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18/01/2011

Projeto vai identificar e mapear a biodiversidade brasileira

Jamerson Costa


O Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas) integrará um dos nove subprojetos inseridos na Rede Brasileira de Identificação Molecular da Biodiversidade (BrBol). O CPqRR fará parte da subárea Identificação Molecular de Parasitos e Vetores do Brasil, que terá como objetivo identificar molecularmente vetores, parasitos e patógenos, visando em última análise a melhoria da saúde humana. A proposta é gerar códigos de barras de DNA de aproximadamente 1,2 mil espécies (ou exatamente 6.634 espécimes) de parasitos e vetores, provenientes de 18 coleções biológicas de moluscos, helmintos, flebotomíneos, simulídeos, ceratopogonídeos, pulgas, carrapatos, triatomíneos (com duas coleções), fungos (duas), culicídeos (três) e tripanosomatídeos (três, para os gêneros Herpetomonas, Phytomonas, Leptomonas, Leishmania, Trypanosoma, Crithidia, Blastocrithidia e Wallaceina).


 A Fiocruz Minas participará gerando códigos de barras de DNA de aproximadamente 1,2 mil espécies de parasitos e vetores, provenientes de coleções biológicas de triatomíneos (foto, moluscos, helmintos, flebotomíneos, culicídeos e outras

A Fiocruz Minas participará gerando códigos de barras de DNA de aproximadamente 1,2 mil espécies de parasitos e vetores, provenientes de coleções biológicas de triatomíneos (foto, moluscos, helmintos, flebotomíneos, culicídeos e outras


De acordo com o pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Fernando Araújo Monteiro, coordenador nacional do subprojeto de identificação molecular de parasitos e vetores, em termos taxonômicos, esta área temática proporciona um campo de estudos que é, provavelmente, o mais heterogêneo entre as subáreas, já que inclui organismos pertencentes a três reinos distintos: Fungi, Animalia e Excavata. Integram a iniciativa 40 pesquisadores de quatro unidades da Fiocruz – Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (Ipec), Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane (CPqLMD/Fiocruz Amazônia) e o Centro de Pesquisa René Rachou – e também do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).


A Fiocruz Minas contribuirá no sequenciamento de parte da região do citocromo oxidase 1 (DNA mitocondrial) de exemplares da coleção malacológica, de responsabilidade do cientista Omar dos Santos Carvalho; da coleção de triatomíneos, que tem como responsável Liléia Gonçalves Diotaiuti; da coleção de flebotomíneos, com a coordenação de José Dilermando Andrade Filho; da coleção de tripanosomatídeos, coordenado por Célia Maria Ferreira Gontijo; e da coleção de culicídeos, sob a responsabilidade de Nágila Francinete Secundino. O Centro de Excelência em Bioinformática (Cebio/CPqRR), de responsabilidade do pesquisador Guilherme Oliveira, foi escolhido para criar e coordenar as ações de informática, por meio de um núcleo que centralizará todas as informações da rede.


Projeto propõe resultados abrangentes


O projeto integral, com todas as subáreas, contará com a participação de instituições do país inteiro e promete resultados de proporções abrangentes, com o apoio financeiro dos órgãos federais envolvidos, coordenados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No total, será destinado um valor estimado em R$ 5,4 milhões para a Rede BrBol.


De acordo com uma das cientistas envolvidas na submissão do projeto do CPqRR ao CNPq, Roberta Caldeira, do Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica (LHMM), a ideia geral do programa é, “a partir da rede formada por esta iniciativa, seqüenciar de forma padronizada todos os organismos vivos existentes no país para, assim, ampliar o conhecimento da biodiversidade brasileira. Para isso, será sequenciada uma pequena região do DNA para estudos de identificação específica”.


Segundo o edital, “o incentivo e apoio à formação de redes de pesquisa inter-regionais e interdisciplinares são extremamente eficazes para a indução ao desenvolvimento de uma dada área do conhecimento, o fortalecimento da capacidade instalada nas instituições de pesquisa e a realização de pesquisa colaborativa e interdisciplinar, com a possibilidade de padronização de metodologias, promoção do intercâmbio de dados, bem como a produção conjunta e a divulgação científica dos resultados”. Além disso, “a articulação de uma rede temática de pesquisa em Identificação Molecular da Biodiversidade Brasileira estimulará o intercâmbio entre instituições que concentram competências, a interação entre pesquisadores, o uso otimizado de recursos, o compartilhamento de infraestrutura para a pesquisa, com a perspectiva de convergência dos resultados”.


A iniciativa também possibilitará dar subsídio a uma possível integração do país às iniciativas internacionais sobre códigos de DNA. Entre eles estão o Projeto Internacional do Código de Barras da Vida (iBOL – International Barcode of Life Project), o Consórcio para o Código de Barras da Vida (CBOL – Consortium for the Barcode of Life) e a Iniciativa em Peixes do Código de Barras da Vida (FISH-BOL – Fish Barcode of Life Initiative).


Publicado em 14/1/2011.

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