Início do conteúdo

15/01/2013

Revista convida leitor a refletir sobre comunicação científica


Acaba de ser lançada a nova edição da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, publicada pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Ficoruz). A edição inclui nove artigos inéditos tratando de temáticas diversificadas: há a análise de Eliane Fleck e Roberto Poletto, da Universidade do Vale dos Sinos (RS), sobre um manuscrito escrito em 1710 pelo jesuíta Pedro Montenegro, Materia medica misionera. Além de saberes mágico-religiosos e dos exóticos ingredientes para as receitas, há no livro que eles estudaram as concepções hipocráticas e galênicas e o empirismo que marca as transformações científicas do século18. A Carta do Editor desta edição convida o leitor a refletir sobre a comunicação científica nos dias de hoje.


 Engenheiros restabelecem linha telegráfica da estrada de ferro entre Camboinhas (SC) e União da Vitória (PR), durante a Guerra do Contestado (1914-1915). O tema é foco de um artigo da revista 

Engenheiros restabelecem linha telegráfica da estrada de ferro entre Camboinhas (SC) e União da Vitória (PR), durante a Guerra do Contestado (1914-1915). O tema é foco de um artigo da revista 





Em Bactéria ou parasita? a controvérsia sobre a etiologia da doença do sono e a participação portuguesa, 1898-1904, Isabel Amaral, da Universidade Nova Lisboa, discute a causa da doença do sono, desconhecida até o início do século 20. A doença tipicamente africana foi o principal obstáculo à colonização europeia. Várias missões científicas foram às colônias, como a que seguiu para Angola em 1901, e a Royal Society of London apoiou duas viagens para estudar a doença em Entebe. O resultado dessas investigações resultou uma controvérsia, na qual Portugal se envolveu entre 1898 e 1904, analisado neste artigo.



Há ainda uma entrevista com Nelson Papávero, estudioso da zoologia no Brasil e uma análise feita a partir do cruzamento de fotografias da Guerra do Contestado, em 1910, com os discursos de oficiais do Exército. Uma nota de pesquisa sobre a ação do Serviço Especial de Saúde Pública como impulsionadora do desenvolvimento regional entre 1940 e 1950, além de resenhas de cinco livros publicados recentemente completam a edição.



Pouco antes das festas de fim de ano, ao escrever a Carta do Editor deste número de História, Ciências, Saúde – Manguinhos, o historiador Jaime Benchimol convidou os leitores a pensar sobre várias questões fundamentais para a comunicação científica, que envolve os trabalhos publicados em periódicos como o da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), indexados em bases de dados internacionais e que contam com conselhos editoriais, que avaliam os artigos escritos por pesquisadores. A carta revela que, em reunião da equipe editorial, foram sugeridos temas para compor dossiês e suplementos temáticos em próximos números, como a história dos esportes, levando em conta os grandes eventos que vão ocorrer no país a partir deste ano, bem como uma análise sobre os 25 anos de criação do Sistema Único de Saúde no Brasil. Entre outros assuntos a serem abordados está o centenário de morte do naturalista Alfred Russel Wallace, contemporâneo de Charles Darwin, que também tinha a sua teoria sobre a origem das espécies.


Com a mesma preocupação, Benchimol também destaca que “continuam a ser metas relevantes” a presença de um número maior de artigos escritos por autores “das diversas regiões brasileiras ... assim como o aumento da visibilidade da revista fora do país no que se refere a citações e, consequentemente, ao desempenho em indexadores internacionais”. Ele lembra que há anos, visando ao aumento da visibilidade e do impacto dos artigos publicados na revista, a cada nova edição alguns trabalhos vêm sendo traduzidos para o inglês e, na edição digital no Portal SciELO  (Scientific Electronic Library Online), os trabalhos aparecem tanto no idioma em que foram escritos, português ou espanhol, como em inglês.


Para o editor, História, Ciências, Saúde – Manguinhos “cumpriu exemplarmente este programa até hoje”. No Portal SciELO, a revista integra duas coleções, a de ciências humanas e a de ciências da saúde. Benchimol explica que “a diversidade de classificações obtidas no Qualis-Capes, que avalia periódicos científicos, reflete bem sua abrangência. Ela permanece firmemente no campo da história, onde primeiro obteve sua melhor classificação, A1”. Ele se apressa em apresentar as outras notas da revista nesta avaliação: A1 em educação, sociologia e interdisciplinar; A2 em ciências sociais aplicadas, letras/linguística, serviço social e B1 em antropologia/arqueologia, arquitetura e urbanismo, artes/música, educação física, ensino, geografia, planejamento urbano e regional, psicologia, saúde coletiva. Mas “é a história o seu eixo, a base de sua identidade em meio a tantas interfaces” diz Benchimol, para quem “importa ressaltar o fato extremamente singular de estarmos na alça de mira de tantos comitês de área”.


Publicado em 14/1/2013.

Voltar ao topo Voltar