20/10/2006
Bel Levy e Renata Fontoura
A resistência de microorganismos causadores de doenças às drogas produzidas para combatê-los é um desafio constante para a medicina e a ciência. Neste caso estão incluídos os antibióticos utilizados para o combate a infecções bacterianas e outras drogas empregadas no tratamento de infecções parasitárias, fúngicas e virais. Para debater o tema e traçar estratégias que possam controlar o problema, o III Simpósio de Resistência aos Antimicrobianos – I Simpósio de Resistência a Drogas Quimioterápicas, organizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz, reunirá, de 24 a 27 deste mês, especialistas nacionais e estrangeiros no Hotel Glória, no Rio de Janeiro.
Entre os convidados estão o pesquisador Aníbal Sosa, da Aliança para o Uso Prudente de Antibióticos (Apua, na sigla em inglês), que discutirá a emergência de bactérias a novos antibióticos, a pesquisadora Lai King Ng, diretora da Agência de Saúde Pública do Canadá, que discutirá a resistência antibiótica de bactérias que provocam doenças sexualmente transmissíveis e que apresentará a experiência canadense no controle da bactéria Salmonella, e Gabriel Schmunis, representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que apresentará a atual situação da resistência aos antibióticos nas Américas.
Produzidos a partir de microrganismos como fungos e bactérias, os antibióticos são agentes terapêuticos utilizados contra bactérias causadoras de doenças. O uso inadequado destes medicamentos, como a automedicação e a superdosagem, porém, pode desencadear um processo de resistência do agente causador da doença e comprometer o tratamento. Doenças há pouco facilmente curáveis, como gonorréia e febre tifóide, por exemplo, apresentam hoje dificuldades de tratamento em função da resistência de seus patógenos aos esquemas terapêuticos tradicionalmente utilizados.
Para a coordenadora do Laboratório de Referência Nacional de Cólera e outras Enteroinfecções Bacterianas do IOC e integrante da comissão organizadora do evento, Dália dos Prazeres Rodrigue, a discussão em torno da resistência aos antimicrobianos e drogas quimioterápicas é fundamental para deter sua expansão. “Sem o uso mais sábio e controlado, as drogas empregadas terapeuticamente serão impotentes contra a população microbiana, cada vez mais resistente”, avalia. A resistência a medicamentos, que pode ser natural ou adquirida, compromete o controle de doenças importantes e é considerada, pela Organização Mundial de Saúde, um obstáculo à promoção e à manutenção da saúde pública.
Em sua terceira edição, o simpósio ganhou uma abrangência maior e também discute a resistência a drogas quimioterápicas. A expectativa é de que 700 participantes estejam presentes no evento. A programação inclui também reuniões do Programa de Monitoramento de Alimentos de Origem Animal (Prebaf),da Anvisa e da Rede Nacional de Monitoramento de Enteropatógenos. Mais informações no site do simpósio.