27/01/2020
A segunda expedição do projeto Fioantar chegou à Antártica no último dia 17 de janeiro. Hospedado no Navio Polar Almirante Maximiano, o grupo de pesquisadoras está realizando coletas de solo, água, fezes e carcaças na Estação Antártica Comandante Ferraz, na Ilha Rei George, e em locais próximos.
Expectativa da equipe é conseguir aperfeiçoar as metodologias para que possamos ganhar eficiência nas coletas (foto: Peter Ilicciev)
“Nessa segunda fase, a expectativa da equipe é conseguir aperfeiçoar as metodologias para que possamos ganhar eficiência nas coletas, fechar protocolos de trabalho, integrar a equipe e aprimorar a escolha dos locais de coleta em função dos objetivos das nossas pesquisas”, afirmou Márcia Chame, chefe do laboratório de Paleoparasitologia da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e coordenadora do Sistema de Informação de Saúde Silvestre (Siss-Geo).
Início da jornada
A adaptabilidade é uma das características mais importantes para as expedições científicas que envolvem trabalho de campo. “Nós planejamos, mas precisamos muitas vezes nos adequar às condições meteorológicas, por exemplo. São circunstâncias que não estão no nosso controle e precisamos reformular as nossas ações para poder otimizar e aproveitar as oportunidades da melhor forma possível”, explicou Márcia.
O grupo do Fioantar embarcou no Rio de Janeiro e, após viajar por oito horas e meia abordo de um avião C-130 da Força Aérea Brasileira, chegou a Punta Arenas, no Chile. A cidade é o local de partida da travessia do estreito de Drake, local considerado de alto risco por conta das difíceis condições meteorológicas. Para continuar viagem em segurança foi necessário esperar pelas condições ideais.
O grupo aproveitou a pausa fortuita para visitar o Museu Náutico Nau Vitória, onde estão expostas réplicas em tamanho natural dos navios de Fernão de Magalhães e Charles Darwin. “Tivemos a oportunidade de ver as condições em que um pesquisador do porte de Charles Darwin trabalhava. A gente pensa que é um navio grande, mas na verdade é bastante pequeno”, destacou Márcia. “A viagem no Beagle proporcionou a Darwin a oportunidade de fazer a coleta de plantas, animais, insetos, fungos e outros materiais, além de observar a natureza e suas diferenças nos diferentes locais. A coleção e permitiu que sintetizasse as provas para formular a Teoria da Evolução das Espécies, revolucionando o mundo a partir do século 19 e abrindo novas frentes para a pesquisa na biologia”, explica.
A viagem do Beagle
Darwin partiu da Inglaterra no dia 27 de dezembro de 1831, atravessou o Atlântico e desceu a América do Sul até chegar ao que conhecemos hoje como Canal de Beagle, na Patagônia. Depois subiu a costa do Pacífico até chegar às Ilhas Galápagos. A expedição planejada para durar um ano terminou estendendo-se por quase cinco. “Darwin escreveu um diário de bordo e foi publicado em português. Recomendo sua leitura! Através de suas anotações podemos compreender a natureza de uma forma bastante interessante, além de conhecer os desafios que ele superou”, enfatiza Márcia.