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25/01/2008

Proteômica oferece pistas para entender e combater doenças

Catarina Chagas e Fernanda Marques


A proteômica – estudo do conjunto, estrutura e função de proteínas produzidas por uma célula em condições determinadas – abre grandes possibilidades científicas e tecnológicas. Da compreensão de como uma doença evolui ou uma célula responde a mudanças no seu ambiente externo até a identificação de novos alvos para medicamentos, vacinas e kits de diagnóstico, a proteômica é considerada o passo seguinte à genômica – baseada no mapeamento dos genes. Se estes não são suficientes para compreender os fenômenos biológicos, as respostas podem estar nas proteínas, sintetizadas a partir de informações contidas no DNA.


 Perales: trabalho pioneiro em identificar proteínas do processo de neutralização do veneno de cobra

Perales: trabalho pioneiro em identificar proteínas do processo de neutralização do veneno de cobra


O Rio de Janeiro é líder nacional nesse campo de pesquisa: na última Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular, o estado foi responsável por 47% dos trabalhos de proteômica apresentados. Na ocasião, a Fiocruz foi a segunda instituição com maior número de estudos sobre o tema, atrás apenas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “São bem amplas as possibilidades de estudo no campo da proteômica, que pode, em princípio, investigar qualquer fenômeno que envolva modificações no conteúdo protéico de uma célula”, explica o chefe do Laboratório de Toxinologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz, Jonas Perales.


Um dos trabalhos mais recentes orientados pelo pesquisador foi a identificação de dez proteínas plasmáticas (da parte líquida do sangue) que são expressas de forma diferenciada por pacientes com dengue, se comparados a pessoas saudáveis. A participação dessas proteínas nos mecanismos do dengue ainda não havia sido descrita na literatura científica e pode contribuir para o aperfeiçoamento das técnicas de diagnóstico e prognóstico, assim como para o desenvolvimento de uma droga específica para a doença.


A equipe de Perales tem experiência no uso das tecnologias proteômicas: realizou trabalhos pioneiros que identificaram duas das principais proteínas relacionadas ao processo de neutralização do veneno de cobras. Encontradas no sangue do gambá sul-americano (Didelphis marsupialis), as moléculas abriram caminho para um futuro tratamento antiofídico mais eficaz.  O estudo integrou uma das linhas de pesquisa que inauguraram, em 2002, a Rede de Proteômica do Rio de Janeiro, da qual Perales é hoje coordenador.


Além da participação nessa rede interinstitucional, a Fiocruz criou, internamente, a Rede de Genômica e Proteômica Aplicada. Esta é uma das cinco que compõem o Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Insumos para a Saúde (PDTIS), que desde 2002 visa à geração de produtos, processos e serviços com impacto na saúde pública e no desenvolvimento econômico e social do Brasil.


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