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20/08/2010

Salvador recebe congresso da Abrasco sobre políticas de saúde

Informe Ensp


Em março de 2010, a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) passou a contar com um novo secretário-executivo, Carlos dos Santos Silva. Foi dele a tarefa de organizar, junto com toda a equipe da Abrasco, o 1º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, que ocorrerá em Salvador, de 24 a 26 de agosto. Silva tem graduação em medicina pela Universidade Federal Fluminense (1976), mestrado em pediatria pela Universidade Federal Fluminense (1991) e é doutorando em saúde pública na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Foi coordenador do Programa de Saúde Escolar da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro no período de 1992 a 2009. Em entrevista ao Informe Ensp, o pesquisador fala sobre as novidades, a estrutura e os desafios deste primeiro congresso com a temática da política, planejamento e gestão em saúde.


 Silva: O congresso está estruturado com diferentes atividades, mas, em todas, há a preocupação de valorizar e priorizar os debates e as reflexões, como mesas de debate, simpósios e outras atividades com suas especificidades, como, por exemplo, os colóquios (Foto: Juana Portugal/Abrasco)

Silva: O congresso está estruturado com diferentes atividades, mas, em todas, há a preocupação de valorizar e priorizar os debates e as reflexões, como mesas de debate, simpósios e outras atividades com suas especificidades, como, por exemplo, os colóquios (Foto: Juana Portugal/Abrasco)


A Abrasco vai realizar o 1º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde. O que levou a associação a realizar um congresso com essa temática?

Carlos dos Santos Silva:
O Congresso surgiu como um desdobramento das atividades da Comissão de Políticas, Planejamento e Gestão em Saúde da Abrasco e a necessidade de responder a demandas relacionadas ao tema de políticas e gestão em saúde. O evento será realizado em parceria com o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBa) e com a Secretaria de Estado de Saúde da Bahia (Sesab), o que, de certo modo, traz para o centro do debate tanto a academia como os serviços e a gestão em saúde.


Além disso, há o empenho da Direção da Abrasco em pautar o debate sobre a política de saúde principalmente neste ano que é eleitoral, e buscar o compromisso dos candidatos presidenciáveis e governáveis com a política e o modelo de saúde brasileiro, identificar lacunas nos programas dos candidatos e apresentar contribuições para essas questões. Nesse sentido, o congresso foi organizado para ser um espaço estratégico que estimule esse tipo de reflexão com a comunidade científica, os gestores e os integrantes da área de saúde coletiva.


Quais serão os temas centrais da primeira edição?

Silva: A partir do tema geral Caminhos e Descaminhos da Política de Saúde Brasileira, o congresso definiu três grandes eixos temáticos que nortearão as contribuições e os debates do evento: a saúde no contexto das políticas de proteção social e do desenvolvimento; sistemas de saúde, modelos assistenciais e gestão pública relação público/privado; e saúde coletiva: os desafios acadêmicos e políticos atuais da Área de Política, Planejamento e Gestão. Vale uma visita ao site do Congresso (www.politicaemsaude2010.com.br) para explorar melhor a escolha desses temas. No próximo boletim da Abrasco, que será lançado no Congresso, há uma entrevista com Ana Luiza Vianna, que coordena a Comissão de Políticas, Planejamento e Gestão em Saúde e é a presidenta do congresso, em que ela descreve a origem do congresso, além de detalhar também os eixos temáticos.


Como o congresso está estruturado? Qual o volume de trabalhos e perspectiva de público?

Silva:
 Como o nome diz, é o primeiro congresso e ele chega também com a ideia de contribuir para o repensar dos eventos da Abrasco, no sentido de fortalecer os debates e as reflexões, melhorando os espaços e tempos de convidados e participantes nos eventos. A seleção de trabalhos valorizou teses e pesquisas realizadas sobre o tema nos últimos quatro anos e, associada à pesquisa pré-congresso que a comissão fez nos cursos de pós-graduação, traz contribuições importantes para conhecer o desenvolvimento científico e acadêmico sobre o tema.


O congresso está estruturado com diferentes atividades, mas, em todas, há a preocupação de valorizar e priorizar os debates e as reflexões, como mesas de debate, simpósios e outras atividades com suas especificidades, como, por exemplo, os colóquios - com textos que serão debatidos -, seminários de experiências exitosas e a apresentação de teses e oficinas para convidados que discutirão diferentes temas. O importante é que o evento, ao final, também produzirá um documento relativo ao tema, que estimulará repercussões e desdobramentos.


No que se refere às inscrições, o número foi além do esperado: 1.760 pelo site, além de 946 trabalhos que também ultrapassaram em muito as expectativas iniciais. Esses trabalhos foram selecionados por uma Comissão de Avaliação, que incluiu em suas atividades decisões finais tomadas em uma reunião presencial, minimizando o efeito de avaliações por diferentes pareceristas, que nem sempre têm a oportunidade de trocar suas impressões com os outros.


Que temas destaca dentre toda a programação desta primeira edição?

Silva: Há uma riqueza de temas e de participantes, mas alguns podem ser lembrados aqui como:

1) A expectativa da participação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, na abertura, e a eventual presença dos principais candidatos à Presidência da República;

2) O presidente da Abrasco, Luiz Facchini, vai mediar uma mesa com os coordenadores dos programas de saúde dos candidatos à Presidência;

3) A solenidade de implantação do Fórum de Graduação em Saúde Coletiva da Abrasco (que é uma das propostas da nova Diretoria da Associação);

4) A reunião com os coordenadores e/ou representantes dos GTs/Comissões/Fórum da Abrasco que pretende debater e pensar um encontro específico para juntar todos os membros desses GTs/Comissões/Fórum (outra atividade, que também é um compromisso desta diretoria);

5) A presença de Carmen Nevarez que abordará a reforma Obama, contará com a participação de Ligia Bahia, vice-presidente da Abrasco, além de vários convidados internacionais da América Latina, que trarão para o debate as questões e políticas de saúde dos países vizinhos;

6) Ligia Bahia também coordenará uma mesa sobre a questão do público e privado na saúde e na vida cotidiana.


Como a Abrasco vê a importância da contribuição da Ensp/Fiocruz ao congresso?

Silva:
 A Ensp é uma parceira importante e tem participação significativa neste congresso. Como aluno de doutorado da Escola, percebi, conversando com alguns colegas, que duas teses daqui foram aprovadas para apresentação oral no evento. Essa é uma forma de contribuição importante - levar ao congresso a produção da formação que a Ensp dá nessa área, além de participar das atividades do congresso por intermédio de pesquisadores e docentes, incluindo o diretor da Escola, Antônio Ivo, levando sua experiência para o debate em duas atividades. Vale assinalar que a Direção da Ensp contribuiu também com o financiamento para a ida de representantes da Escola ao congresso, e a Coordenação de Pós-Graduação também estará subsidiando a ida de doutorandos e mestrandos da Escola.


A Abrasco prevê alguma homenagem especial nesta edição?

Silva:
 Sim, estão programadas diversas homenagens a expoentes e profissionais que se destacaram ou destacam na área de saúde coletiva. Enfatizo particularmente o ato de desagravo para o fim das ações judiciais contra Gastão Wagner.


O senhor assumiu a Secretaria Executiva da Abrasco este ano. Que desafios está encontrando à frente da associação e, principalmente, na organização deste primeiro congresso? E quais são os projetos futuros para a Abrasco?

Silva:
 São muitos os desafios, mas todos instigantes e motivadores para aceitar essa nova identidade profissional. Fui bem recebido pela equipe que trabalha na Secretaria com afinco, em especial por Margareth Pessanha, secretária executiva adjunta, que tem experiência importante e tem colaborado muito no desafio de dar continuidade ao trabalho de Álvaro Matida e na tarefa de contribuir para as renovações que podem ser necessárias, apoiando e subsidiando as decisões da Diretoria da Abrasco. Dentre elas está a aproximação e integração dos GTs/Comissões/Fóruns da Abrasco por uma atuação mais integral e menos federativa e departamentalizada, como se fossem pequenas caixas que atuam isoladamente.


Criar novas estratégias de integração, fortalecer uma rede direta entre eles usando a internet, com ferramentas como o Twitter (www.twitter.com/abrasco). Temos buscado apoio para isso com Juana Portugal, nossa jornalista. Vamos criar um boletim virtual que se dirija apenas aos membros dos GTs/Comissões/Fóruns, revisar o formato da página da Abrasco, que precisa se atualizar, ser mais dinâmica e convidativa para quem a visita. Cabe destacar que estamos numa nova sede da Secretaria-Executiva, que agora nos permite abrigar reuniões e receber convidados nacionais e internacionais.


Nas reuniões de Diretoria da Abrasco, têm surgido muitas propostas, e como os encontros agora são itinerantes, a interlocução com a comunidade de saúde coletiva tem sido facilitada. Durante a organização do Congresso de Políticas, por exemplo, uma das reuniões ocorreu em Salvador, no Instituto de Saúde Coletiva da UFBa e numa sala do Centro de Convenções, onde a Sesab e o Ministério da Saúde realizavam um evento sobre Atenção Primária. A reunião deste mês foi no Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ e foi prestigiada pelo reitor da UFRJ, Aluisio Teixeira, e pelo diretor do Iesc, Roberto Medronho. A Faculdade de Saúde Pública da USP e a própria Ensp também foram sedes desses encontros este ano.


Outra meta é revisar os modelos de evento da Abrasco, lançando mão de novas tecnologias que permitam facilitar os processos de preparação e de discussão ou que, de um modo ou de outro, facilitem e garantam os debates e a reflexão. Os eventos que aproximam a comunidade de saúde coletiva precisam ter essa preocupação.


Dar apoio aos diferentes GTs/Comissões/Fóruns no desenvolvimento de projetos relacionados aos seus temas é outro desafio que nos coloca em diversas frentes, assim como contribuir no projeto da diretoria de repensar a produção de periódicos pela Abrasco, como a revista Ciência e Saúde Coletiva e a Revista Brasileira de Epidemiologia. Enfim, são esses planos que nos ajudam a querer enfrentar os desafios, e a diretoria, como um todo, tem me dado apoio para seguir em frente.


Publicado em 20/8/2010.

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