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27/09/2010

Saiba como ajudar bebês que não têm acesso a esta fonte natural de nutrientes

Bel Levy


Os benefícios da amamentação são velhos conhecidos da ciência, da medicina, de mães e bebês. Diversas pesquisas demonstram a importância do aleitamento materno como fonte de alimentação exclusiva até o seis meses de idade e comprovam o impacto positivo do leite humano na formação do sistema imunológico, prevenção de infecções e doenças diarréicas e no desenvolvimento cognitivo da criança. Esta estratégia nutricional é tão importante que 22 países, liderados pelo Brasil por meio da Fiocruz, integram o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano (IberBLH), com o objetivo de garantir o aleitamento materno a todos os recém-nascidos – incluindo bebês internados em unidades neonatais e filhos de mães impossibilitadas de amamentar. De 28 a 30 de setembro, representantes de todas as unidades do IberBLH estarão em Brasília para discutir os avanços e novos desafios na área, durante o V Congresso Brasileiro / I Congresso Iberoamerciano de Bancos de Leite Humano.


O coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RedeBLH) e chefe do Centro de Referência Nacional para Bancos de Leite Humano do Brasil, o engenheiro de alimentos João Aprigio Guerra de Almeida, explica que os bancos de leite humano criados no Brasil constituem hoje estratégia internacional para erradicar a mortalidade infantil, com ênfase na preservação da vida e da saúde de bebês. “Desde 1985 entendemos os bancos de leite humano, criados na década de 1940, como estratégia de saúde pública para a redução da mortalidade infantil – um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Os ótimos resultados expandiram a metodologia para outros países e, em 2009, atendemos 170 mil bebês e 1.400.000 mulheres com dificuldades de amamentação em todo o mundo”, João Aprígio resume.


Os resultados motivaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) a reconhecer a RedeBLH como a ação que mais contribuiu para a redução da mortalidade infantil no mundo, na década de 1990. Em virtude desta conquista, em 2001, a RedeBLH foi contemplada pelo Prêmio Sasakawa de Saúde, concedido pela OMS. “Além de ampliar a visibilidade do trabalho no cenário internacional, fomos convidados pela OMS e pela Organização Panamericana de Saúde (Opas) a estabelecer cooperação com os países da América Latina para replicar esta metodologia”, conta João Aprigio. O engenheiro de alimenatos conta que a iniciativa é dedicada especialmente ao segmento de recém-nascidos internados em unidades hospitalares que precisam de cuidados neonatais especiais. “São crianças muito vulneráveis, que nasceram antes do tempo. O aleitamento materno é fundamental para compensar a imaturidade imunológica e a debilidade orgânica desses bebês”, João Aprigio alerta.


Para que os bancos de leite humano funcionem, é essencial a participação de mães em fase de amamentação. Muitas mulheres têm excesso de leite e podem doar este alimento tão precioso aos bebês que precisam. João Aprígio informa que para se tornar doadora, além de ter excesso de leite, é preciso estar bem de saúde, não usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a doar o excedente. “O procedimento de ordenha é simples. O leite deve ser retirado depois que o bebê mamar ou quando as mamas estiverem muito cheias”, o pesquisador ensina e ressalta que é importante ter atenção às recomendações de higiene para garantir a qualidade do alimento doado. Depois de passar por processos de seleção, classificação e pasteurização, o leite humano doado é distribuído com qualidade certificada aos bebês internados em unidades neonatais.


Publicado em 27/9/2010.

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