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02/06/2008

Rede Brasil do Patrimônio Cultural da Saúde apresenta levantamento de edifícios hospitalares

Edna Padrão


Desenvolver uma base de dados com verbetes sobre os edifícios hospitalares construídos no Brasil, desde o período colonial, e integrá-la à Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), além da publicação de um livro. Estes foram os produtos divulgados no workshop Patrimônio Cultural da Saúde, promovido no fim de maio na Fiocruz, para disseminar os resultados do projeto Inventário Nacional do Patrimônio Cultural da Saúde: bens edificados e acervos, executado pela Rede Brasil do Patrimônio Cultural da Saúde, coordenado pela Casa de Oswaldo Cruz (COC).


 A pesquisadora Lena Castello Branco Freitas (UFG) apresenta o inventário de Goiânia

A pesquisadora Lena Castello Branco Freitas (UFG) apresenta o inventário de Goiânia


Pesquisadores de Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Salvador e Goiânia envolvidos no projeto, além da equipe dos departamentos de Patrimônio Histórico e de Pesquisa da COC, enfatizaram a relevância do desenvolvimento de ações cooperativas, de modo a integrar esforços para a criação de instrumentos que contribuam para a eqüidade do acesso à informação, bem como para a formulação e implementação de políticas de identificação, recuperação, conservação e valorização do patrimônio cultural da saúde.


Ao levantamento do patrimônio arquitetônico-histórico de hospitais e outras instituições de assistência médica, assim como os institutos de pesquisa científica criados no início do século 20, associa-se a identificação de acervos documentais arquivísticos, bibliográficos ou museológicos que pertençam a estas instituições ou que estejam sob sua guarda. Tal associação se justifica nas palavras da professora Margarida de Souza Neves (PUC-RJ), debatedora no workshop. “O conceito de memória e a importância teórica de operá-lo são avessos ao conceito de acumulação de dados”. Margarida parte do pressuposto de que o tempo da memória é o presente e o futuro e que o inventário é uma obra aberta. “O inventário, ao ser disponibilizado na web, ficará aberto a contribuições”, diz ela.


Segundo Gisele Sanglard, uma das coordenadoras do evento, os trabalhos feitos nas capitais chamam a atenção para a diversidade das experiências, bem como das identidades locais. O resultado apresentado pelas equipes contemplou entre 20 e 200 instituições, respeitando a dimensão e a história de cada capital. Da mesma forma que a ampliação dos limites cronológicos também respeitou as características locais. De forma breve, as apresentações das equipes apontam para um quadro, pouco estudado, da assistência médico-hospitalar no país, das relações sociais e políticas que a configuram e singularizam.


“Nas apresentações também foram levantados alguns questionamentos, que vão merecer investigação futura: como as cidades planejadas brasileiras – no caso, Belo Horizonte e Goiânia – foram concebidas sem hospitais? Ou ainda, por que não foi localizada nenhuma forma de assistência médica mantida por sociedades beneficentes em Minas Gerais? Estas e outras questões mostram a importância de conhecermos melhor o universo da assistência no país”, afirma Gisele.


Este empreendimento no Brasil será ampliado no que diz respeito à difusão e ao uso social dos acervos quando integrar a Rede Latino-Americana de História e Patrimônio Cultural da Saúde, criada em 2005, na 4ª Reunião de Coordenação Regional da Biblioteca Virtual de Saúde e 7º Congresso Regional de Informação em Ciências da Saúde (CRICS/BVS4), e a BVS.


Yanara Haas (Iphan-Rio) encerrou o evento expressando sua preocupação em relação aos acervos, uma vez que foi consenso as dificuldades encontradas pelos pesquisadores em campo, tanto pela conservação destes quanto pela burocracia exigida, sugerindo a publicação de um guia de fontes. “É um instrumento importantíssimo para futuros pesquisadores, pois eliminaria etapas da pesquisa”, conclui.

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