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16/03/2009

Revista aborda vacinação para HPV e uso de medicamento para doença de Chagas


Importantes problemas de saúde pública são temas de estudos publicados na nova edição da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. O artigo de revisão HPV vaccination: the beginning of the end of cervical cancer?, de pesquisadores do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, de São Paulo, traz informações atualizadas sobre as duas vacinas profiláticas contra o papilomavírus humano (HPV) disponíveis atualmente no mercado, assim como apresenta pesquisas em andamento envolvendo novas vacinas terapêuticas a base de peptídeos, proteínas e células dendríticas. O HPV é um vírus capaz de provocar lesões de pele ou mucosa. Na maior parte dos casos, as lesões têm crescimento limitado e habitualmente regridem espontaneamente, porém em alguns casos o HPV está associado a determinados tipos de câncer, como o do colo do útero, segundo mais prevalente entre as mulheres brasileiras.



Um estudo colaborativo entre a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde, do Rio Grande Sul, a Universidade Federal de Santa Catarina e a Fiocruz Minas analisou a eficácia do tratamento a base de benznidazol em 80 pacientes assintomáticos de doença de Chagas no Rio Grande do Sul, avaliados durante três anos. Os participantes foram tratados com 5mg/kg de benznidazol duas vezes ao dia durante 60 dias. Os autores apontam que as hemoculturas se tornaram negativas logo após o tratamento e permaneceram negativas durante os três anos de acompanhamento. No terceiro ano após o tratamento, nove dos 80 pacientes apresentaram PCR, uma técnica sensível de diagnóstico molecular, negativo. Desses, quatro também apresentaram testes de sorologia negativos. Segundo os autores, os resultados mostram que quatro dos 80 pacientes foram curados após o tratamento com benznidazol.


Outro artigo publicado na revista estuda o impacto da diversidade de insetos hematófagos sobre a saúde do ecossistema do Rio Negro, no estado do Amazonas. Os pesquisadores da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, do Centro Universitário Nilton Lins e do Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) coletaram e analisaram 11.612 mosquitos. Segundo eles, a diversidade dos insetos encontrada na amostra revela a receptividade dos assentamentos ao longo do Rio Padauiri, no médio Rio Negro, com relação a uma série de doenças facilitadas pela presença dos respectivos vetores, como os da malária, febre amarela silvestre e dengue.


Observada sobre outro viés, a malária também é tema do artigo A closer look at multiple-clone Plasmodium vivax infections: detection methods, prevalence and consequences, no qual pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Escola de Medicina Mont Sinai, de Nova York, relatam uma revisão das estratégias usadas atualmente para a detecção de clones geneticamente distintos em amostras de Plasmodium vivax, parasita causador da doença. Os autores sugerem que, quando dois ou mais clones geneticamente distintos estão presentes no mesmo hospedeiro, a competição por recursos limitados pode selecionar características do Plasmodium vivax que representam grandes desafios para a saúde pública, assim como maior virulência, maior transmissibilidade e resistência a medicamentos antimalárico.


Outro agravo, desta vez a leishmaniose, é o tema de trabalho desenvolvido pela Fiocruz Minas. Após testes em 76 pacientes, pesquisadores da instituição defendem que a cultura do fluido aspirado de lesões cutâneas é um método factível para o diagnóstico da leishmaniose cutânea e pode ser adotado como procedimento de rotina por serviços de saúde para o isolamento e identificação do protozoário Leishmania braziliensis.


Uma união entre pesquisadores da França e do México resultou numa pesquisa que sugere o uso de parasitas como marcadores filogeográficos. Para testar essa hipótese, os pesquisadores estudaram amostras do fungo Pneumocystis, que pode causar pneumonia, isolados de morcegos selvagens de diferentes regiões geográficas. Como os morcegos compreendem uma grande variedade de espécies e alguns são capazes de migrar, a cronologia e o comportamento migratório dos morcegos podem ser abordados usando-se o fungo como um marcador filogeográfico.


Outra cooperação, desta vez entre o Instituto de Parasitologia da Academia de Ciências da República Tcheca e o IOC, analisou a morfologia do verme nematóide Camallanus tridentatus, parasita de peixes da Amazônia brasileira. Os autores descreveram as sua características morfológicas, com base na análise de espécimes obtidas do estômago e intestino de pirarucus infectados. O estudo revelou características morfológicas taxonomicamente importantes nunca antes identificadas em C. tridentatus, levando os pesquisadores a concluir que a espécie difere significativamente de outras que parasitam peixes de água doce da América do Sul, principalmente no que tange à estrutura da cápsula bucal e da cauda da fêmea.


Leia aqui a íntegra da nova edição das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. O acesso é gratuito.


Publicado em 13/03/2009.

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