudo isso.


O novo convênio foi fruto do primeiro? Ele já estava previsto?


Regina: Ele não estava previsto. Foi uma nova negociação que demorou aproximadamente dois anos. Eu coordeno o projeto pela Ensp, junto com a CPHA e a Abrasco, por meio da participação do secretário-executivo da Associação, Álvaro Matida. Em termos de financiamento continua a Cida. Esse projeto atual tem outras características. Primeiro porque ele é nacional e não mais local, envolvendo seis núcleos regionais (Sobral, Recife, Goiânia, Campinas, Curitiba e Rio). A idéia agora é ampliar nossa capacidade de analisar e criar conhecimento em promoção da saúde, tendo por base as experiências já em curso nos estados selecionados, e usar a Ensp enquanto pólo para capacitar e formar profissionais em promoção da saúde. Ele está articulado com todo um grande programa de formação em promoção da saúde, junto com a Escola de Governo da Ensp, e tem duração de três anos (2007-2010).


Como partiu a indicação desses locais?


Regina: Na verdade foi uma parceria construída já através do Grupo de Trabalho de Promoção da Saúde da Abrasco, que é coordenado pelo diretor da Ensp, Antonio Ivo de Carvalho. Alguns grupos já eram parceiros e tinham interesse em participar. O pré-requisito era que houvesse ações e programas desenhados para comunidades carentes, uma vinculação com unidades e serviços de saúde e a presença de um núcleo de pesquisa e/ou ensino.


A escolha dos seis pólos foram estratégicos? Foram escolhidos ambientes com situações precárias como Manguinhos?


Regina: Sim, eles têm esse componente. Até porque o parceiro canadense trabalha na linha de promoção da saúde como questão de eqüidade e de tratamento de desigualdades sociais. A parceria com o Canadá se dá sob esse compromisso, visando melhorar a qualidade de vida e as condições de saúde da população carente.


E como o projeto vai ser executado?


Regina: Uma das estratégias foi pela parceria com a Educação a Distância da Ensp, que vai nos dar a ferramenta para construir uma rede entre os parceiros envolvidos no projeto. A idéia inicial é que a gente construa essa rede por meio de discussões em ambiente virtual. Vamos usar essa ferramenta para interagir e desenvolver as ações do projeto e para alavancar a discussão da formação e especialização no campo da promoção da saúde. É importante ressaltar que a Ensp vem se constituindo como um centro de referência em promoção da saúde e os parceiros nos seis locais escolhidos devem estar capacitados para atuar como centros colaboradores e multiplicadores.


Essa é uma das metas do projeto ao longo desses três anos, permitindo que a Ensp fortaleça seu papel nacionalmente, trabalhando em parceria com esses centros para ensino e pesquisa em promoção da saúde. Esse projeto tem uma característica interessante, como referido acima, porque envolve a articulação de centros de pesquisa, serviços de saúde e programas de promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida vinculados a organizações sociais e comunitárias que ancorem as ações e sirvam de referencia e critério para a avaliação das ações. Manguinhos continua sendo a nossa referência local. Ou seja, a gente continua trabalhando com essa comunidade, fortalecendo ações de intervenções sociais em saúde por aqui e os núcleos farão os mesmos por suas respectivas áreas.


Os centros serão expandidos para o resto do país?


Regina: A idéia é ampliar cada vez mais. Mas podemos perceber que os seis centros estão espalhados estrategicamente pelo país, menos na Região Norte. A idéia é que no Ceará se tenha um centro de colaboração que possa incluir sua região e talvez a Norte. Pernambuco é um outro que pode ser um centro de referencia e a idéia e montar essa rede nacional, ligadas à Ensp. Daí a importância da EAD em nos ajudar nesse processo.


As capacitações serão feitas por cursos desenvolvidos pela EAD?


Regina: Sim. Os cursos vão ser à distância, através da EAD mas também presenciais já que há recursos do convênio para isso. Estamos em fase de negociação com a EAD e em sintonia com a demanda dos nossos parceiros nacionais. Vamos usar a estratégia já consolidada da EAD, primeiramente capacitando tutores, para depois capacitar os profissionais envolvidos em promoção da saúde. Esses seis núcleos de certa forma já estão envolvidos no processo e agora a colaboração será aprofundada e consolidada por um processo de capacitação de tutores com formação em promoção da saúde nas suas localidades.


Já há alguma data prevista para o início dessas capacitações?


Regina: Ainda não, mas acreditamos que isso comece no segundo semestre de 2007. Até porque essas capacitações estão envolvidas com o curso de especialização em promoção da saúde, que a Ensp desenvolve sob coordenação da pesquisadora Maria de Fátima Lobato. A proposta será fechada ainda este ano e conta com o envolvimento da Coordenação da Escola de Governo em Saúde. Como esse curso de especialização é presencial, pretendemos pegar o conteúdo e a experiência adquirida e adaptá-lo para uma formação a distancia junto com o EAD.


E após os três anos haverá uma avaliação canadense?


Regina: Eles são muito rigorosos nesse processo. Estamos na fase de planejamento e temos que seguir o modelo definido por deles. Fazemos o planejamento detalhado das atividades, produtos e custos para os três anos e uma missão canadense é responsável por acompanhar todos os processos e resultados do convênio.


Fonte: Informe Ensp

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