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27/10/2011

Provoc completa 25 anos tendo atendido mais de 2 mil alunos

Leonardo Azevedo


Primeira proposta formal e abrangente de iniciação científica na educação básica no Brasil, o Programa de Vocação Científica (Provoc) completou em 2011 os seus 25 anos. Criado em 1986, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), a iniciativa já atendeu mais de 2 mil alunos e tem o objetivo de receber jovens estudantes nos laboratórios de pesquisa da Fiocruz, visando incentivá-los a seguir carreiras científicas.


 “Durante o Provoc, decidi que o que eu queria profissionalmente era segir carreira biomédica e fazer medicina", Marcelo Pelajo, pesquisador do Laboratório de Patologia do IOC. Foto: Peter Ilicciev. 

“Durante o Provoc, decidi que o que eu queria profissionalmente era segir carreira biomédica e fazer medicina", Marcelo Pelajo, pesquisador do Laboratório de Patologia do IOC. Foto: Peter Ilicciev. 


Impulsionada pelo interesse em fazer estudos na área biomédica, a médica oftalmologista Risla de Oliveira Gomes ingressou no Provoc quando era aluna do Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Na Fiocruz, Risla atuou no Laboratório de Protozoologia, no Instituto Oswaldo Cruz (IOC). “Lembro bem que aprendi a usar os equipamentos do laboratório e me apaixonei pelas pipetas. Foi uma experiência muito enriquecedora e que me abriu uma porta para novos conhecimentos”, conta.


Já para o pesquisador da Fiocruz Marcelo Pelajo, a entrada no Programa foi motivada por uma visita à Fundação e também pela dúvida na escolha profissional, entre Medicina e Engenharia. “Para mim, era clara a ideia de que a medicina não era só lidar com pessoas, mas que o desenvolvimento científico era fundamental por trás da carreira médica. Visitar a Fiocruz foi uma oportunidade de conhecer a questão do desenvolvimento científico por trás da carreira biomédica”, afirma.


Para o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o Programa está em sintonia cm os objetivos da instituição. “Muito da força de pensar, da maneira de trabalhar com os novos cientistas, de pensar a transmissão, o compartilhamento e a coprodução do Provoc já estavam presentes desde a criação da Fundação”.

 

Vivência em pesquisa


A cada ano, ingressam no programa 190 novos alunos do Ensino Médio de escolas públicas e privadas, incluindo as unidades do Colégio Pedro II, São Vicente de Paulo e os de aplicação da Uerj e da UFRJ, além do Instituto Metodista Bennett e o Centro Educacional Anísio Teixeira. O êxito da experiência iniciada no campus de Manguinhos possibilitou, a partir de 1996, a ampliação para o Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM), em Salvador (BA); Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR), em Belo Horizonte (MG); e o Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), em Recife (PE).


Para atender aos jovens das comunidades do entorno do campus de Manguinhos, desde 1999 moradores do Complexo da Maré são selecionados pelo Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm) e pela Rede de Desenvolvimento da Maré (Redes). Os moradores de Manguinhos foram contemplados a partir de 2004 com o Provoc-Dlis (Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável) e, desde 2008, com o Provoc-Somar (Comissão de Responsabilidade Socioambiental de BioManguinhos).


A diretora da EPSJV, Isabel Brasil, acredita que a iniciação científica não é uma ação voltada apenas para a pesquisa, mas também para formação. “Não basta belas experiências que fiquem em guetos. É preciso mostrar que qualidade é avançar no ensino público, é avançar no acesso”, afirmou.


Já a coordenadora do Provoc, Cristina Araripe, enfatiza a colaboração do programa na escolha profissional consciente dos jovens. “Precisamos democratizar o campo da ciência e tecnologia, alinhados com a política educacional do país e dentro dos objetivos da Fundação”, defende.


Atualmente a experiência do Programa abrange outras instituições, como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Miguez de Mello (Cenpes/Petrobras) e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa/MCT). O Programa serviu ainda de modelo para a criação de projetos, como o Jovens Talentos para a Ciência, no Rio de Janeiro, e o Jovem Cientista Amazônida, no Amazonas. Em 2003, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criou o programa de Iniciação Científica Júnior, o que possibilitou a expansão da iniciativa pelo o País.


De acordo com dados do Ministério da Ciência e Tecnologia, 2,6% da população ocupada (240,5 mil pessoas) no Brasil atua na área de pesquisa e desenvolvimento. Desse total, só 133,3 mil são pesquisadores de fato.



Publicado em 27/10/2011.

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