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30/11/2007

Quatro em cada cinco mães usaram medicamentos durante a gravidez no RS

Igor Cruz


Mais de 80% das mulheres consumiram pelo menos um medicamento durante a gestação, segundo pesquisa feita com cerca de 2.200 mães de crianças em fase de amamentação, em Passo Fundo (RS). Publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, o trabalho foi coordenado pela enfermeira Lorena Teresinha Consalter Geib, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Passo Fundo.


 Dependendo do caso, os fármacos precisam ser utilizados na gestação, mas é necessário que esse uso seja feito sempre sob prescrição e orientação médica (Foto: Medical Bussines Advantage)

Dependendo do caso, os fármacos precisam ser utilizados na gestação, mas é necessário que esse uso seja feito sempre sob prescrição e orientação médica (Foto: Medical Bussines Advantage)


O estudo foi motivado pela constatação de que o consumo de fármacos na gestação era orientado não só por prescrição médica, mas também por auto-medicação e uso intencional de substâncias para provocar aborto, além de utilização não intencional em gravidez ainda desconhecida. Em todas essas situações, existem efeitos colaterais potencialmente nocivos.


A pesquisa se baseou na classificação da Food and Drug Administration, agência americana de regulação de alimentos e medicamentos, que organiza os fármacos quanto aos efeitos na gestação em cinco categorias: A, B, C, D e X, em ordem crescente de risco. Assim, na categoria A, estão incluídos os medicamentos que, em estudos com mulheres grávidas, não causam danos ao bebê, enquanto os fármacos do tipo X são aqueles contra-indicados na gestação, pois apresentam clara evidência de risco fetal humano.


Em Passo Fundo, os medicamentos da classe A foram os mais usados durante a gestação (53,4%), seguidos pelos das classes C (24,46%) e B (18,1%). O estudo revelou, ainda, que pré-natal incompleto, idade materna menor ou igual a 20 anos, parto cesáreo e aborto prévio são fatores associados ao consumo de fármacos na gravidez, o que poderia trazer prejuízos aos bebês.


Problemas de saúde das mães determinaram esse consumo de medicamentos, que, por vezes, são de fato necessários. Isso aponta que, dependendo do caso, os fármacos precisam mesmo ser utilizados na gestação, porém é necessário que esse uso seja feito de forma segura e correta, sempre sob prescrição e orientação médica. “A realidade epidemiológica do consumo de medicamentos deve ser considerada pelos profissionais e gestores de saúde para a formulação de programas educativos e políticas de assistência farmacêutica”, conclui o artigo.

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