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24/09/2007

'Se a Faperj quer ser grande, não pode prescindir de uma parceria sólida com a Fiocruz'


O diretor-presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Ruy Marques, esteve na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz para apresentar as principais iniciativas do início de sua gestão e ainda as perspectivas e as metas para os próximos quatro anos da instituição, que passou a contar com os recursos resultantes da dotação orçamentária de 2% da arrecadação tributária líquida do Estado do Rio de Janeiro. Além de vários outros pontos, o diretor-presidente da Faperj comentou algumas informações sobre os novos editais, como o de apoio às universidades estaduais; o de apoio às instituições de ensino e pesquisa sediados no estado; o de infra-estrutura para biotérios de pequeno e médio portes; e de bolsas para treinamento e capacitação técnica. Outros editais encontram-se em fase de elaboração e têm anúncio previsto para breve. Marques destacou: “Se a Faperj quer ser grande, não pode prescindir de uma parceria sólida com a Fiocruz”. Após a palestra, Marques concedeu a seguinte entrevista ao Informe Ensp.


 Marques quer aumentar a credibilidade da Faperj junto aos pesquisadores (Foto: Virginia Damas)

Marques quer aumentar a credibilidade da Faperj junto aos pesquisadores (Foto: Virginia Damas)


Quais os principais problemas encontrados nestes primeiros meses de sua gestão?

Ruy Marques:
Existiam muitos projetos de vários anos, desde 2001, que já haviam sido julgados em primeira instância e estavam parados. Revimos todos esses projetos e processos e estamos pagando todos os que têm débito desde essa época, como o auxílio à pesquisa, à organização de eventos, eventos esses já realizados e que são cobrados pelos pesquisadores, entre outros. Em todas as modalidades existiam débitos. Procuramos ver todos os projetos atrasados; revisamos todos eles e agora estamos quase em dia. Mas, recentemente, todos os projetos de 2006 que deram entrada no balcão, no nosso fluxo contínuo, também não tinham sido julgados quando assumi. Foram julgados em maio e nós estamos começando a pagá-los. O grande problema é que encontramos muitas coisas por pagar e por avaliar. Estamos fazendo agora essa avaliação, ou reavaliação e pagamento. Além disso, pesquisadores que tiveram seus projetos indeferidos, não foram sequer avisados da decisão da Faperj em não financiá-los. Isso não acontecia, pelo menos sistematicamente.


O que muda a partir do início da sua gestão?

Marques:
Vamos procurar ser mais ágeis na avaliação dos projetos. Desde o início do ano as novas solicitações e avaliações são feitas online, a partir do sistema que chamamos inFaperj, que pode ser acessado na primeira página do site da Faperj. Isso favorece a agilidade e dá transparências aos processos. Uma situação muito oportuna foi a liberação de uma quantia substancial pelo governo do estado do Rio de Janeiro, a partir deste ano. A Faperj passou a ter a receita vinculada a 2% da arrecadação tributária líquida do Estado do Rio, deduzidas as transferências e vinculações constitucionais e legais. Com esse aporte, a Faperj vai receber um incremento real da ordem de R$ 50 milhões. Com esse dinheiro, dá para realizarmos muitas coisas. Para o exercício de 2007, levando-se em consideração a receita prevista, estima-se um valor aproximado de R$ 198 milhões de recursos provenientes do tesouro do estado e de R$ 25 milhões provenientes de convênios. Mas, também, não adianta receber um incremento de R$ 50 milhões e conseguirmos alcançar a cifra de R$ 223 milhões anuais, se esse dinheiro não for liberado com fluxos contínuos, pois a cada mês eu tenho que liberar R$ 10, R$ 20 milhões. Não adianta liberar R$ 200 milhões em novembro ou dezembro, porque eu não vou conseguir gastar e nem atender aos compromissos da Faperj.


Quais são as suas prioridades para este primeiro ano de gestão?

Marques:
O primeiro passo é aumentar a credibilidade da Faperj junto à comunidade científica, quitando dívidas de exercícios anteriores, ganhando agilidade no julgamento dos projetos e incrementando a comunicação aos pesquisadores acerca das deliberações sobre os seus projetos. Também precisamos trabalhar pela redução da evasão de cérebros, estimular o financiamento para recém-doutores, propiciando a sua fixação em instituição de ensino e pesquisa, ou em empresa pública ou privada, e apoiar, substancialmente, a pós-graduação com bolsas, infra-estrutura e editoração. Ao longo da gestão, também pretendemos estimular a iniciação científica e tecnológica, e a pré-iniciação científica e tecnológica (jovens talentos); ampliar a divulgação e a discussão do conhecimento gerado com o apoio da Faperj; e difundir e popularizar a ciência e tecnologia no Estado do Rio de Janeiro. Também pretendemos lançar mais editais de interesse real para a comunidade científica do estado, sem descuidar da pesquisa básica, que é indispensável, e estabelecer parcerias com instituições estatais e privadas sediadas no estado.


A Fiocruz demanda poucos recursos da Faperj. Como o senhor acredita que essa situação será mudada?

Marques:
Muito disso é devido a falta de credibilidade da Faperj em pagar os seus compromissos. Se o pesquisador entra com uma solicitação na Faperj, ele espera um ano, dois anos e não tem sequer uma resposta, ele começa a desacreditar da instituição. Esse é um lado da questão. O outro lado é que a Fiocruz é um caso à parte. Entre quase todas as demais instituições de ensino e pesquisa do estado, a Fiocruz tem um orçamento fantástico e ela mesma pode realizar o fomento à pesquisa. Lógico que tem de haver um balanço nisso. Uma situação que me deixou bastante esperançoso é a possibilidade da Faperj desenvolver reais parcerias com a Fiocruz no sentido de, até, lançar editais de interesses mútuos, numa proporção de um para um: a Faperj investe um e a Fiocruz investe outro. Isso são possibilidades bastante reais que surgiram durante o debate realizado na Ensp.


Quais são as estratégias pensadas para apoiar o desenvolvimento de tecnologias aplicadas e manter o apoio à pesquisa de bancada?

Marques:
Do ponto de vista da inovação tecnológica, temos o programa Rio Inovação 2007, com recursos da Faperj e da Finep, da ordem de R$ 30 milhões para serem disponibilizados em dois anos. É um edital especificamente voltado para isso. Nosso diretor de tecnologia, o professor Rex Nazareth Alves, vem trabalhando com muito afinco para identificar as áreas potencialmente mais importantes, antes de lançar esse edital.


O que o senhor achou da reunião com os pesquisadores da Fiocruz?

Marques:
Eu gostei muito de vir à Fiocruz, pois ela está entre as mais importantes instituições de pesquisa e ensino do Estado do Rio de Janeiro. Se a Faperj quer ser grande, não pode prescindir de uma parceria sólida com a Fundação. Temos de tentar intensificar, estimular e conseguir, efetivamente, uma parceria que seja de interesse tanto para os pesquisadores da Fiocruz, quanto para os interesses do Estado do Rio de Janeiro.


Fonte: Informe Ensp

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