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05/07/2013

Projeto revela os micróbios que combatem infecções

Irlan Peçanha e Luciene Paes


Um estudo inovador sobre as moléculas pequenas de microbiomas humanos foi apresentado durante sessão científica no Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), pelo pesquisador Luiz Caetano Martha Antunes. Ele detalhou experiências realizadas com camundongos, em que estudou o papel da microbiota intestinal na saúde humana, tendo como alvo o seu envolvimento na proteção contra infecções pela bactéria salmonella. Foi demonstrado que a microbiota humana produz milhares de compostos químicos e muitos deles têm atividade biológica, protegendo o hospedeiro de infecções por salmonella. “Essas descobertas não só confirmaram o papel importante desempenhado pela microbiota, como também revelaram o grande potencial biotecnológico da comunidade microbiana, fato que vinha sendo até então negligenciado”, anunciou.

Micrografia mostra Salmonella typhimurium (em vermelho) invadindo células humanas
 

Segundo Antunes, projetos como esse podem representar o início de uma nova fase da bioprospecção por novos fármacos, focada na exploração da diversidade química da microbiota humana, que pode vir a representar uma importante fonte de novas drogas para o combate não só à tuberculose, mas também a outras diversas doenças infecciosas. O projeto foi submetido ao programa Inova-Ensp e recentemente agraciado para a realização da pesquisa.

Criado em 2010, o Inova-Ensp busca apoiar a pesquisa, desenvolvimento e inovação em saúde pública. O programa incentiva a implantação de uma estratégia institucional voltada para o fortalecimento da dimensão da pesquisa na Ensp, contribuindo, dessa forma, para o reposicionamento da escola como protagonista no que diz respeito a questões da esfera do Estado e de políticas públicas.

Antunes explicou que o corpo humano é colonizado por uma vasta comunidade de micróbios inofensivos chamados coletivamente microbiota. Apesar de a diversidade desses micróbios ter sido foco de muitos estudos nos últimos anos, as funções desse consórcio microbiano são, em grande parte, desconhecidas. Alguns estudos recentes, conforme disse Antunes, demonstraram que a microbiota é fundamental para o desenvolvimento do sistema imunológico, assim como para a absorção de nutrientes e proteção contra a invasão por micro-organismos patogênicos. As complexas interações existentes entre os micróbios e os seres humanos foram detalhadas pelo pesquisador, como também os estudos realizados durante seu estágio pós-doutoral, apresentando as técnicas de pesquisa utilizadas e apontando a grande riqueza de espécies de micróbios no intestino humano - mais de 35 mil.

Tendo em mãos esses estudos preliminares, o pesquisador presumiu que processos semelhantes pudessem ocorrer em outros sítios do corpo humano. A partir daí, desenvolveu um projeto de pesquisa visando determinar se o patógeno Mycobacterium tuberculosis, o agente etiológico da tuberculose, também é afetado por moléculas produzidas por bactérias da microbiota humana. Para isso, tanto a microbiota do trato respiratório, alvo principal do M. tuberculosis, como de outras partes do corpo serão estudadas.

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