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12/03/2013

Saúde e desastres: pesquisadora da Ucla vai colaborar por três anos com a Fiocruz

Informe Ensp


O Núcleo de Assistência Farmacêutica (NAF) da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) terá a colaboração, durante três anos, da pesquisadora visitante Kimberley Shoaf, diretora associada do Centro para Saúde Pública e Desastres da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla). “A Kimberley foi um achado, porque, nessa área, estamos engatinhando. Ela é especialista num tema que, no Brasil, ainda não recebe muita atenção”, considerou a pesquisadora Cláudia Osório de Castro. Outra iniciativa semelhante da Ensp foi o lançamento, em 2012, do site Centro de Conhecimento em Saúde Pública e Desastres, coordenado pelo pesquisador Carlos Machado de Freitas e que pode ser acessado aqui.


 De acordo com a pesquisadora americana, no momento em que o Brasil se prepara para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a preparação voltada para os eventos de destruição em massa deve estar bem estruturada e ter instaurada a preparação necessária para desastres

De acordo com a pesquisadora americana, no momento em que o Brasil se prepara para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a preparação voltada para os eventos de destruição em massa deve estar bem estruturada e ter instaurada a preparação necessária para desastres


O perfil profissional da pesquisadora veio ao encontro do projeto do NAF, que se propõe a avaliar a assistência farmacêutica, no âmbito do atendimento de urgência e emergência do sistema de saúde brasileiro, especificamente em locais do país onde ocorrerão os eventos esportivos mundiais, em 2014 (Copa do Mundo de Futebol) e 2016 (Jogos Olímpicos), e sua capacidade para lidar com mass casualty events (eventos de destruição em massa) acidentais ou mesmo promovidos por ações de grupos interessados em grandes manifestações propositalmente destrutivas. A profissional vem ao Brasil por meio do Programa Ciência sem Fronteiras, iniciativa dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC).


O Centro para Saúde Pública e Desastres, onde Kimberley trabalha, existe desde 1997. O Centro foi criado após ocorrer um terremoto em Los Angeles. “Foi necessário treinar os profissionais da saúde em atendimento a desastres. Hoje, já oferecemos mestrado especificamente na área de desastres naturais”, informou Kimberley. Ela publicou diversos artigos científicos em revistas sobre desastres e saúde pública de emergência.


Segundo Cláudia Osório, o Brasil dispõe de estrutura formalmente estabelecida voltada para absorver os impactos resultantes de eventos que possam levar à ocorrência de desastres. A par dessa estrutura, existe uma política formal de defesa civil e a própria instituição da Defesa Civil, já implantada. No entanto, disse ela, apesar da relevância dessas situações para a vida nacional, o tema “preparação” – o aumento da capacidade de resposta a eventos danosos que possam levar a desastres – é um assunto pouco discutido ou estudado.


Cláudia explicou que a assistência farmacêutica, como componente-chave do setor da saúde, é especialmente demandada em casos de desastres. Por isso, acrescentou ela, em se tratando dos referidos eventos esportivos, a preparação voltada para os eventos de destruição em massa deve estar bem estruturada e ter instaurada a preparação necessária para desastres. O projeto prevê estudos de caso, que destacarão, como unidades de análise, as capitais que receberão os jogos da Copa e da Olimpíada. Também serão selecionados até cinco hospitais públicos que atendam urgência e emergência, cinco Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) das capitais. 


Cláudia disse que o critério primário de identificação das unidades é a relativa proximidade dos locais de realização de jogos/competições, de acordo com as diretrizes da Federação Internacional de Futebol. No Rio de Janeiro, cidade-sede dos Jogos Olímpicos, a amostra poderá ser expandida para incluir unidades de saúde localizadas nas proximidades dos locais de realização das diversas provas. O projeto também pretende entrevistar atores-chave das diferentes instâncias governamentais envolvidas na assistência farmacêutica, na preparação e na resposta a desastres, e gestores da rede hospitalar de interesse.


Os produtos previstos pelo projeto são: estabelecimento de parceria entre a Ensp e o Centro para Saúde Pública e Desastres da Ucla; elaboração de manual, voltado para mass casualty events no Brasil, com orientações pertinentes à preparação da assistência farmacêutica; produção de quatro artigos científicos para publicação em periódicos indexados; divulgação dos resultados do projeto em instâncias da Defesa Civil e do Ministério da Saúde; e formação de alunos graduandos e pós-graduandos, na Fiocruz e na Universidade Federal Fluminense.


A Ensp lançou, em dezembro de 2012, o site do Centro de Conhecimento em Saúde Pública e Desastres, que integra o Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes) da Fiocruz. Segundo o coordenador-técnico do projeto e pesquisador da Ensp Carlos Machado de Freitas, o site reúne produções científicas, guias e manuais produzidos no Brasil. Esses produtos serão constantemente atualizados, de forma a divulgar experiências exitosas. Materiais de outros países da América Latina também estão incluídos nesse ambiente, considerado um ponto de conexão entre pessoas e experiências.


Publicado em 8/3/2013.

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