Agência Fiocruz de Notícias

O Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) está implantando uma série de ações motivacionais para a sistematização da assistência da enfermagem. “São estímulos simples, individuais e lúdicos. São mensagens objetivas, com figuras em papel colorido grampeadas na folha de ponto de cada profissional monitorado pelo processo. Implantado em março deste ano, já causa impacto positivo na qualidade do trabalho da equipe. Esta ação tem como meta aprimorar o registro da enfermagem no prontuário do paciente”, diz a coordenadora, a enfermeira Vânia Braz. O Ipec é  referência na atenção ao portador de doenças infecciosas como leishmaniose, Aids, HTLV, tuberculose, entre outras.

Segundo Vânia, “a ideia surgiu a partir de um relatório feito para avaliar a gestão hospitalar do Instituto e elaborado para implantar ações de melhoria com a finalidade de receber a certificação de acreditação hospitalar internacional. No processo, aponta-se a importância do corpo de enfermagem para a qualidade no cuidado do paciente e por isso, o comprometimento da enfermagem é fundamental”.

O trabalho teve início com um levantamento de informações na folha de evolução do prontuário do paciente da internação, as quais são descritas pelo profissional de enfermagem que assistiu o paciente. “Quando o(a) enfermeiro(a) preenche a folha de evolução, os dados devem estar completos, ou seja, precisa estar registrado quem atendeu, com assinatura e carimbo, o que foi feito ou não feito e por quê. Assim assinala toda a rotina feita pelo profissional".

Vânia diz que houve o mais variado tipo de anotação. "Há uma prática de sinalização universal da enfermagem de que, quando uma medicação prescrita pelo médico é feita em um círculo ao redor do horário da medicação prescrito na folha de evolução, significa que naquele momento o paciente não fez uso do medicamento. Isso pode ocorrer por vários motivos: recusa do paciente em recebê-lo, não haver o medicamento no hospital, entre outros. Percebeu-se que o profissional assinalava que o medicamento não foi administrado, mas não descrevia no prontuário o motivo. São pequenos detalhes que por falta de uma sistematização na rotina podem influenciar na atenção, no cuidado de qualidade do paciente”, explica Vânia.

Em muitos prontuários, a enfermeira observou que o profissional às vezes assinava e não carimbava, ou vice-versa. “Naquele profissional que assinou e não carimbou, por exemplo, na sua folha de ponto foi colocada uma mensagem dizendo: 'Fique atento! A prescrição deve estar assinada e carimbada. Sua colaboração é importante para a equipe!'. A enfermagem faz a prescrição dos cuidados do paciente e por isso é preciso padronizar a prática e o registro do mesmo”, relata a coordenadora.

O levantamento foi organizado por meio de uma planilha que contém o nome, a listagem com o nome do profissional, a data da vistoria da folha de evolução, a aplicação do lembrete e se houve ou não mudança. “Com esse trabalho pode-se fazer um monitoramento individual que chama a atenção do que pode ser melhorado por cada membro da equipe e também elogia e motiva quando o profissional fez um bom trabalho. Tenho uma mensagem em que utilizo o símbolo smile (um sorriso) dizendo o seguinte: 'você tem um bom registro, continue assim!' Detalhes que na rotina do atendimento podem ser perdidos. A intenção é sensibilizar a enfermagem para a importância de padronizar os registros que esclarecem as intercorrências de 24 horas de internação. Perceber que cada paciente tem necessidades diferentes no seu cuidado e que devem ser registradas para qualidade do cuidado”, afirma.

Profissional motivado para melhoria no cuidado reflete diretamente na atenção ao paciente. “Por meio do levantamento está sendo possível fazer um planejamento de ações a curto e longo prazo para aprimorar o processo de trabalho. Consequentemente, com um registro bem definido o padrão de atendimento aumenta e quem ganha são os pacientes”, resume Vânia.

A enfermeira conta que no próximo mês será feito um curso de capacitação para a equipe de enfermagem, com foco na sensibilização da equipe. “Acredito que pequenas ações de estímulo fazem com que o profissional se sinta parte integrante do processo. Perceber que cada um é importante para a equipe, com suas ações individuais, respeitando e valorizando”.

Publicado em 7/4/2009.