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01/02/2023

Projeto desenvolve filme, livro e videoclipes sobre os impactos do mercúrio em povos da floresta na Amazônia

Julia Neves (EPSJV/Fiocruz)


Já em fase final de produção, o livro Garimpo de ouro na Amazônia: Crime, Contaminação e Morte é um desdobramento da pesquisa Impacto do mercúrio em áreas protegidas e povos da floresta na Amazônia: uma abordagem integrada saúde-ambiente, coordenada pela professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Ana Claudia Vasconcellos, em conjunto com o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), Paulo Cesar Basta. Financiado pelo Edital Saúde Indígena, do Programa Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz, o livro será um dos produtos do projeto que tem como objetivo contribuir com a melhoria das condições de vida e saúde dos indígenas Munduruku e promover o aperfeiçoamento do trabalho desempenhado pelas equipes de Atenção Primária que atuam no Distrito Sanitário Especial Indígena Tapajós, no estado do Pará. 

A publicação reúne uma série de pesquisadores especialistas nessas questões, como juristas, médicos, geólogos, professores-pesquisadores da EPSJV/Fiocruz e de outras instituições. “Cada capítulo desse livro traz a visão do garimpo com uma abordagem diferente, que é a leitura de cada profissional. Tem também prefácios escritos pelo jornalista André Trigueiro e pela jovem liderança indígena Txai Suruí”, comentou Ana Claudia. 

Os pesquisadores do projeto e profissionais da saúde indígena produzirão ainda um protocolo clínico para diagnóstico e acompanhamento de pessoas contaminadas por mercúrio. A ideia é enviar esse protocolo para a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e para o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). “A exposição humana ao mercúrio é um problema de saúde pública ignorado e invisibilizado. Sabemos que os casos não são notificados pelo [Sistema Único de Saúde] SUS e uma das razões é que os profissionais de saúde não são sensíveis ao tema. Mesmo quando atuam em uma área impactada pelo garimpo, eles não pensam na possibilidade da exposição ao mercúrio daqueles pacientes que têm relatos de, por exemplo, perda de coordenação motora, dores de cabeça e insônia, que são alguns dos sintomas comuns em casos de contaminação pelo mercúrio. Por isso, queremos que esse protocolo seja incorporado pelos profissionais do SUS”, destacou Ana Claudia. 

Amazônia Sem Garimpo

Os dramas e o perigo da contaminação dos rios e das águas pelo mercúrio, usado pela mineração, retratado pelos povos indígenas. Esse é o mote da animação Amazônia Sem Garimpo. Já lançado, o filme também é parte dos resultados do projeto conduzido por Ana Claudia e Paulo Basta. 

Segundo Ana Claudia, a construção do roteiro da animação foi feita de forma coletiva, envolvendo pesquisadores da Fiocruz, lideranças e pesquisadores indígenas da etnia Munduruku e a produtora Canoa Filmes. Além disso, o filme foi produzido em três línguas - português, Munduruku e Yanomami -, para alcançar mais pessoas. “Fazer um filme com narração em línguas indígenas aumenta muito a disseminação desse conteúdo técnico-científico para esses povos”, destaca, acrescentando que o filme, lançado em setembro de 2022, já foi reproduzido mais de 82 mil vezes, somente na língua Yanomami, no YouTube. “Isso mostra que temos conseguido atingir o público que queríamos”, comemorou. 

Outros produtos da pesquisa também já foram lançados, como os videoclipes das músicas Amazônia Sem Garimpo e Veneno Não, criados em parceria com artistas indígenas e que tratam da invasão dos territórios indígenas pelos garimpeiros e os problemas de saúde que essas invasões podem causar. “A ideia é valorizar os conceitos de arte e saúde e mobilizar pessoas para essa causa”, concluiu Ana Claudia. 

Saude Indigena

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